Por Joseph Ratzinger
" A dança não é uma forma de expressão litúrgica. No século III. círculos gnósticos- docetistas tentaram introduzi-la na liturgia cristã. Para eles, a crucificação não passava de aparência: antes da Paixão, Cristo deixara o corpo que jamais assumiu como seu; por isso, em lugar da liturgia da cruz podia entrar a dança, visto que a cruz tinha sido apenas aparência.
As danças cultuais de várias religiões possuem diferentes finalidades - exorcismo, fetiche analógico, êxatese m[istico; nenhuma destas formas corresponde à orientação interior da liturgia do ' sacrifício conforme a palavra'.
É completamente contraditória, na tentativa de tornar a ' liturgia mais atraente', introduzindo nela pantomimas sob a forma de dança - onde é possível, por meio de grupos de dançarinos - que em geral terminam em aplausos. Lá, onde explodem os aplausos para a obra humana na liturgia, estamos diante de um sinal certo de que se perdeu completamente a essência da liturgia e de que ela foi substituída por uma espécie de entretenimento de fundo religioso.
Tal atração não dura muito; no mercado de ofertas para o lazer, que assume cada vez mais do religioso visando despertar a curiosidade do público, a concorrência não possui controle. Existe algo que afaste mais de uma penitência, do que uma dança substituir o ato penitencial?
A liturgia só pode atrair as pessoas se não olhar para si mesma, mas para Deus, e se Lhe permite estar presente e agir. Então, acontece o extraordinário, sem igual, e as pessoas sentem que aqui ocorre algo mais que um simples arranjo de lazer. Nenhum rito cristão conhece a dança"
Fonte: Introdução ao Espírito de Liturgia - pag 164.
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