domingo, 13 de novembro de 2011

Espiritismo e Fé



Segundo o livro do Frei Boaventura Kloppenburg, OFM - Quadrante

Convergências e Divergências

"Há muitas coisas em comum entre catolicismo e espiritismo. Católicos e espíritas concordam em professar que o mundo nao é só matéria; que Deus existe e é eterno, imutavel, imaterial, unico, onipotente, soberanamente justo e bom; que Deus criou o universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais; que os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo e os seres imateriais o mundo invisível dos espíritos; que os valores do espírito são superiores aos da matéria: que o ser humano não é só materia; que temos uma alma de natureza espiritual; que esta alma não morre quando se separa do corpo no momento do desenlace; que depois da morte a nossa alma continua viva e consciente, que a vida depois da morte depende do modo como aproveitamos a vida agora no corpo.

Católicos e espíritas estão de acordo também em afirmar que os falecidos não rompem seus laços com os que ainda vivem nesta terra; que no mundo do além nem todos são iguais; que há espíritos perfeitos que vivem com Deus; que estes espíritos nos podem socorrer e ajudar; que há espíritos imperfeitos e até maus que assim se fizeram por próprio arbítrio; que estes nos podem perturbar e prejudicar.

Católicos e espíritas proclamam e reconhecem a extraordinária figura de Jesus Cristo; que Jesus nos ensinou o caminho do bem e da salvação; que as leis morais do Evangelho são excelentes; que Jesus insistiu principalmente na caridade; que fora da caridade não há salvação; que devemos fazer o bem e fugir do mal; que ha pecados e vícios que devem ser evitados; que os pecados devem ser expiados: que a virtude será premiada depois da morte.

Catolicos e espíritas aceitam outrossim que os espíritos do além podem manifestar-se ou comunicar-se perceptivelmente conosco.

Ambos admitem dois tipos de manifestação dos espíritos: as espontâneas e as provocadas.

Por manifestações espontâneas entendem as que tem a sua origem ou iniciativa no além, como foi, por exemplo, o caso que nos é narrado pelo Evangelho de Sao Lucas (1, 26-38): o anjo Gabriel foi enviado por Deus a Maria de Nazaré para comunicar-lhe que ela seria a mae de Jesus.

Por manifestações provocadas entendem as que tem a sua iniciativa no aquém, como foi, por exemplo, o caso que nos é relatado pelo primeiro livro de Samuel (28,3-1-25); a pedido do rei Saul, a necromante de Endor evoca a alma do falecido Samuel, que então comunica ao rei os castigos divinos.

Mas é neste ponto que começa uma primeira divergência fundamental entre católicos e espíritas:

- os católicos admitem de bom grado as manifestações espontâneas que nos são oferecidas por iniciativa da bondade de Deus, mas consideram divinamente proibidas as manifestações provocadas pelo homem mediante o processo da evocação; e os espíritas transformam precisamente esta evocação dos falecidos em meio principal para as suas novas revelações do além.

O espiritismo se especifica, caracteriza e define por sua pratica das manifestações provocadas das almas ou espíritos dos falecidos, para deles receber mensagens ou algum tipo de ajuda. A evocação dos falecidos constitui a essencia do espiritismo. Sem a evocação não há espiritismo. E a evocação é a fonte pnncipal de seus conhecimentos específicos ou da sua doutrina.

Há ainda uma segunda discordância fundamental entre catolicos e espiritas: a questão da reencarnação. Os católicos creem na unicidade da vida terrestre; e os espíritas anunciam a pluralidade das reencarnações.

Este desacordo tem em si tantas consequencias lógicas, sobretudo no modo de conceber a salvação eterna, que conduz de fato a dois corpos doutrinarios frontalmente discrepantes e opostos entre si de modo irreconciliavel.

Em resumo: apesar das numerosas convergencias entre católicos e espíritas, há duas palavras que marcam a separação e caracterizam o espiritismo: Evocação e Reencarnação

Depois veremos: Como nasceu o Espiritismo

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