quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Vida da Graça - Queda e Castigo



A Vida Espiritual - Explicada e Comentada - de Adolfh Tanquerey

A Queda

A despeito de todos os privilégios, o homem permanecia livre, e foi submetido a uma prova, para poder, com auxílio da graça, merecer o céu. Esta prova consistia no cumprimento das leis divinas, e, em particular, dum preceito positivo acrescentado à lei natural, e que é expresso pelo Gênesis sob a forma da proibição de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal.

A Sagrada Escritura narra como o demônio, sob a forma de serpente, vem tentar os nossos primeiros pais, suscitando-lhes no espírito uma dúvida sobre a legitimidade desta proibição. Procura persuadir-lhes que, se comerem desse fruto, longe de morrerem, serão como deuses, sabendo por si mesmos o que é bem e o que é mal, sem necessidade de recorrer à lei divina. Era uma tentação de orgulho, de revolta contra Deus. O homem sucumbe e comete formalmente um ato de desobediência, mas inspirado pelo orgulho e imediatamente seguido de outras faltas.

Era uma culpa grave, pois era recusar submeter-se à autoridade de Deus; era uma espécie de negação do seu domínio supremo e da sua sabedoria, já que este preceito era um meio de provar a fidelidade do primeiro homem; culpa tanto mais grave, quanto melhor conheciam os nossos primeiros pais a infinita liberalidade de Deus para com eles, os seus direitos imprescritíveis, a gravidade do preceito manifestado pela gravidade da sanção que lhe fora anexa; e, como não eram arrastados pelo ímpeto das paixões, tinham tempo de refletir sobre as consequências formidáveis do seu ato.

O Castigo

Este não tardou: Castigo pessoal e Castigo da sua posteridade

Castigo pessoal:

A consequência foi que Adão, que poderia ter perdido a vida, pela infinita bondade de Deus, teve ao invés da morte, a perda dos dons recebidos para ser um ser sobrenatural que o capacitaria a estar com Deus face a face, quando terminasse seus dias. Perdeu os dons preternaturais e a graça santificante, ficando com que lhe era próprio: a natureza e seus privilégios naturais. Sua vontade fica então enfraquecida, mas permanece livre e pode escolher entre o bem e o mal. Deus quis lhe deixar a fé e a esperança e no momento da queda (Gn.3- Proto - Evangelho_) já o deixa vislumbrar a visào do libertador, saído da raça humana, que trinfaria sobre o demônio e restauraria o homem decaído, e ao mesmo tempo, pela graça atual, lhes instigava ao arrependimento.

- Castigo da Sua Posteridade:

Ela assim como Adão seria também privada desde o instante de sua concepção, da justiça original, isto é: da graça santificante e do dom da integridade. Dons gratuítos que seriam como um bem de família, caso Adão se mantivesse fiel, mas como não conseguiu, sua posteridade nasceu sem estes dons maravilhosos. A privação desta justiça original é o que se chama de pecado original, que seria um estado de decadência, uma privação, uma falta de uma qualidade que precisaríamos possuir para ver a Deus, pois a falta dela, afastaria os homens do reino dos céus.

Ao Messias, ao novo Adão, que desde este momento foi constituído cabeça da raça humana, é que estava reservadoexpiar as nossas culpas e instituir o sacramento da regeneração, para transmitir a cada Batizado a graça perdida pelo primeiro homem.

E como o dom da integridade ficou igualmente perdido, arde em nós a concuspicência, que se não for resistida com todas as forças, nos arrasta ao pecado atual. Somos pois, relativamente ao estado primitivo, fracos e feridos, diminuídos, sujeitos à ignorância, inclinados ao mal e fracos para resistir às tentações. São Tomas, nos mostra que uma vez perdido o freio da justiça original, que reprimia as paixões, a concuspicência tomou força e que esta capacidade de resistir ou não ou mesmo dela atuar de forma mais forte ou menos forte, depende do temperamento e caráter de cada pessoa, ou seja, nem todos agimos de forma igual, ela atua de acordo com cada pessoa, já que ele se manteve livre para atuar. Mas é preciso dizer que Deus colabora conosco, pelas graças atuais que nos concede, em virtude dos merecimentos de Seu Filho e pela proteção dos anjos bons, sobretudo de nossos anjos da guarda.

Conclusão

Infelizmente o homem foi ferido e perdeu o lindo equilíbrio a qual estava sujeito, como bem mostra o estado presente de nossas faculdades:
Sensitivas: Sentidos exteriores e interiores;
Intelectuais: Inteligência e Vontade.

A- Faculdades Sensitivas

- Sentidos Exteriores: Sem a mínima preocupação das regras da moral, os olhos, ouvidos e tato, lançam-se com sofreguidão para a busca daquilo que lhes agrada.

- Sentidos Interiores: A imaginação, as paixões, lançam-se para o bem sensível ou sensual,sem se inquietarem com o lado moral, procurando arrastar o consentimento a vontade. Como estas faculdades ficam ainda submetidas ao império da razão, não são de todo irresistíveis, mas como diz Tanquerey: “que tática, que esforços não se requerem para submeter estes vassalos em revolta! “

B- Faculdades Intelectuais

Estas constituem o homem propriamente dito, que infelizmente também foram atingidas pelo pecado original. A Inteligência ainda consegue conhecer a Verdade e com trabalho paciente, adquire até sem o auxílio da revelação, o conhecimento dum certo número de verdades fundamentais, da ordem natural. Mas que fraquezas humilhantes! Ela agora ao invés de subir espontanemamente para Deus e para as coisas divinas, como no estado primitivo,tende a absorver no estudo das coisas criadas sem remomtar à causa e as preocupações do tempo impedem-na muitas vezes de pensar na eternidade e failmente cae no erro, parece mesmo que um véu a cobre escondendo a verdade a ponto de extraviar o homem nas questões vitais, donde depende a direção de sua vida moral.

A Vontade ao invés de submeter a Deus, tem pretenções à independência, custando-lhe sujeitar a Deus e sobretudo aos seus representantes na terra. A fraquesa da vontade o arrasta pelo sentimento e pelas paixões, se opondo muitas vezes à realização do bem. Faz o mal que não quer e o bem que quer não realiza! Como diz São Paulo: “Homem infeliz que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo Nosso Senhor!”

(Só nos resta então falar da Graça da Redenção que é remédio divino para este estado lamentável. Bendito Seja Deus!)

Veja:

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