quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O pudor cristão

Por sua santidade Papa Pio XII


" Bem melhor fariam os educadores da juventude clerical, inculcando-lhe as normas do pudor cristão, que tanto contribui para manter incólume a virgindade, e bem pode chamar-se a prudência da castidade. O pudor adivinha o perigo, obsta a que se afronte, e leva a evitar aquelas mesmas ocasiões de que não se acautelam os menos prudentes. Ao pudor não agradam as palavras torpes ou menos honestas, e aborrece-lhe a mais leve imodéstia. Ele afasta-se da familiaridade suspeita com pessoas do outro sexo, porque enche a alma de profundo respeito pelo corpo, membro de Cristo (cf. l Cor 6, 15), e templo do Espírito Santo (l Cor 6, 19). A alma cristãmente pudica tem horror de qualquer pecado de impureza e retira-se ao primeiro assomo da sedução.

 O pudor sugere ainda aos pais e educadores os termos apropriados para formar, na castidade, a consciência dos jovens. Evidentemente, como lembrávamos há pouco numa alocução, "este pudor não se deve confundir com o silêncio perpétuo que vá até excluir, na formação moral, que se fale com sobriedade e prudência dessas matérias". Contudo, com freqüência demasiada nos nossos dias, certos professores e educadores julgam-se obrigados a iniciar as crianças inocentes nos segredos da geração duma maneira que lhes ofende o pudor. Ora, nesse assunto tem de se observar a justa moderação que exige o pudor.

. Alimenta-se esse do temor de Deus, temor filial baseado numa profunda humildade, o qual inspira horror ao menor pecado. Já o afirmava o nosso predecessor são Clemente I: "Aquele que é casto no seu corpo, não se glorie, pois deve saber que recebeu de outro o dom da continência".

Mas ninguém mostrou melhor que santo Agostinho a importância da humildade cristã para a defesa da virgindade: "Sendo a continência perpétua, e sobretudo a virgindade um grande bem nos santos de Deus, deve-se evitar com o maior cuidado que se corrompa com a soberba... Quanto maior vejo é este bem que eu vejo, mais temo que a soberba o roube. Esse bem virginal ninguém o conserva senão o próprio Deus que o deu: e 'Deus é caridade' (1 Jo 4, 8). Portanto, a guardiã da virgindade é a caridade; e a morada dessa guardiã é a humildade".

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