quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Chesterton


"Uma das coisas que julgava que mais depunham contra o Cristianismo era a acusação, que lhe faziam, de que havia algo de tímido, de monacal e de desumano em tudo o que se costuma chamar de “cristão”, especialmente em sua atitude perante a resistência e a luta.

Os grandes céticos do séulo XIX eram, em grande parte, viris. Bradlaugs, de forma expansiva, e Huxley, de forma reservada, era, decididamente, homens. Em comparação, parecia aceitável que existisse algo de fraco e de excessivamente paciente nos ensinamentos cristãos.

O paradoxo do Evangelho acerda da outra face, o fato de os padres nunca lutarem nas guerras, uma centana de coisas, enfim, tornava plausível a acusação de que o Cristianismo era uma tentativa de transformar o homem em um cordeiro.

Li isso e acreditei, e, se não tivesse lido nada diferente, continuaria a acreditar. No entanto, li algo muito diferente depois. Virei a página seguinte do meu manual agnóstico, e logo meu cérebro ficou de pernas para o ar. Descobri, então, que tinha de odiar o Cristianismo, não por combater pouco, mas por combater demasiado. A religião cristã parecia a mãe das guerras. O Cristianismo tinha inundado o mundo em sangue.

Eu, que havia ficado zangado com o Cristianismo por ele nunca se zangar, tinha, agora, de zangar-me com ele, porque sua fúria havia sido a coisa mais horrível e mais monstruosa da História da Humandade. O seu ódio embebera-se na Terra e fumegara até o Sol. As mesmas pessoas que criticavam o Cristianismo por sua mansidão e pela não-resistência dos mosteiros eram as que vinham, agora, acusa-lo pela violência e pela bravura das Cruzadas. Fora por culpa do pobre e velho Cristianismo (de forma ou de outra) que Eduardo, o Confessor, não combatera, e Ricardo Coração de leão, sim.

Os Quackers (assim ouvíamos dizer) eram os únicos cristãos típicos e, no entanto, os massacres de Cromwell e de Alba eram crimes tipicamente Cristãos. O que tudo isso queria dizer? Que Cristianismo era este que sempre proibia as guerras e sempre estava a provoca-las? Qual poderia ser a natureza de uma coisa que era insultada, primeiramente, por não combater, e, depois, por estar sempre envolvidas em luta?

Em que mundo de enigmas se gerara esse Monstruoso Assassino e essa Monstruosa Mansidão? A forma do Cristianismo tornava-se mais estranha a cada instante….

****

Nenhum comentário:

Postar um comentário