quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Católicos são idólatras?



A resposta para esta pergunta é NÃO!

Infelizmente ainda um bom número de pessoas, sobretudo protestantes, nos acusam de adorar imagens. Acusam a Igreja de ensinar a Idolatria e nada fazer para erradica-la de nosso meio.

Neste texto quero mostrar o que ela realmente ensina a respeito. Como toda doutrina revelada por Cristo e deixada a ela para que transmitisse e resguardasse para todo sempre, veremos que a Verdade é muito mais fácil de entender do que imaginam estes que nos acusam.

Primeiro temos que entender quem é Deus e o que Ele revelou de si mesmo: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da mansão do cativeiro".(Ex 20,20). Se temos um Senhor devemos reconhecer que Ele é ao mesmo tempo nosso legislador, e que nos deu a existência e que lha conserva. Ele tem, portanto, direitos sobre nós que somos então, o seu povo, o seu rebanho. Foi Ele que nos "tirou da terra do Egito e do cativeiro", ou seja, nos resgatou do pecado e da condenação eterna e ainda nos deu o Reino de Seu Filho muito amado.

Por conta deste amor gratuíto, devemos nós morrer para o pecado e buscar, com ajuda de Sua graça, o bem para neste mundo fazer sua santa vontade. Não pertencemos mais a nós mesmos, mas ao Senhor que por nós morreu e ressuscitou. Ele é nosso Senhor, e nos resgatou por um preço altíssimo - o seu próprio Sangue. Do mesmo modo que havíamos entregue nossos membros ao serviço da iniqüidade, assim também os entreguemos agora, para servir à justiça, para a nossa santificação.

Quando Deus diz: "Não terás deuses estranhos diante de Mim", implica entendermos que estas palavras encerram em si dois dispositivos: um preceito e uma proibição. Com efeito, quando se afirma: "Não terás deuses estranhos diante de Mim" - declara-se implicitamente: "A Mim adorarás, como o Deus verdadeiro, e não renderás culto a deuses estranhos"

Este mandamento, portanto, preceitua a fé, esperança e caridade. Ora, se de Deus afirmamos que é imóvel, imutável, e sempre igual a Si mesmo, assiste-nos toda a razão para dizermos que é fiel também, sem a menor sombra de injustiça: Daí decorre para nós a obrigação de aceitarmos as Suas palavras, e de crermos plenamente na Sua autoridade. N Ele colocamos nossa esperança e nosso amor, ao ver tanta clemência, tanta onipotência!

Através da segunda cláusula do preceito: "Não terás deuses estranhos diante de Mim" -, vemos Deus condenado explicitamente a idolatria, mesmo que antes já tenha dito: "só a Mim adorarás como Deus", isso para que ficasse bem claro que Ele é único e que não devemos de forma alguma, adorar deuses criados pela nossa própria imaginação. Mas infelizmente muitos poderão cair em pecado contra a fé a esperanca e a caridade: São aqueles que pertencem os que caem em heresia, não crendo as verdades que a Santa Mãe Igreja propõe a crer; os que acreditam em sonhos, agouros, e coisas sumamente supersticiosas; os que desesperam de sua própria salvação, e não confiam na bondade divina; os que se apóiam somente riquezas, saúde, vigor corporal.

Este mandamento de apenas a Deus adorar, não implica que não possamos prestar culto aos Anjos e aos Santos. Podemos e devemos venera-los, honra-los e ainda pedir sua intercessào, já que estão vivos diante de Deus, (Ap 5,8) - as almas bem-aventuradas que já gozam da glória celestial dia e noite louvam, como nos mostra o livro do Apocalípse e estão em eterna oração pela Igreja militante, da qual ainda pertencemos e lutamos para chegar onde eles já chegaram: na face do Deus altíssimo.

É verdade que nos prostramos diante dos anjos e dos santos, a exemplo dos santos varões do Antigo Testamento; todavia, não se trata da mesma veneração que eles tributam a Deus. Se por vezes lemos nas Escrituras que os Anjos se opuseram a que os homens os venerassem, deve entender-se no sentido de não quererem para si aquela veneração que só a Deus compete.

" O mesmo Espírito Santo que disse: Só a Deus honra e glória", também ordenou honrássemos os pais e as pessoas mais velhas. Além disso, como narram as Escrituras, santos varões que adoravam um só Deus, "adoravam os reis", quer dizer, prostravam-se suplicantes diante de sua presença. Ora, se os reis, por quem Deus governa o mundo, são objetos de tão grandes homenagens, muito maiores são as honras que devemos prestar aos espíritos angélicos e as almas bem aventuradas, que Deus quis fossem servidores, tanto mais que esses espíritos bem-aventurados excedem os próprios reis em dignidade. E Deus serve-Se de Seu ministério, para o governo, não só de Sua Igreja, mas também de todas as outras coisas criadas. Pela assistência dos anjos e dos santos, embora invisível aos nossos olhos, somos cotidianamente preservados dos maiores perigos, tanto da alma como do corpo"

O culto e a invocação dos Santos que adormeceram na paz do Senhor, a veneração de suas relíquias e cinzas, longe de diminuírem a glória de Deus, dão-lhe o maior vulto possível, na proporção que animam e reforçam a esperança dos homens, e os induzem a imitarem os Santos. "E quem poderia exigir prova mais cabal e evidente, do que o testemunho das Sagradas Escrituras, quando celebram de maneira admirável os louvores dos Santos? Na verdade, de alguns Santos há encômios de inspiração verdadeiramente divina. Ora, se as Sagradas Escrituras apregoam os seus louvores, por que não deveriam os homens render-lhes, de sua parte, uma honra toda particular?"

Muitos dizem que Deus não precisa de mediadores, mas as Sagradas Escrituras nos mostram muitas vezes Deus fazendo milagres e ouvindo justamente as preces de intercessores, que são, por isso mediadores de intercessão. Parece mesmo e santo Agostinho fala sobre isso, que Deus onipotente, quis e quer precisar de nós na obra de nossa redenção e santificação. É a maneira de tão grande Deus poderoso, que basta a si mesmo, demonstrar sua grande humildade. Veja os exemplos de Abimelec e dos amigos de Jó. Deus perdoou-lhes, só depois que Abraão e Jó intercederam por eles.

Claro e evidente que temos um só mediador na pessoa de Jesus Cristo. Só Ele nos reconciliou com o Pai celestial, por meio do Seu Sangue. Ele entrou uma só vez no Santo dos santos, consumou uma Redenção eterna , e não cessa de interceder por nós. Como nos diz Tanquerey: "Jesus é o Mediador ideal, mediador de religião, como o é de Redenção, que adora o Pai não apenas em seu Nome, mas em nome da humanidade inteira, mais ainda em nome dos anjos. É o sacerdote perfeito que tem livre acesso ao trono de Deus pela sua natureza divina, e se inclina compassivamente para os homens, agora seus irmãos, que Ele, rodeado como está de fraqueza, trata com indulgência. Com Ele e por Ele podemos tributar a Deus as homenagens infinitas a que tem direito; com Ele e por Ele podemos alcançar todas as graças de que precisamos para nós e para nossos irmãos. Quando adoramos é Ele quem adora por nós, quando pedimos socorro, é Ele quem apóia as nossas súplicas, eis o motivo que tudo quanto pedimos ao Pai em Seu nome, nos é liberalmente concedido. Devemos, pois, regozijar-nos de ter um tal Redentor, uma tal Mediador, e depositar n’Ele confiança ilimitada"

"Mas daqui não se pode em absoluto concluir que não seja lícito recorrer à benevolência dos Santos. Se não fora permitido valer-nos dos Santos, porque Jesus Cristo é o nosso único Patrono, o apóstolo nunca cairia no erro de desejar, com tanta instância, que seus irmãos vivos o secundassem com orações diante de Deus.(Rom 15,30 - 2Cor.1,11) Pois, nesse caso, as orações dos vivos não fariam menos quebra à honra e glória de Cristo que a intercessão dos Santos no céu. (A Igreja condenou a proposição: "Nenhuma criatura, nem a Virgem bem-aventurada, nem os santos devem ocupar lugar em nosso coração; pois Deus quer ocupa-lo sózinho"(Papa Inocêncio XI em 1687; cfr DU 12,56)"( Catecismo Romano)

Quando Deus disse - "Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma daquilo que há em cima do céu, nem do que existe embaixo na terra, nem das coisas que existem nas águas, abaixo do nível da terra. Não as adorarás, nem lhes terás veneração", logicamente não pode entender que o preceito proiba simplesmente a arte de pintar, plasmar, e esculpir; pois, nas Sagradas Escrituras, lemos que por ordem de Deus foram feitas imagens de Querubins e a da serpente de bronze. Por conseguinte, só nos resta uma interpretação. Proibiram-se as imagens, para que tais representações, sendo adoradas quase como deuses, não prejudicassem o verdadeiro culto que se deve a Deus.

Quando se presta culto divino a ídolos e imagens; quando se acredita existir nelas uma divindade ou força extraordinária, que as torne dignas de adoração, e às quais se deva fazer alguma súplica; quando se põe toda a confiança em tais representações, como faziam outrora os pagãos, que punham nos ídolos a sua esperança - Estas são práticas que os Sagrados Livros censuram com muita insistência.

E não se pode, de forma alguma, representar, uma forma da Divindade, como se pudessemos expressa-lo: "Quem poderá fazer uma representação de Deus", pergunta São João Damasceno, "pois se Ele não está ao alcance de nossa vista, se não tem corpo, se não cabe nos limites do espaço, se não pode ser representado por nenhuma figura?" Esta doutrina foi amplamente desenvolvida pelo Segundo Concílio de Nicéia.

Com muita agudeza declarou o Apóstolo: "Eles [os pagãos] trocaram a glória de Deus imperecível por imagens ... de voláteis, de quadrúpedes, e de animais répteis". Pois, fazendo deles figuras, veneravam todos esses animais, como se fossem o próprio Deus. Por isso, são chamados idólatras os israelitas que gritavam diante da imagem do bezerro: "Eis aí, Israel, os teus deuses que te salvaram da terra do Egito". Pois "trocaram a sua glória pela imagem de um bezerro que come feno".

Assim se exprimiu nosso Deus e Legislador, para impedir que [os israelitas], iludidos por algum erro, fabricassem uma imagem da Divindade e rendenssem a uma criatura a honra que só a Deus é devida. Mas, nem por isso deve alguém julgar que seja delito contra a Religião e a Lei de Deus, quando uma das pessoas da Santíssima Trindade é representada por meio de certos emblemas, que ocorrem, quer no Antigo, quer no Novo Testamento. Ninguém será tão rude para crer que tal imagem exprima a própria natureza da divindade. Elas apenas simbolizam propriedades e operações, que a Deus são atribuídas.

Quando por exemplo, Daniel descreve o "ancião cheio, de dias", sentado no trono, em cuja presença foram abertos os Livros , quer ele assinalar, com tal expressão, a eternidade de Deus e Sua infinita sabedoria, pelas quais perscruta todas as idéias e ações dos homens, para sobre elas lavrar sentença. Os anjos também são representados com feições humanas e com asas, para que os fiéis compreendam quanto eles são obsequiosos para com o ser humano, e como estão sempre alerta para cumprir as ordens de Nosso Senhor. Todos eles são espíritos servidores, em benefício daqueles que devem herdar a salvação".

A forma de pomba e as línguas semelhantes a fogo, de que falam os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos, são por demais conhecidas, que não se faz mister usar muitas palavras, para dizermos quais atributos assinalam a essência ao Espírito Santo.

Como, porém, Cristo Nosso Senhor, Sua santíssima e puríssima Mãe, e todos os outros Santos, tinham uma fisionomia humana, revestidos que eram da natureza humana: a representação e a veneração de suas imagens, além de não serem proibidas por este Preceito, foram sempre tidas como um indício sagrado e seguro de um coração reconhecido.

Confirmam esta asserção os monumentos dos tempos apostólicos, os concílios ecumênicos, e o consenso unânime que se revela nos escritos de tantos Padres, insignes por sua virtude e erudição.

Portanto é lícito ter imagens dentro da igreja, e prestar-lhe culto e veneração, pois as honras a elas feitas se reportam aos seus protótipos. Mais ainda, até agora, sempre redundou nas maiores bênçãos para os fiéis cristãos. Disso nos convence o que diz São João Damasceno em seu livro sobre as imagens, e também o que estabelece o Sétimo Concílio Ecumênico, que é o Segundo de Nicéia.

Aos ignorantes, que ainda não conhecem a finalidade das imagens, mostra-se que são feitas para ilustrar a história de ambos os Testamentos, para renovar continuamente a sua lembrança, a fim de que a consideração dos mistérios divinos nos incuta maior fervor em adorar e amar o próprio Deus. Afinal, dirá também que a exposição das imagens de Santos, em nossas igrejas, tem por fim incitar-nos à veneração dos próprios Santos, e, pela força do exemplo, levar-nos à perfeita imitação de sua vida e costumes

Entenderam?

Fonte: Catecismo Romano -pags 388 - 398

Um comentário:

  1. "Aos ignorantes, que ainda não conhecem a finalidade das imagens, mostra-se que são feitas para ilustrar a história de ambos os Testamentos, para renovar continuamente a sua lembrança, a fim de que a consideração dos mistérios divinos nos incuta maior fervor em adorar e amar o próprio Deus." EXCELENTE Matéria, gostei especialmente dessa frase. A Paz de Cristo

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