segunda-feira, 2 de julho de 2012

Nossa Senhora das Graças




 "Ao anunciar Cristo – o Filho do Deus Vivente, "Deus de Deus" e "Luz da Luz", "consubstancial ao Pai" –  confesso ao mesmo tempo, com toda a Igreja, que Ele se tornou um ser humano por obra do Espírito Santo e nasceu de Maria Virgem. O teu nome, Maria, está inseparavelmente ligado ao Seu nome. A tua vocação e o teu Sim pertencem, desde aquele instante, indissoluvelmente, ao mistério da Encarnação.

Junto com toda a Igreja confesso e proclamo que Jesus Cristo é, neste mistério, o único mediador entre Deus e os seres humanos, porquanto a sua Encarnação trouxe a redenção e a justificação aos filhos de Adão sujeitos ao poder do pecado e da morte. Ao mesmo tempo, estou intimamente convencido de que ninguém mais profundamente do que tu, a Mãe do Redentor, foi introduzido neste pujante e avassalador mistério divino, e ninguém é mais do que tu, Maria, capaz de nos introduzir nele da maneira mais fácil e mais clara, a nós que o professamos e dele pessoalmente participamos.

Nesta convicção de fé, vivo eu há muito tempo. Com ela tenho empreendido, desde o início, a minha peregrinação [..] Com a mesma convicção eis-me hoje aqui, para  agora confiar-te a Igreja a ti, nossa Mãe, pois estiveste presente no Cenáculo quando a Igreja, em virtude da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, se anunciou publicamente.

Maria, que és bem-aventurada porque creste (Lc 1, 41), a ti confio o que parece a coisa mais importante no serviço da Igreja neste país: o seu forte testemunho de fé diante da hodierna geração de homens e mulheres deste povo, em vista da crescente secularização e indiferença religiosa que grassa por aí. Oxalá este testemunho fale sempre a linguagem clara do Evangelho e encontre destarte acesso aos corações, sobretudo da geração jovem. Atraia a juventude e entusiasme-a para uma vida conforme ao modelo do "homem novo" e para os diversos serviços na vinha do Senhor.

4. Mãe de Cristo, que rezaste antes da sua Paixão: "Pai... todos devem ser uma só coisa" (Jo 17, 11 e 21), quão ligado está o meu peregrinar através destas terras germânicas, precisamente neste ano, com o premente e humilde anseio pela unidade entre os cristãos, que desde o século XVI estão separados! Poderia alguém desejar, mais intimamente do que tu, que se realizasse o que pediu Cristo no cenáculo da Última Ceia? E se nós mesmos devemos confessar termos sido cúmplices da cisão, mas hoje oramos por uma nova unidade no amor e na verdade, não poderemos então esperar que tu, Mãe de Cristo, ores juntamente connosco? Não poderemos esperar que com esta oração sazone um dia, no tempo oportuno, a dádiva daquela "comunidade do Espírito Santo" (2 Cor 13, 13), que é indispensável "para que o mundo creia" (Jo 17, 21)?

A ti, Mãe, confio o futuro da fé nesta antiga terra cristã; e lembrado das angústias da última, terrível guerra, que rasgou feridas tão profundas particularmente nos povos da Europa, confio a ti a paz no mundo. Quem dera surja entre estes povos nova ordem que se baseie no plena respeito dos direitos de cada nação e de cada pessoa no seio da sua própria nação, ordem genuinamente moral em que possam conviver os povos como sendo uma família, graças à devida paridade de justiça a liberdade.

Eis a prece que te dirijo a ti, Rainha da Paz, Espelho da Justiça eu, – João Paulo II, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro– e deixo-a aqui no teu Santuário das Graças de Altötting, em perpétua memória. Amém.

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