sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Subiu aos céus, está sentado... à mão direita de Deus Pai Todo Poderoso .


Catecismo Romano

Ao contemplar, cheio do Espírito de Deus, a bem-aventurada Ascensão de Nosso Senhor, o profeta David exorta o mundo inteiro a celebrar o Seu triunfo, em transportes de alegria e satisfação. "Nações todas, diz ele, batei palmas, louvai a Deus em cantos de alegria! Subiu Deus no meio de aclamações"

Cristo subiu

1. Como homem

Os fieis devem crer, sem a menor dúvida, que Jesus Cristo, depois de consumar o misterio de nossa Redenção, subiu aos céus enquanto Homem, com corpo e alma; enquanto Deus, nunca de lá se ausentou, pois que enche todos os lugares com Sua Divindade.

2 - Por conta própria

Cristo não foi arrebatado por uma força estranha, mas subiu por conta própria. Nâo foi como Elias que foi levado ao céu num carro de fogo, nem como Habacuc ou o diácono Filipe que, transportados através dos ares por uma virtude divina venceram as distancias de terras longínquas.

Como Deus e como Homem

Entretanto, não subiu aos céus só pela virtude de Sua onipotencia, mas também em Sua condição de Homem. Isto nao podia acontecer por força da natureza; mas, pela virtude de que estava munida, podia a gloriosa Alma de Cristo mover o corpo a seu grado. Tendo ja a posse da glória, o Corpo obedecia, sem dificuldade, a direção que a alma que lhe dava, em seus movimentos. Desta maneira é que acreditamos ter Cristo subido aos céus, por virtude própria, como Deus e como Homem.

Está sentado a direita de Deus Pai

Para maior facilidade de compreensão, atribuímos a Deus afetos e membros humanos, apesar de não podermos imaginar nada de corpóreo em Deus, porque é [puro] espírito. Mas, como nas relações sociais julgamos dar maior honra a quem colocamos à nossa direita, assim aplicamos também o mesmo princípio as coisas do céu. Confessamos que Cristo está a direita do Pai, para exprimir a glória que, como Homem, alcançou acima de todas as criaturas. O "estar sentado" nao exprime aqui uma postura de corpo, mas põe em evidencia a posse segura e inabalável do regio poder e da gloria infinita, que [Cristo] recebeu de Seu Pai.

Disso fala o Apostolo: "Ressuscitou-O da morte, e colocou-O a Sua direita no céu, acima de todos os principados e potestades, virtudes e dominações, e de todas as dignidades que possa haver não só neste mundo, mas também no mundo futuro. Pos-Lhe aos pes todas as coisas" - Ef 1,20ss

Destas palavras inferimos que tal glória é tão própria e particular de Nosso Senhor, que não pode convir a nenhuma outra natureza criada. Eis porque o Apostolo declara em outro lugar: "A qual dos Anjos disse jamais: Senta-te a Minha direita? - Hb 1,13 . Será preciso antes de tudo observar que todos os outros mistérios se referem Ascensão como a um ponto final, que resume a perfeição e consumação de todos. Com efeito, assim como pela Encarnação do Senhor começam todos os misterios de nossa Religiao, assim tambem pela Ascensao e que termina a peregrinação de Cristo neste mundo. Confessar que Cristo subiu aos céus, e está sentado à direita de Deus Pai não existe expressao mais sublime e grandiosa, para nos dar uma ideia de Sua glória suprema e divina majestade.

Razões do porque Cristo subiu aos céus

a) Dar ao corpo uma morada gloriosa: Antes de tudo, subiu aos céus, porque o Seu Corpo, dotado de glória imortal desde a Ressurreição, já não lhe convinha esta obscura morada da terra, mas antes a elevada e esplendorosa mansão dos céus.

b)Diligenciar nossa Glorificação: E não foi só para tomar posse do trono de glória e poder, merecido pelo Seu próprio Sangue; mas também para diligenciar tudo o que diz respeito a nossa salvação.

c) Mostrar que Seu Reino não é deste mundo: Os reinos do mundo são terrenos e passageiros, apoiam-se em grandes cabedais e na força proveniente da carne. Ora, o Reino de Cristo não era terrestre, como os judeus esperavam, mas espiritual e eterno. Colocando Seu trono nos céus, o próprio Cristo demonstrou que as forças e riquezas de Seu reino eram de natureza espiritual. Neste Reino, os mais ricos e os mais providos com a abundancia de todos os bens são aqueles que [na terra] procuram com maior ardor as coisas de Deus. São Tiago, com efeito, declara que Deus escolheu os pobres neste mundo, para serem ricos na fé, e herdeiros do Reino que Deus prometeu aqueles que O amam.

d) Elevar ao céu nosso pensamento : Pela Ascensão, Nosso Senhor queria que, subindo Ele aos céus, continuassemos nós a segui-lO com saudosos pensamentos. Com efeito, pela Sua Morte e Ressurreção, deixou-nos um exemplo que nos mostra como devemos morrer e ressurgir espiritualmente. Pela Sua Ascensão também nos ensina e educa a erguermos nossa mente ao céu, enquanto vivemos ainda aqui na terra - e que aqui somos hóspedes e peregrinos a procura da verdadeira pátria.

e - Enviar-nos o Espírito Santo: A eficácia e a grandeza dos inefáveis benefícios que a bondade de Deus derramou sobre nós [por meio deste mistério], desde muito as havia vaticinado o santo profeta Davi: Subindo ao alto, arrebatou consigo os escravos e distribuiu seus dons aos homens. Neste sentido é que São Paulo interpreta esta passagem. Efetivamente, ao cabo de 10 dias, enviou Cristo o Espírito Santo, de cuja virtude e exuberância encheu a multidão de fieis ali presentes. Então é que cumpriu verdadeiramente aquela grandiosa promessa: Para vós convém que Eu me vá. Se Eu não for, não virá a vós o Consolador, mas se for, Eu vo-lO enviarei

f - Por ser nosso advogado: Pela carta aos Hebreus, vemos que Cristo tbem subiu aos céus " para Se apresentar agora ante a face de Deus em nosso favor", e exercer perante o Pai o ofício de advogado. "Filhinhos meus, diz São João, eu vos escrevo para que não venhais a pecar. No entanto, se alguem pecar. por advogado junto ao Pai, temos Jesus Cristo, o justo. Ele próprio é propiciação pelos nossos pecados" Nada pode inspirar aos fieis maior alegria e felicidade, do que verem a Jesus Cristo feito patrono de nossa causa e intercessor pela nossa salvação, ele que goza junto ao Eterno Pai de suma influencia e autoridade

g - Preparar-nos um lugar: Afinal, preparou-nos um lugar conforme havia prometido. Foi em nome de todos nós que Jesus Cristo, como nosso Chefe, entrou na posse da glória celeste. Com Sua ida para o céu, abriu as portas que se tinha fechado, em consequência do pecado de Adão. Franqueou-nos um caminho para chegarmos à celestial bem-aventurança, conforme predissera aos Discípulos na última Ceia. Para confirmar Sua presença com a realidade dos fatos, levou consigo, para a mansão da eterna bem-aventurança, as almas dos justos que tinha arrancado dos infernos.

Frutos imediatos de Sua Ascensão:

- Aumenta-nos a fé: Esta admirável abundancia de dons celestes vem acompanhada de uma valiosa série de frutos e vantagens. Primeiramente o mérito de nossa fé cresce até o último grau, porquanto a fé se refere a coisas que são inacessíveis à nossa vista e que ficam fora de alcance para nosa razão e inteligencia. Portanto, se o Senhor Se não se apartara de nós, diminuir-se-ia o mérito de nossa fé; pois Ele próprio exalta como bem aventurado " os que não viram, mas creram"

- Confirma-nos a esperança: Ademais, a subida de Cristo aos céus tem a grande força de confirmar a esperança que se aninha em nossos corações. Crendo que Cristo subiu aos céus, enquanto Homem e colocou [Sua] natureza humana a direita de Deus Pai, grande é a nossa esperança de que também nós para lá havemos de subir, como membros Seus, e de unir-nos [a Ele] como nossa cabeça. Foi o que Nosso Senhor asseverou pessoalmente: Pai, quero que, onde Eu estou, estejam comigo também aqueles, que Vos me destes

Espiritualiza nosso amor: Além disso, um dos maiores benefícios que auferimos [da Ascensão], foi o de Cristo arrebatar consigo para o céu o nosso amor, e de abrasa-lo no Espírito de Deus. É uma grande verdade o que se disse: Nosso coração está onde estiver o nosso tesouro

E tira-lhe o caráter terreno: Realmente, permanecesse Jesus Cristo conosco na terra, todas as nossas considerações se concentrariam em Seu porte e trato humano. Nele veriamos apenas um homem, que nos cumulou de assinalados beneficios, e por Ele teríamos certa afeição natural e terrena. No entanto, pelo fato de ter subido aos céus, [Cristo] espiritualizou nosso amor; fez-nos amar e venerar, como Deus, Aquele que sabemos estar ausente [com Sua humanidade].

Nós o verificamos no exemplo dos Apóstolos. Enquanto o Senhor estava no meio deles, parecia que O consideravam por um prisma muito humano. De outro lado, o proprio Senhor no-lo afirma com Sua palavra: Para vós é bom que Eu vá. Aquele amor perfeito com que [os Apostolos] amavam a Jesus Cristo humanamente presente, devia ser aperfeiçoado pelo amor divino, e por sinal a vinda do Espinto Santo. Razão porque Cristo logo acrescentou: Se Eu nao me ausentar, nao virá a vós o Consolador"

Dilata a sua Igreja: Acresce que assim Nosso Senhor dilatou Sua casa na terra, que é a Igreja, cujo governo devia ser dirigido pela virtude e assistência do Espírito Santo. Como pastor e chefe supremo de toda a Igreja deixou entre os homens a Pedro, o Príncipe dos Apóstolos. Além disso, a uns constituiu "Apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres". E sentado que está à direita do Pai, não cessa de distribuir, a uns e a outros, os dons que Ihes convém a eles, como diz o Apóstolo: A cada um de nos foi dada a graça, segundo a medida com que Cristo a distribuiu

Nossa perfeita salvação, nós a devemos aos sofrimentos de Cristo; e Seus méritos patentearam aos justos a entrada para o céu. Fora isso, a Ascenção de Cristo se nos apresenta como um modelo, que nos ensina a olhar para o alto e transportar-nos ao céu em espírito. Ela Também nos dá uma força divina, que nos põe em condições de faze-lo

Fonte: Catecismo Romano - Pags 140 - 145


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