Por Tihamer Toth
Ainda é atual falar de Cristo?
No Natal foram transportados para os mercados da Budapeste quatrocentos mil pinheiros. Os comerciantes esperam ansiosamente as festas natalinas, para poderem equilibrar o déficit do ano inteiro; as crianças vivem intensamente este período; são feitos grandes preparativos em todos os lares. Existe uma força misteriosa no Natal, não há outra festa que desperte tanto interesse, mesmo entre aqueles que já perderam a fé ou não são cristãos.
Há algo que seja próprio do Natal? As pompas exteriores são certamente magníficas, contudo apagam o que é realmente importante. Aproxima-se a meia-noite, normalmente durante o ano a maioria estaria dormindo, mas neste dia 24 para 25 de dezembro, há muitas janelas iluminadas e alguns foram à Missa de Natal. Nesta noite não há trevas, quando o relógio avisa que é meia-noite, cantamos emocionados: Nasceu o Deus-Menino para o nosso bem!
É assim há séculos, nesta noite a terra está repleta de luz. A força da fé brota inabalável, pois este menino é Deus, mesmo nascendo numa pobre gruta, é Rei. Certamente teríamos imaginado a vinda de Deus, de maneira bem diferente, todavia Deus não raciocina como o homem. Deus quer remir todos, por isso apareceu humildemente indefeso como um Menino. Nesta simplicidade, evita confusão que traria se nascesse num palácio. Infelizmente muitos não compreendem este espírito simples, cegados celebram o Natal, não vendo Cristo, Deus que desceu até nós.
Como podemos olhar dignamente para Cristo? O próprio Jesus responde: ”Em verdade vos digo, se não vos converterdes e vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus". (Mt 18,3). Somente os simples poderão compreender retamente a doutrina de Cristo.
Para a criança o mundo é um brinquedo, qualquer objeto serve para brincar. Esta é a sabedoria que Cristo quer revelar: a simplicidade dos acontecimentos da vida cotidiana, o pão de cada dia, o trabalho, a sociedade, tudo está nas mãos de Deus; pode parecer estranha esta frase, mas a vida é um grande brinquedo, um imenso teatro de Deus. No desempenho da peça da vida, não é importante o papel que representamos, pois não seremos julgados por isso e sim pela maneira como desempenhamos o papel que foi imposto. O grande diretor da história – Deus, distribuiu vários papeis: presidente, ministro, pedreiro… a função em si mesma não é tão importante. O que vale é o bom desempenho, os deveres bem feitos, que o papel exige, segundo os Mandamentos da Lei de Deus.
Estou feliz no lugar em que estou? Esforço-me em desempenhar bem o que o Senhor me destinou? Tenho inveja da felicidade do próximo?
Conta uma antiga crônica, que num convento vivia feliz um monge; certa vez, um passarinho entrou no jardim do claustro cantando magnificamente e comoveu o religioso. Vou apanhar este passarinho! Exclamou o monge. O pássaro fugiu do jardim e o religioso foi atrás; perseguindo-o, penetrou no bosque, e sempre que estava perto de capturar, o pássaro escapava, até desaparecer completamente. Quando, depois de longo tempo voltou extenuado, batendo à porta do convento, percebeu que o irmão que abriu a porta era um desconhecido, assim como todos os padres, naturalmente ninguém o reconheceu também. Percebeu que enquanto perseguia o passarinho, uma nova geração veio substituir a antiga. Somente o riacho que corria próximo ao convento era o mesmo. Quando se inclinou e viu a imagem, não reconheceu a si mesmo.
Quantos buscam a felicidade em coisas que estão fora, invejando a prosperidade dos outros. Inquietos buscam sempre novidades e, quando alcançam, sempre acham que a do próximo é melhor, mais novo, mais limpo…Olhemos o mundo com alma de criança, assim desempenharemos o papel de filhos de Deus. Se não tornardes como crianças não entrareis no reino dos céus. A profunda sentença do Senhor exige que olhemos a vida e a fé em Jesus como crianças, ou seja, simplicidade.
Na minha infância, ainda não conhecia as grandes discussões acerca da pessoa de Cristo, o combate contra Cristo e sua doutrina. Incompreensível Mistério! Dizem que o Senhor está no meio de nós. Onde está atualmente? O Senhor é a vida, contudo por toda parte sentimos o sopro gelado da morte! O Senhor é esperança, apesar disso, vemos por todos os lados, rostos cansados e desolados. Nas ruas barulhentas e agitadas, enormes multidões ignoram Cristo; nas profundezas da alma, encontramos desejos, pensamentos e ações que não possuem nenhuma relação com os Mandamentos de Deus.
Observando a vida de muitas famílias, as manifestações sociais, econômicas, artísticas e científicas, percebemos instintos desenfreados e baixos; onde está Jesus? Há mais de dois mil anos esta guerra é travada, mas isso não diminui a fé, pelo contrário a fortaleve cada vez mais. A poeira dos anos não pode cobrir o rosto de Cristo; a humanidade, queira ou não, terá que tomar partido, a favor ou contra. Tudo isso mostra que Cristo não é um simples homem.
Dezenas de anos atrás, um professor protestante alemão, Arthur Drews, apresentou ao mundo um descoberta sensacional - Jesus nunca existiu, é um mito - Eis uma forma extremista da guerra contra Cristo. Não muito depois, outra notícia extrordinária. Outro professor também alemão, afirmava que tinha descoberto em Jeusalém, a ossada de Jesus em um túmulo. Eis o outro lado extremo do combate contra Cristo.
Entre os dois pólos antagônicos dos destruidores da religião – nunca existiu e não ressuscitou – está o imenso acampamento dos que acreditam em Jesus – Centenas de milhões, ainda hoje buscam na Santa Cruz a força necessária.
Deturpem o menino-Deus como quiserem, no entanto a verdade é que milhões continuam a se ajoelhar perante o presépio, acreditam que é o Criador do céu e da terra e cantam no Natal: Nasceu o Deus – Menino. Onde se encontra a fé de criança? Quando à noite, ao lado da cama, ajoelhamos com as mãos juntas para rezar, como o mesmo fervor e confiança adquiridos na infânçia. Muitos reclamam que a vida é cruel e difícil, é precisamente para que as dificuldades não desanimem, que devem recuperar a fé da infância.
Em outubro de 368 da era cristã, uma catástrofe assolou a cidade de Nicéia. Esta magnífica cidade da Ásia Menor dormia, quando aconteceu um terrível terremoto; em minutos tudo estava em ruínas, cadáveres jaziam nos escombros das casas, poucos escaparam com vidas; dentre estes estava o governador Cesário, que era pagão. Durante horas debateu-se entre os detroços; entretanto, neste sofrimento, uma resolução extrordinária brilhou na alma.Quando foi resgatado dos escombros, percebeu claramente uma nova vida: "Adeus, mundo enganador! Construirei outra morada em bases mais sólidas". Buscou o batismo cristão, distribuiu a fortuna entre os menos favorecidos e consagrou a Deus toda a vida. Deus aceitou com boa vontade este servo, poucos dias depois Cesário adoeceu e morreu, ainda vestia as vestes brancas dos recém-batizados.
Também , atualmente a terra treme debaixo dos pés, parece que tudo vai desmoronar. Queria Deus que todos que sofrem nos escombros do mundo, busquem o exemplo de Cesário.
Fonte: Quem é Cristo?
Veja:
1 - Cristo e o Homem
(Logo veremos: Quem é Cristo?)
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