A Doutrina Católica, a vida dos Santos, o Itinerário Espiritual do Cristão, me fascinam. Leio tudo incansavelmente e trago para o Blog. Que ele sirva de formação para perseverarmos na verdade da fé, defendendo-nos contra as astúcias do inimigo, para a Glória de Nosso Senhor.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Filhos são Bençãos
Filhos. Que eles são bençãos eu sei, as Sagradas Escrituras nos mostram como tal, e vivo esta benção em meu lar, já que o Senhor me deu dois filhos maravilhosos e que só fazem minha vida e a do meu esposo ter sentido. Somos uma família que se ama, que se ajuda e que quer caminhar neste mundo buscando corretamente o caminho santo de estar e viver em Deus e para Deus.
Muitos casais não se realizam dentro do matrimônio, por buscar a felicidade – porque no fundo é isso que todos buscamos – onde ela não está, e quando dão demasiada importância a coisas que não são prioridades, e por isso muitas vezes se frustram na caminhada. Infelizmente, quantos de nós pouca ou nenhuma formação tivemos antes de nosso matrimônio, este que constitui uma linda vocação e que precisa de preparo para vive-lo bem diante de Deus. Para formar um padre leva-se anos, para formar um casal, leva-se dois, três encontros? Muitos casais erram, deixam de ter a plenitude da felicidade, por simples desconhecimento do que Deus propôs a eles.
É possível excluir de nossas vidas algo que é natural, que é um grande bem, que traz felicidade, porque fomos ensinados, que é mal, aquilo que na realidade é um bem? Sim, digo que sim. Tudo porque temos tido professores ruins: o mundo, a Tv, as revistas, os maus livros e ainda as pessoas mal formadas. São tantas fontes falsas, com tamanho poder de persuasão, que soa aos nossos ouvidos, como se falassem a verdade. O que acontece é que aquele velho ditado: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura - continua valendo, sobretudo em relação ao matrimônio.
Toda pessoa que se casa, deve pelo menos ter ouvido que a fidelidade, a indissolubilidade e os filhos fazem parte, ou, são os bens que envolvem este sacramento. Sim, são bens e eles devem ser aceitos pelos cônjuges para que seja lícito este casamento. Portanto, diante de Deus, prometeram ser fieis em todas as circunstâncias, que seriam fieis até o fim - (e não eterno enquanto dure - frase infeliz esta...) -, e que precisam aceitar os filhos que o Senhor mandar. Perfeito! Acontece que muitos ou se esquecem deste juramento ou acham que a responsabilidade é grande demais. Mas pergunto eu: que bem neste mundo não envolve responsabilidade e obrigações? Você já viu alguém rejeitar uma casa, pelo fato de que tem que pagar o IPTU, agua, luz, mante-la limpa e conservada? Pois então, é um bem que todos queremos e lutamos para ter, mesmo com as obrigações.
Então porque se foge dos três bens do matrimônio quando se pensa nas obrigações que eles implicam, se são exatamente eles que trarão a felicidade e a boa convivência, que tanto desejamos enquanto namorávamos e noivávamos?
Nascemos para a amar e ser correspondidos no amor. Temos esta vida para aprendermos a amar a Deus e aos homens. Somente seremos plenamente felizes se tudo fizermos para termos estes bens e se preciso for sofrermos para consegui-los. Se fizermos uma analise dentro de nós, descobriremos que é isto que buscamos, uma família unida, amorosa, fiel, com esposos que crescem a cada dia no respeito, na confiança, na entrega de si mesmo, no caráter e na dignidade. Sermos capazes de amar e servir é tudo que nos fará felizes, e sendo felizes, faremos os outros felizes, e como famílias felizes e ajustadas no amor, teremos filhos felizes e uma sociedade feliz. Utopia? Não! desejo de Deus para nós, quando nos derrama as graças sacramentais, pois são elas que nos dão forças e sabedoria para buscar este amor e esta família tal a família de Nazaré. ”A graça deste sacramento destina-se a aperfeiçoar o amor dos conjuges e a fortalecer a sua unidade indissolúvel ”(Lg 11).
O que os casais devem reaprender hoje é que precisam desejar a fidelidade, tanto entre eles como para com os filhos. E os pais precisam viver assim e ensinar aos filhos para que uma nova geração possa nascer.
Muitos não querem mais filhos para não privarem o que já tem de coisas consideradas boas para ele, sendo que uma família com mais filhos, se for regida no amor, na partilha, no respeito, só tende a ser uma familia maravilhosa, onde ninguém é peso para ninguém, muito pelo contrário, a união gerada entre os membros, diminui a carga de todos.
O Papa João Paulo em sua homilia de II de 7 de outubro de 1979 disse: “É sem dúvida menos grave negar aos filhos determinadas vantagens materias e comodidades do que priva-los da presença dos irmãos, que poderiam ajuda-los a crescer em humanidade e a compreender a beleza da vida em todas as suas idades e em toda a sua variedade"
Vocês já ouviram dizer que quando Deus manda um bebê, manda um cheque junto com ele? Pois é fato que sempre conseguiremos cuidar de nossos filhos dignamente, se de fato, acreditamos que Deus cuida de nós e não nos desampara nunca. E Ele não desampara!
O padre Cormac Burke, em seu livro” Amor e casamento”, nos conta que em suas viagens sempre ouve coisas interessantes , um dia ouviu de um queniano, quando este soube que no ocidente a porcentagem de filhos é de 1,2 por família: - “Os casais do ocidente devem ser muito pobres, se não tem condições de criar mais de 2 filhos…”, o Padre diz que conhece uma família Africana com 18 filhos e nenhum carro e uma americana com 18 carros e nenhum filho, ele diz não ter dúvida que a família africana é somente 18 vezes mais feliz que a americana.
Infelizmente estamos sendo enganados pela mentalidade do ter, do prazer egoísta, da vaidade, e em consequência está se criando uma geração de pessoas solitárias, vazias, que não veem sentido na vida, simplesmente pelo fato de que não aprenderam a dividir, a se relacionar, e em ultimo caso, a amar.
Nasceu em nossa sociedade uma"mentalidade contraceptiva", onde passamos a acreditar que temos que ter poucos filhos, que a vida está dificil, que não temos temos para a família. Participamos de uma concorrência cruel, competição em todos os campos. Somos muitos individualistas e se formos honestos suficientes, muitos não querer doar-se, gastar a vida para gerar outros. Esta ideologia social de pseudoliberdade leva o indivíduo a agir sobretudo segundo os seus próprios prazeres, os seus interesses e a sua utilidade. O compromisso assumido em relação ao cônjuge adquire uma conotação de simples contrato que pode ser revisto de modo indefinido; a palavra dada só tem um valor limitado no tempo; não se responde pelos atos pessoais,
O que não se percebeu ainda é que estão se privando de um bem magnífico quando fala em limitar o número de filhos. É certo que existe casais que por razões de saúde, econômicas, precisam recorrer a um planejamento natural e muitas vezes o fazem com pesar. O que acontece, é que muitos se privam deste bem, achando que estão fazendo bem a si mesmos.
Desde quando bens materiais trazem felicidade? eles definitivamente não mantem um casal unido, os filhos sim, se forem gerados no amor e para o amor. Quando os temos, nos unimos por eles, trabalhamos para eles, queremos que façam parte das conversas e resoluções conosco. Ao envelhecermos não estaremos sós, pois nossos filhos nos ajudarão, serão nossas alegrias e nos darão, com certeza, o maravilhoso sentimento do dever cumprido.
Não precisamos de auto-afirmação, precisamos de auto perpetuação, para isso Deus nos criou. Queiramos os filhos que Ele quer que tenhamos, para sermos de fato, felizes nesta vida e na outra. Existe um único mandamento de Deus que vem acompanhado de uma promessa de benção, para aqueles que o cumprem, - este foi feito aos filhos. Honrar os pais significa, portanto ama-los e obedecer-lhes como é devido, provendo ao seu cuidado todo tipo de ajudas espirituais e materiais, quando a idade e situação assim o requeiram.
“«Visto que os pais deram a vida aos filhos, têm a gravÍssima obrigação de educar a prole, e, portanto, há que reconhecê~los como os primeiros e principais educadores dos seus filhos. Este dever da educação familiar é de tanta transcendência, que, quando falta, dificilmente pode suprido. É, pois, dever dos pais criar um ambiente de família animado pelo amor, pela piedade para com Deus e para com os homens, que favoreça a educação Íntegra, pessoal e social dos filhos ( .. ). Na família cristã, enriquecida com a graça e os deveres do sacramento do matrimónio, importa que os filhos aprendam desde os primeiros anos a conhecer e adorar a Deus e a amar ao próximo segundo a fé recebida no Baptismo ( .. ). Por meio da família, enfIm, introduzem-se (os filhos) na sociedade civil e no Povo de Deus. Considerem, pois, os pais a importância que tem a família verdadeiramente cristã para a vida e o progresso do mesmo Povo de Deus» (Gravissimum educationis, n. 3).
A família recebe, portanto, imediatamente do Criador a missão e, por isto mesmo, o direito de educar a prole; direito ao qual não pode renunciar por estar inseparavelmente unido a uma gravíssima obrigação; direito que é anterior a qualquer outro direito da sociedade e do Estado e que, por isso mesmo, não pode ser violado por nenhum poder terreno.
"O Doutor Angélico expressa assim a inviolabilidade deste direito: 'O filho é naturalmente algo do pai (. .. ); por isso, é de direiro natural que o filho, antes do uso da razão, esteja sob o cuidado do pai. Seria portanto contrário à justiça natural que a criança, antes do uso da razão, fosse subtraída ao cuidado dos pais, ou se dispusesse dela, de qualquer maneira, contra a vontade dos pais' (Suma Teológica, lI-lI, q.lO, a.12).
E como a obrigação dos pais continua até que a prole esteja em condições de se prover a si mesma, perdura também o mesmo inviolável direito educativo. 'Porque a natureza - ensina o Angélico -, não pretende somente a geração da prole, mas também o seu desenvolvimento e progresso até ao perfeito estado do homem enquanto homem, isto é, o estado de virtude'
(Suma Teológica, UI, Suplemento, q.41, a.1)>> (Divini illius Magistri, nn. 16-17).
"Os pais não devem mandar despoticamente, nem os filhos obedecer quando o mandato seja contrário à lei moral. Os pais, portanto, não podem exigir mais do que o razoável. Assim o adverte o Apóstolo: "Nao exaspereis os vossos filhos» (v. 4). A educação cristã há-de basear-se, pois, na caridade, no carinho e no respeito delicado dos pais pela liberdade dos filhos. "OS pais são os pnncipais educadores dos seus filhos, tanto no aspecto humano como no sobrenatural, e hão-de sentir a responsabilidade dessa missão, que exige deles compreensão, prudência, saber ensinar e, sobretudo, saber amar; e que se preocupem por dar bom exemplo. A imposição autoritária e violenta não é caminho acertado para a educação. O ideal dos pais concretiza-se antes em tornarem-se amigos dos filhos: amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consulta nos problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável» (Cristo que passa, n. 27)
Senhor, fazei-nos bons pais e bons filhos, para tua glória e para nosso bem! Amém.
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