sábado, 25 de junho de 2011

Cristãos devem ter coragem de falar da Vida Eterna


Por sua Santidade Bento XVI

"A obediência a Deus tem a primazia" e torna o homem verdadeiramente livre, inclusive para opor-se à ditadura do conformismo. Recordo as palavras de São Pedro no sinédrio, que afirmou: "Deve obedecer-se antes a Deus do que aos homens. E preciso sublinhar que a obediência a Deus dá a Pedro a liberdade de opor-se à suprema instituição religiosa.

Pelo contrário, nos tempos modernos, teorizou-se a libertação do homem, também da obediência a Deus: o homem seria livre, autônomo e nada mais. Mas esta autonomia é uma mentira, uma mentira ontológica, porque o homem não existe para si mesmo e por si mesmo; é uma mentira política e prática, porque a colaboração e a partilha das liberdades são necessárias e, se Deus não existe, se Deus não é uma instância acessível ao homem, permanece como suprema instância somente o consenso da maioria.

Depois o consenso da maioria, torna-se a última palavra à qual devemos obedecer, e este consenso - sabemo-lo da historia do século passado - pode ser também um consenso no mal. Assim, vemos que a chamada autonomia não liberta o homem. As ditaduras estiveram sempre contra esta obediência a Deus. A ditadura nazista, assim como aquela marxista, não podem aceitar um Deus acima do poder ideológico e a liberdade dos mártires que reconhecem Deus... é sempre o ato da libertação, no qual chega a liberdade de Cristo a nós.

Hoje, no entanto, existem formas sutis de ditadura: Um conformismo pelo qual se torna obrigatório pensar como pensam todos, agir como agem todos, e a sutil agressão contra a Igreja, ou também menos sutil, mostram como este conformismo pode realmente ser uma verdadeira ditadura. Para os cristãos, obedecer antes a Deus do que aos homens supõe que se conheça verdadeiramente a Deus e querer verdadeiramente obedecer.

Nós, muitas vezes, temos um pouco de medo de falar da vida eterna. Falamos das coisas que são úteis para o mundo, mostramos que o cristianismo ajuda também a melhorar o mundo, mas que a sua meta seja a vida eterna e que da meta venham depois os critérios da vida, não ousamos dizê-lo. Então devemos, pelo contrário, ter a coragem, a alegria, a grande esperança de que a vida eterna existe, que é a vida verdadeira e que desta vida verdadeira vem a luz que ilumina também este mundo.

Nesta perspectiva , "a penitência é uma graça, graça que nós reconheçamos o nosso pecado, que reconheçamos que precisamos de renovação, de mudança, de uma transformação do nosso ser. Devo dizer que nós, cristãos, também nos últimos tempos, muitas vezes evitamos a palavra penitência, que nos parece dura demais. Agora, sob os ataques do mundo que nos falam dos nossos pecados, vemos que poder fazer penitência é graça e vemos como é necessário fazer penitência, isto é, reconhecer aquilo que está errado na nossa vida. Abrir-se ao perdão, preparar-se para o perdão, deixar-se transformar. A dor da penitência, isto é, da purificação e da transformação, esta dor é graça, porque é renovação, é obra da Misericórdia divina".

( Papa Bento na Missa para os membros da Pontifícia Comissão Bíblica)

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