quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

É Razoável Crer?



Por Alfonso Aguiló

"Passei a minha vida inteira tenso como um arco, mas nunca soube para onde apontar e lançar a flecha"- Jean Serment.

Crer em Deus?

- Será que Deus Realmente Existe?

Uma constante na história dos Povos.

A noção da existência de Deus povoa a mente humana desde os tempos mais imemoriais. Aparece com insistencia em todos os lugares e em todas as épocas, mesmo nas civilizações mais arcaicas e isoladas que se tem notícia. Não existe nem um povo nem período algum da história sem religião.

A existencia de Deus foi sempre uma das grandes questões humanas, pois apresenta-se perante o homem com um caráter radicalmente comprometedor. O homem procura uma resposta para os grandes enígmas da condição humana, que não importa a época, surge no mais fundo do coração: O sentido e o fim da nossa vida, o bem e o mal, a origem e a razão de ser da dor, o caminho pra alcançar a verdadeira felicidade, a morte, o juízo, a retribuição depois da morte.

Tudo aponta para o mistério que envolve nossa existencia - as perguntas " de onde vim?" e "para onde vou", rumo àquela força misteriosa que está sempre presente no curso de todos os acontecimentos humanos e que impregna a vida de um íntimo sentido religioso.

Mas, para muitas pessoas, não interessa o que todos os povos fizeram ao longo da história. Não querem fazer a mesma coisa que os outros fizeram no passado.

Não quiz dizer que devamos fazer exatamente as mesmas coisas que os nossos antepassados. As pessoas fazem muito bem em procurar o seu próprio caminho e em ser diferentes dos que as antecederam. O que eu queria dizer é que nunca é supérfluo lançar um olhar sobre a história, ao menos porque isso pode fornecer uma certa perspectiva que sempre projeta luz sobre a vida de cada qual.

Já dizia Aristóteles que, "se a religião é uma constante na história dos povos, não pode ser senão porque pertence à própria essência do homem" Por mais fortes que tenham sido, às vezes, a hostilidade e a influencia secularizante do ambiente, nunca o homem foi totalmente indiferente a questão religiosa. Onde quer que as instituições religiosas tenham sido suprimidas e os fiéis perseguidos de uma maneira ou de outra, as idéias e as obras da religião voltaram a brotar uma e outra vez. As perguntas sobre o sentido da vida, sobre o enígma do mal e da morte, sobre o que acontecerá depois da morte, são perguntas a que nunca se pôde fugir. Deus está na própria origem existencial do homem.

Pode-se atribuir tudo ao acaso?

- Mas não se pode pensar que o Universo inteiro é, simplesmente fruto do acaso?

Desde os tempos mais remotos, o homem interrogou-se com espanto sobre qual seria a explicação para toda essa harmonia que existe na configuração e nas leis do Universo.

"Quando o homem de hoje - comenta José Ramón Ayllón - observa a complexidade e perfeição dos processos bioquímicos no interior de uma célula, ou a dos mais gigantescos fenomenos de movimento e transformação das galáxias; quando assoma ao mundo microfísico e propõe leis que tentam explicar os fenomenos que acontecem em escalas de até um bilionésimo de milímetro; ou quando aprofunda na estrutura em grande escala do Universo até os limites de mais de um bilhão de bilhões de quilometros - contemplando todo esse espetáculo grandioso, cada dia com maior profundidade graças aos avanços da ciencia - torna-se cada vez mais difícil sustentar que tudo obedece a uma evolução misteriosa governada pelo acaso, sem que haja nenhuma inteligencia por trás".

Onde existe um plano, tem de haver alguém que planeja.

E por trás de uma obra tão complexa e de tais proporções, tem de haver um Criador cujo poder e sabedoria transcendem qualquer medida. Pensar que toda a harmonia do Universo e todas as complexas leis da natureza são fruto do acaso seria como pensar que as andanças de Dom Quixote de La mancha, escritas por Cervantes, podem ter aparecido íntegras extraíndo as letras ao acaso de uma gigantesca marmita com uma sopa de letras.

Recorrer a um gigantesco acaso para explicar as maravilhas da natureza é uma explicação demasiado ingenua.

-Mas não é possível também sustentar, como dizem alguns, que o mundo sempre existiu?

Quando vemos um livro, um quadro ou um edifício, pensamos imediatamente que, por trás dessas obras, deve haver, rspectivamente, um escritor, um pintor e um arquiteto.

Assim como a ninguém passa pela cabeça pensar que o Quixote surgiu de um imenso monte de letras que caíram por obra do acaso sobre umas folhas de papel e se ordenaram precisamente dessa forma tão engenhosa, também não se pode dizer que aquele edifício "está ai desde sempre", ou que aquele quadro "se pintou a si mesmo", ou coisas desse tipo.

Não podemos seriamente sustentar que o mundo "se fez sózinho" ou que " se criou a si próprio". É uma incompatibilidade absolutamente evidente.

Fonte: É Razoável crer? - Quadrante

Depois veremos: Tem de haver uma causa Primeira?

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