terça-feira, 12 de agosto de 2014

O Cristão e a Esperança.

Por Gustavo Corção.




"O cristão tem a promessa de Deus e espera. Ora, se um pai de família espera a visita dum amigo que tarda, não deverá decerto andar dum lado para outro, à toa, sob pretexto de impaciência e de amizade, nem consentir que os filhos e a mulher fiquem tontos entre o portão e o telefone. Ele deverá 'providenciar todas as coisas' e a esposa deverá trabalhar com paciência e alegria para que o amigo encontre a casa adornada e cada coisa pequenina em seu lugar.

Esperar para o cristão, é providenciar e preparar para o hóspede, é ser vigilante como um soldado, humilde como a dona de casa, confiante como a criança. Anos atrás as crianças tinham um sentido vivo de esperança, porque gostavam muito de brincar de soldado e de dona de casa que recebe visitas, mas o mundo de idéias avançadas e mecanizadas vai perdendo essas duas noções fundamentais, a do soldado e a do hóspede.

A visita hoje é um susto que se prega nos outros; é um aparecer de repente com gritos; é um acidente resolvido por uma guinada na direção de um automóvel. Hoje, por exemplo, há casas em que não se põe mais a toalha na mesa: o hóspede inopinado é conduzido para diante duma frigideire onde se improvisavam uns sanduíches americanos com um pão pedido às pressas pelo telefone.

Os soldados também vão deixando de existir com sua antiga galhardia para dar lugar a uns técnicos eficientes do manejo de certos instrumentos de engenharia. O ludus infantil tenta em vão se apegar a esses tristes modelos de vida, e a Esperança cristã encontra nos corações dos adultos, cada vez mais, a raiz de nossa infância quese calcinada.

Fonte: A descoberta do outro - pag 155 - Gustavo Corção

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