quarta-feira, 6 de maio de 2009

Amor e Sexo - Parte I



Por Dom Rafael Llano Cifuentes

A palavra amor tem um significado polivalente, tão difícil de definir que já houve quem dissesse que amor é o que se sente quando se ama, e, se pergunta o que se sente quando se ama, só é possível responder: amor.

Este círculo vicioso deve-se precisamente à incapacidade de identificar as características que determinam a sua essência. É por isso que se tem escrito tanto acerca dele:

O amor é algo muito complexo e de conteúdo variado e equívoco – afirma Gregorio Maranón -; chama-se amor a muitas coisas que são muito diferentes, ainda que a raiz última seja a mesma”

"Amar é um verbo transitivo - diz o psiquiatra Enrique Rojas- um objeto que vai além de si mesmo, que aponta na direção do bem que procuramos. E o filósofo e matemático Leibnitz: "Amar quer dizer sentir-se inclinado a alegrar-se com bem do outro, com a sua felicidade". E, por fim o conhecido pensador Hegel: "A verdadeira essência do amor consiste em esquecer-se no outro".

Apesar dessa complexidade, podemos mencionar algumas das acepções mais relevantes:

1- Genericamente, a palavra amor designa uma vasta gama de relações interpessoais de afeto e proximidade entre os seres humanos. Fala-se do amor do pai e da mãe pelo filho e vice-versa; do amor por um irmão, por um parente, por um
amigo, etc.

2- Também se usa o termo em relação a entidades coletivas ou comunidades, como a pátria ou a Igreja.

3- De forma eminente, fala-se do amor a Deus e do amor de Deus.

4- A palavra adquire uma conotação muito específica quando se designa a relação de proximidade, afeição e ternura entre dois seres humanos de sexos diferentes, precisamente enquanto seres sexuados.

Quando nos referirmos nestas páginas ao termo amor, fá-Io-emos geralmente para designar esta última acepção, e não, como se faz erroneamente com freqüência, para aludir unicamente ao aspecto sexual.

Sem querer entrar a fundo no aspecto filosófico da questão, poderíamos dizer que a essência do amor de um ser humano por outro consiste na inclinação para ele e na intenção de estar unido a ele. Se a pessoa amada está ausente, produz o desejo; se se encontra presente e é possuída, gera a alegria na esfera psíquica, emocional e o prazer na esfera corporal ou instintiva.

Quando este amor chega à fronteira da sua perfeição, aquele que ama comporta-se a respeito da pessoa amada como o faz consigo próprio: ama essa pessoa não porque lhe provoca alegria ou prazer, mas pelo valor que ela tem em si mesma. Não é um movimento egocêntrico e interesseiro, mas uma entrega sacrificada à realização do ser amado.

Quem ama verdadeiramente busca a união com o amado. Aristóteles cita uma frase de Aristófanes segundo a qual os amantes desejam de dois fazer-se um só, como se o amado estivesse na pessoa que ama e esta naquele.

A consumação do amor consiste em viver na pessoa amada mais do que em si mesmo; a pessoa amada é como um outro eu : vive-se dela e para ela; deseja-se ser transformado nela. É o que poderíamos chamar O êxtase do amor.

Nada melhor do que o amor a Deus para expressar este êxtase transformante. E ninguém melhor do que São João da Cruz para expressá-Io, designando Deus por "Amado" e a alma por "amada"

Ó noite que guiaste!
Ó noite mais amável que a alvorada,
Ó noite que juntaste
Amado com amada,
Amada no Amado transformada.

Aqui percebe-se claramente que o maor se funde com a felicidade. O homem deseja amar porque deseja a felicidade, e deseja a felicidade porque deseja o amor. E Deus é amor! (I Jo 4,8)

Fonte: 270 perguntas e respostas sobre Sexo e Amor - Dom Rafael Cifuentes - Quadrante

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