Por Scott Hann
Em seguida à Oração Eucarística rezamos o Pai-nosso, a oração que Jesus nos ensinou. Nós a encontramos nas antigas liturgias e ela deve ter um sentido mais fecundo para nós no contexto da Missa - e, em especial, no contexto da Missa como céu na terra.
Renovamos nosso Batismo como filhos de Deus , que chamamos "Pai nosso".
Tendo levantado o coração para o alto, estamos agora no céu com Ele. Ao celebrar a Missa, santificamos seu nome. Ao unir nosso sacrifício com o eterno sacrifício de Jesus, vemos feita a vontade a vontade de Deus "assim na terra como no céu". Temos diante de nós Jesus, o "pão nosso de cada dia" e este pão vai perdoar "nossas ofensas", porque a sagrada comunhão apaga todos os pecados veniais. Conhecemos, portanto, a misericórdia e por isso mostraremos misericórdia, ao perdoar "os que nos ofenderam". E pela Sagrada Comunhão, obteremos nova força para vencer as tentações e o mal.
A Missa realiza perfeitamente o Pai-Nosso, palavra por palavra.
Nunca é demais ressaltar a relação entre "o pão nosso de cada dia" e a hóstia eucarística diante de nós.
Em seu clássico ensaio a respeito do Pai-nosso, o biblista padre Raymond Brown demonstrou que esta era a admirável crença dos cristãos primitivos: "Há, então, boa razão para ligar o maná veterotestamentário e o pão eucarístico neotestamentário com a súplica...Desse modo, ao pedir ao Pai:' O pão nosso de cada dia nos dai hoje', a comunidade empregava palavras diretamente ligadas à Eucaristia. E por isso, nossa liturgia romana não está longe do sentido original da súplica ao fazer o pai-nosso introduzir a comunhão da Missa".
Assim começa o "rito da comunhão" e não devemos deixar de notar a força da palavra comunhão.
No tempo de Jesus, a palavra (Koinonia, em grego) era usada com mais frequência para definir um laço de família. Com a comunhão, renovamos nossos laços com a família eterna, a Família que é Deus e com a família de Deus na terra, a Igreja.
Expressamos nossa comunhão com a Igreja no sinal da paz. Nesse gesto antigo, cumprimos a ordem de Jesus para nos reconciliar com nosso irmão antes de nos aproximar do altar (veja Mt 5,24).
Nossa oração seguinte, o "Cordeiro de Deus" recorda o sacrifício pascal e a "misericórdia" e a "paz"da nova Páscoa.
O sacerdote, então, parte a hóstia e a eleva - "um cordeiro, que parecia imolado" (Ap 5,6) - e proclama as palavras de João Batista: "Eis o cordeiro de Deus (Jo 1,36).
E só podemos responder nas palavras do centurião romano: "Senhor, eu não sou dígno de que entreis em minha morada; mas dizeis uma só palavra..." (Mt 8,8).
Em seguida, nós O recebemos em comunhão. Recebemos Aquele que louvamos no Glória e proclamamos no Credo! Aquele diante de quem fizemos nosso juramento solene! Aquele que é a nova aliança esperada durante toda história humana!
Quando Cristo vier no fim dos tempos, ele não terá uma só gota de glória a mais do que neste momento, quando o consumimos todo.
Na Eucaristia recebemos o que seremospor toda a eternidade, quando formos levados ao céu para nos juntarmos à multidão celeste no banquete das núpcias do Cordeiro. Na sagrada comunhão, já estamos lá. Isso não é metáfora. É a verdade metafísica nua e crua, calculada e exata que Jesus Cristo ensinou.
Vocês Foram Enviados ao Céu.
Depois de tanta coisa, a Missa parece terminar de maneira inesperada - com uma benção e "A missa terminou. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe"
Parece estranho que a palavra "missa" venha dessas apressadas palavras finais: Ite, missa est (literalmente: "Ide, a prece foi enviada à Deus).
Mas os antigos entendiam que a Missa era um envio.
Essa última linha não é tanto demissão quanto comissão. Unimo-nos ao sacrifício de Cristo.
Saímos agora da missa a fim de viver o mistério, o sacrifício que acabamos de celebrar por meio do esplendor da vida comum no lar e no mundo.
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