segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Chesterton



"Na vida é preciso alguma fé, até mesmo para que possamos aprimorá-la e para alcançarmos a satisfação, é preciso sentirmo-nos de alguma forma insatisfeitos com a maneira como as coisas são; e para possuirmos o contentamento e o descontentamento necessários, não nos bastará o equilíbrio óbvio dos estóicos. A mera resignação não possui a gigantesca leveza do prazer, nem a soberba intolerância da dor. Há uma objeção vital a ser feita àquele corriqueiro conselho se suportar a dor e os desapontamentos com um sorriso no rosto. Quem se limita a suportar a dor não se mostra sorridente. Os heróis gregos não são sorridentes, as gárgulas, sim – porque são cristãs*. (*Condutos por onde escorria a água dos telhados nas igrejas góticas, esculpidas em forma de demônios e seres fantásticos)

E quando um cristão está satisfeito, está (em sentido mais exato) extremamente satisfeito; o seu prazer é extremo. Cristo profetizou toda a arquitetura gótica na hora em que algumas pessoas nervosas e respeitáveis (como aquelas que agora protestam contra as pianolas) protestavam contra a gritaria dos desordeiros de Jerusalém. Jesus disse: “Se estivésseis calados, as próprias pedras haveriam de gritar”. Sob o impulso do Seu espírito, levantaram-se, como um coro clamoroso, as fachadas das catedrais medievais, cheias de gárgulas a gritar, de bocas abertas; A profecia se cumpriu: "as próprias pedras gritaram”

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