sábado, 6 de agosto de 2011

Quem é Cristo?


Por Tihamer Toth

Cristo e o Homem

O escritor polonês Ferdynand Ossendowski, em suas viagens, observava de preferência a espiritualidade dos orientais. No livro: A Alma do Saara - descreve as impressões experimentadas durante uma excursão pela Argélia e Tunísia. Entre os episódios relatados, há um verdadeiramente desolador. Narra um encontro em terras africanas, de um francês com uma sacerdotisa pagã, que já tinha ouvido falar de Cristo e que incrivelmente acreditava n'Ele. Na sua lingua materna costumava chamar Cristo: Aissa.

Dizia a sacerdotisa: "Aissa não foi apenas profeta, foi também Deus. Quem é apenas um homem, não pode se esquecer completamente de si mesmo por amar aos outros. Só Deus é capaz, Aissa fez isso, portanto é Deus."

Neste momento, o europeu cético interrompeu: "Também existiram outros homens que sacrificaram a vida ou os bens pela felicidades dos irmãos." Respondeu a sacerdotisa:"Existiram, é verdade, mas estes tinham na vida: alegrias, felicidades, moradia, família, honras e fama; Aissa estava sozinho, portanto, tinha que ser Deus". Então a sacerdotisa pede ao cristão francês que lhe conte mais detalhes sobre Cristo: "Ensina-me como posso invocá-lo?" O europeu é obrigado a confessar: "Não posso satisfazer suas aspirações, porque eu também não sei rezar"

Como é triste e desolador esse episódio! Uma pagã pede informações sobre Jesus e um cristão não pode fornecer. Isto não seria tão triste, caso fosse uma exceção. Infelizmente, verificamos como cresce o número de cristãos - pertencentes a Cristo -, que pouco sabem a respeito; não o conhecem, não o amam e pior ainda, não vivem segundo sua santa vontade.

Crer que Jesus é Deus é o pilar que sustenta o edifício da fé, por isso as convicções religiosas devem ser inabaláveis. Com efeito, todas s manifestações religiosas: oração, assistência à Missa, frequência nos Sacramentos, observância dos Mandamentos, vida regrada e caritativa; tudo assenta sobre a fé em Deus e no Seu Filho.

Essa verdade: Cristo é Filho de Deus, é a essência do Cristianismo. Nela se funda toda a fé sobre: a Santíssima Trindade, a Virgem Imaculada, a Igreja, os Novíssimos, os Sete Sacramentos. No centro de todos os dogmas está Cristo, por isso temos o conceito cristão do mundo: cristocêntrico; quem não acredita na divindade de Jesus, não pode ser cristão.

Atualmente, vivemos em um mundo onde as bactérias se multiplicam, não somente nas ruas poluídas, mas também na atmosfera da vida espiritual. O ar das grandes cidades está contaminado, lixo pelas ruas, detritos espalhados pelo vento, cheiro de gasolina. Também a atmosfera da vida intelectual está infectada pelos sofismas filosóficos disseminados pelo mundo, pela lama das orientações anticristãs e pelo gás asfixiante que combate Cristo. Toda a vida atual: as relações sociais, as leituras, os divertimentos, tudo está contaminado. Os vírus que atacam a dignidade humana, a moral e a doutrina de Cristo, estão disseminados por toda a parte. Nenhum cristão está livre deste ar infectado, e é nossa obrigação combate-los.

Por isso, desejo falar sobre Cristo, a fim de que possam vencer as tentações contra a fé e os costumes. Alguns podem pensar: Eu já li o suficiente sobre Jesus! Não é verdade, dentro em breve perceberá como tão pouco os homens sabem acerca de Jesus, inclusive entre cristãos. Evidentemente muitos sabem que nasceu em Belém e morreu no Calvário; mas poucos penetram na riqueza dos ensinamentos divinos.

Conhecer mais Cristo significa ama-lo mais. Desejo que no final desta obra, o leitor exclame: Agora sei o que é ser cristão! Não somente um rótulo que herdei da família por tradição e sim a força que me faz abraçar Cristo.

Também conhecendo melhor Jesus, apreciaremos melhor o Pai, Cristo é o resplendor se sua glória e a expressão de sua substância (Hb 1,3). Ele mesmo disse: "Aquele que me viu, viu também o Pai"(Jo 14,9), embora ninguém possa perfeitamente nesta vida penetrar completamente neste mistério.

No Evangelho, lemos que, quando Jesus foi celebrar a Páscoa em Jerusalém, havia entre os peregrinos, alguns pagãos que buscavam Deus, e dirigindo-se a Filipe disseram: "Senhor, queremos ver Jesus!"(Jo 12,21). Filipe foi ter com André e ambos apresentaram o pedido ao Senhor. Desejamos ver Jesus! Ainda hoje o coração da humanidade formula o mesmo desejo. Quantas tentativas e caminhos inúteis não fizeram para encontrar uma vida tranquila, feliz e digna?

Neste livro vou tentar mostrar Jesus de uma maneira, que você jamais deseje se afastar dele, pois muitos O viram enquanto esteve na terra, porém não O encontraram. Judas conviveu durante três anos com Jesus, mesmo assim o traiu. Os sumos sacerdotes e os escribas viram Jesus, mas ficaram cegados pelo ódio. Pilatos viu e ouviu, depois o entregou aos carrascos. O povo aclamou-o com ramos e na sexta-feira pediu sua morte.

Nós também vemos Jesus, mas O encontramos? Na catequese ensinaram sobre Jesus. Quem é Jesus? O que sabemos sobre Ele? Temos amor por sua pessoa? Talvez descubramos um profundo abismo entre o modo de viver e a doutrina de Cristo.

Cristo! Consolo para quem sofre! Existe alguém que não tenha ainda passado por sofrimentos na vida? Cristo! Reconforto para os pecadores! Há quem nunca tenha cedido às inclinações perversas da natureza corrompida? Cristo! Alívio para o moribundo! Quem de nós poderá fugir da hora suprema? Senhor, tende piedade de mim, pois sou um pecador!

Nos sinos antigos era costume gravar a seguinte inscrição: Chamo os vivos, choro os mortos, sou para-raios. Isto se aplica perfeitamente ao nome Santíssimo de Jesus. Chama todos os vivos para a vida eterna: pequenos e grandes, sábios e ignorantes, pobres e ricos; chora os mortos: resgata a vítima do pecado mortal e conduz para a ressurreição; é para-raios, pois não há tentação infernal que o santo nome de Jesus não possa vencer. Agora, entende a razão da necessidade de conhecer Jesus.

O homem moderno pode viver de acordo com os princípios de Deus?

É indígno pensar que "antes tudo era mais fácil, pois eram outros tempos, com costumes diferentes". Não condiz com a mensagem cristã: deixar-se levar por fantasias, cabe com firmeza sustentar a roda do tempo, fornecendo soluções aos graves problemas do mundo atual, onde a divina Providência nos colocou. Quem deseja se doar inteiramente a Jesus, não resmunga de braços cruzados, mas à luz dos divinos ensinamentos busca a solução dos desafios de um mundo mergulhado em trevas. Não precisamos temer nosso século, afinal, as turbulências também fazem parte da Providência. O homem atual, filho de sua época, pode ser igualmente bom cristão. Moderno não significa seguir modismos, ser arrastado por pensamentos em voga, cabe analisar tudo pelo prisma do Evangelho, recolhendo somente o que é lícito.

É verdade que encontramos poucos valores verdadeiros e muito lixo. Não devemos desanimar, mas procurar o remédio, combatendo o mal com caridade e firmeza. Quem acolhe Cristo é otimista no meio do pessimismo. Entende que o vale de lágrimas nunca se converterá em paraíso; que a tecnologia jamais subsistirá a lei de Deus; que a ciência nunca será perfeita; que as doenças e a morte sempre estarão presentes; que a paz duradoura nunca existirá na terra; que a natureza humana decaída, sempre cometerá os mesmos pecados; que sempre haverá crises políticas e econômicas. Contudo acredita na humanidade, no progresso e no desenvolvimento; trabalha com força total para que o mundo esteja repleto da doutrina de Cristo, e o reino de Deus se estabeleça.

Eis a primeira condição do progresso. Não sabemos como o mundo se apresentará daqui a cem anos, porém trabalharemos sem desânimo. Ao homem pertence trabalhar; a Deus recompensar os nossos esforços. Essa é a posição que o cristão deve adotar neste mundo.

Nunca na história se reuniu tamanha multidão perante o rádio. No dia 12 de fevereiro de 1931, às cinco horas da tarde, o Papa Pio XI falou pela primeira vez diante do microfone da emissora do Vaticano, para transmitir os ensinamentos de Jesus ao mundo inteiro, no sentido literal da palavra." Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo"! Foi essa a primeira frase que se ouviu. No mesmo instante uma emissora misteriosa e inimiga transmitia sinais tentando impedir que o Vigário de Cristo se pronunciasse. Todos sabemos quem desejava confundir as palavras do Papa.(o autor alude aos comunistas)

No jornal de Viena, apareceu a charge que representava o globo terrestre com duas estações de rádio, a do Vaticano e a de Moscou. Embaixo estava escrito: Qual é a mais forte?

Esse é um tema vital da época atual: Quem é mais forte: Cristo ou os inimigos da Igreja? Onde vamos nos alistar: No Catolicismo ou no relativismo?

É questão de honra desfraldar a bandeira, todos devem saber a que partido pertencemos. Conde Estevão Széchenyi escreve: " Ser cristão é inegavelmente grande felicidade e dom magnífico do céu"

Estamos navegando no mar da vida, tremulando o estandarte da fé?

Fonte: Obra de Tihamer Toth - Bispo e escritor húngaro - que dedicou a vida entre os jovens e escreveu dezenas de obras. - Editora Formatto

Depois veremos: Como devemos olhar para Cristo

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