1- Introdução
2- Jesus ou Aquele que precedeu a Igreja
3- A estratégia inicial dos Apóstolos
Já será uma Igreja? Sim, sem dúvida nenhuma.
Só que a palavra ainda não existe propriamente. Igreja, "ecclesia" (em grego: ekklesia), significa "assembléia". O sentido atual não vai demorar a aparecer: será utilizado para designar cada uma das comunidades cristãs. Haverá as Igrejas de Jerusalém, da Galiléia, de Antióquia etc. Mas todos os cristãos terão, desde os primeiros anos, a sensação de pertencer a uma só Igreja. Não há melhor prova que as epístolas de Paulo: elas se dirigem a esta ou àquela comunidade; levam em conta os problemas que estas enfrentam. Mas são válidas para todos os cristãos.
A Igreja de Jerusalém, de certa maneira, será a matriz do que a Igreja se tornará.
Sem dúvida, por volta dos anos 35-37, ela se compõe essencialmente de judeus convertidos. Primeiro, porque são eles que ouvem os sermões dos primeiros apóstolos. Depois, porque Tiago é o chefe dessa comunidade. Ele não tocava em bebidas alcoólicas, recusava-se a se barbear. Aliás, comia muito pouco e quase não saía do Templo. Era ali que recebia os cristãos, e também os judeus. Tanto aqueles quanto estes, por mais espantoso que possa parecer, respeitavam-no. Tudo indica que houve, durante os primeiros anos, uma pré-Igreja judaico-cristã da qual Tiago foi o chefe.
Isso não dura muito. Essencialmente porque o grupo vai se desagregando.
De um lado, os judeus - fariseus na maioria - que não pretendem questionar novamente suas práticas religiosas. Do outro, os convertidos ao cristianismo nascente. Eles querem permanecer judeus. São fiéis às regras aprendidas desde a infância; tentam conciliar a antiga fé com a nova. Esse esforço não tem a mínima chance de dar certo: se Jesus é o Filho de Deus, se é o Messias, se ressuscitou, a fratura com o judaísmo é inelutável. Enfim, há os helenistas: são judeus da diáspora, que falam grego ou já evoluem na cultura pagã greco-latina.
É a primeira vez que os encontramos. Eles terão um papel decisivo, mas não têm consciência disso.
Quem são os helenistas? Mulheres e homens que falam grego. Uns conhecem o aramaico, mas normalmente não se expressam na língua que foi a de Jesus. Entre eles, há judeus e não-judeus. Estes são os primeiros não-judeus a aderir ao que será o cristianismo. Eles não estão muito à vontade na comunidade de Jerusalém. Terão sido expulsos, escolhido uma espécie de exílio próximo? Nunca se saberá. Na maioria, voltarão a ser encontrados em Antióquia, que será o primeiro melting pot do cristianismo das origens.
Sem dúvida, outros homens participam dessa comunidade em Jerusalém. Essênios, provavelmente. Até hoje, eles são um enigma para nós. Os essênios são uma comunidade judaica ascética, rompida com o partido saduceu - julgado corrompido pelos hábitos do século - e com o ocupante romano. Essa comunidade se refugiou no deserto da Judéia, perto do mar Morto. Desapareceu na época da guerra contra Roma, em 70 d.e. Era contemporânea dos cristãos, com quem vivia lado a lado; porém parece que as duas comunidades se ignoravam. Os essênios nunca são citados, nem nos Evangelhos nem nos Atos. Esperava-se que os famosos manuscritos do mar Morto esclarecessem o mistério. Pois aumentaram. Obviamente, Jesus e seus discípulos muitas vezes formulam idéias ou julgamentos que se encontram com as inspirações essênias
Sem dúvida houve contatos. João Batista, entre outros, sabia da existência dos essênios. Ele pregava e batizava a alguns quilômetros do local onde eles viviam: Qumran. Mas até aqui não sabemos mais sobre isso.
Não se pode negar que os helenistas, que abandonaram Jerusalém, deixaram vestígios por toda parte. Alguns devem ter ingressado na comunidade galiléia; mas esta desaparecerá na época da guerra. Outros se instalam em Damasco onde vivem, desde 37, cristãos que os acolhem. Eles logo terão uma certa importância. É em Damasco que Saulo, em 38, vem perseguir os cristãos. É nesse mesmo ano que ele se converte.
Finalmente, foi na sinagoga de Damasco que Paulo pregou pela primeira vez.
Outros ainda tentam se implantar nas cidades da costa: Cesaréia, Jaffa, Gaza são mencionadas nos Atos. Estes se afastam da zona aramaica - o aramaico é uma língua popular, derivada do antigo hebraico, que se torna progressivamente uma língua religiosa. Eles pregam em grego nas cidades onde se fala essa língua.
A Igreja de Jerusalém, de certa maneira, será a matriz do que a Igreja se tornará.
Sem dúvida, por volta dos anos 35-37, ela se compõe essencialmente de judeus convertidos. Primeiro, porque são eles que ouvem os sermões dos primeiros apóstolos. Depois, porque Tiago é o chefe dessa comunidade. Ele não tocava em bebidas alcoólicas, recusava-se a se barbear. Aliás, comia muito pouco e quase não saía do Templo. Era ali que recebia os cristãos, e também os judeus. Tanto aqueles quanto estes, por mais espantoso que possa parecer, respeitavam-no. Tudo indica que houve, durante os primeiros anos, uma pré-Igreja judaico-cristã da qual Tiago foi o chefe.
Isso não dura muito. Essencialmente porque o grupo vai se desagregando.
De um lado, os judeus - fariseus na maioria - que não pretendem questionar novamente suas práticas religiosas. Do outro, os convertidos ao cristianismo nascente. Eles querem permanecer judeus. São fiéis às regras aprendidas desde a infância; tentam conciliar a antiga fé com a nova. Esse esforço não tem a mínima chance de dar certo: se Jesus é o Filho de Deus, se é o Messias, se ressuscitou, a fratura com o judaísmo é inelutável. Enfim, há os helenistas: são judeus da diáspora, que falam grego ou já evoluem na cultura pagã greco-latina.
É a primeira vez que os encontramos. Eles terão um papel decisivo, mas não têm consciência disso.
Quem são os helenistas? Mulheres e homens que falam grego. Uns conhecem o aramaico, mas normalmente não se expressam na língua que foi a de Jesus. Entre eles, há judeus e não-judeus. Estes são os primeiros não-judeus a aderir ao que será o cristianismo. Eles não estão muito à vontade na comunidade de Jerusalém. Terão sido expulsos, escolhido uma espécie de exílio próximo? Nunca se saberá. Na maioria, voltarão a ser encontrados em Antióquia, que será o primeiro melting pot do cristianismo das origens.
Sem dúvida, outros homens participam dessa comunidade em Jerusalém. Essênios, provavelmente. Até hoje, eles são um enigma para nós. Os essênios são uma comunidade judaica ascética, rompida com o partido saduceu - julgado corrompido pelos hábitos do século - e com o ocupante romano. Essa comunidade se refugiou no deserto da Judéia, perto do mar Morto. Desapareceu na época da guerra contra Roma, em 70 d.e. Era contemporânea dos cristãos, com quem vivia lado a lado; porém parece que as duas comunidades se ignoravam. Os essênios nunca são citados, nem nos Evangelhos nem nos Atos. Esperava-se que os famosos manuscritos do mar Morto esclarecessem o mistério. Pois aumentaram. Obviamente, Jesus e seus discípulos muitas vezes formulam idéias ou julgamentos que se encontram com as inspirações essênias
Sem dúvida houve contatos. João Batista, entre outros, sabia da existência dos essênios. Ele pregava e batizava a alguns quilômetros do local onde eles viviam: Qumran. Mas até aqui não sabemos mais sobre isso.
Não se pode negar que os helenistas, que abandonaram Jerusalém, deixaram vestígios por toda parte. Alguns devem ter ingressado na comunidade galiléia; mas esta desaparecerá na época da guerra. Outros se instalam em Damasco onde vivem, desde 37, cristãos que os acolhem. Eles logo terão uma certa importância. É em Damasco que Saulo, em 38, vem perseguir os cristãos. É nesse mesmo ano que ele se converte.
Finalmente, foi na sinagoga de Damasco que Paulo pregou pela primeira vez.
Outros ainda tentam se implantar nas cidades da costa: Cesaréia, Jaffa, Gaza são mencionadas nos Atos. Estes se afastam da zona aramaica - o aramaico é uma língua popular, derivada do antigo hebraico, que se torna progressivamente uma língua religiosa. Eles pregam em grego nas cidades onde se fala essa língua.
A propósito da conversão de Cornélio, centurião romano, Pedro intervém: "Não se pode recusar o batismo a um homem que se converteu sinceramente à fé de Jesus." Já está aí colocado, em duas linhas, o problema que vai dividir a pequena Igreja das origens.
Antióquia, enfim. Antióquia vai se tornar o centro do cristianismo grego. É uma cidade importante onde se misturam judeus, gregos, cipriotas, romanos. No porto, trocam-se mercadorias, idéias, deuses. A comunidade cristã tem importância suficiente para que os apóstolos enviem Barnabé a fim de entrar em contato com esse grupo distante e a princípio meio exótico. É na mesma época que Pedro faz uma viagem análoga a Samaria. Portanto, desde então, os principais apóstolos viajam.
Antióquia, enfim. Antióquia vai se tornar o centro do cristianismo grego. É uma cidade importante onde se misturam judeus, gregos, cipriotas, romanos. No porto, trocam-se mercadorias, idéias, deuses. A comunidade cristã tem importância suficiente para que os apóstolos enviem Barnabé a fim de entrar em contato com esse grupo distante e a princípio meio exótico. É na mesma época que Pedro faz uma viagem análoga a Samaria. Portanto, desde então, os principais apóstolos viajam.
Estamos em 42.
Nesse ano, há dois acontecimentos. O primeiro: surge o termo cristão. Designa os partidários de Christos. Para as autoridades romanas, trata-se de uma qualificação política. Christos designa para eles os membros de um grupo messiânico, talvez distinto dos judeus, e que assume certa importância na região. Ora, estamos sob o reino de Claudio (41-54), sucessor de Calígula.
O segundo acontecimento é a aliança entre Barnabé e Paulo.
Barnabé é um personagem respeitável na Igreja. Paulo é apenas um judeu de nascimento gozando da cidadania romana. Passou três anos, sobre os quais pouco se sabe, numa aldeia perto de Damasco. É provável que ele tenha ouvido, nesse período, um sermão de origem essênia. Encontraremos vestígios disso em suas epístolas. Em 41, ele foi a Jerusalém, viu Pedro e o outro Tiago. Quase não lhe dão ouvidos. Desconfiam dele. Paulo não insiste e vai para Tarso, sua cidade natal.
O lance genial de Barnabé é ir procurá-lo. Conhece-o um pouco; sem dúvida pressentiu sua inteligência. Ouviu falar muito nesse judeu romano singular que se converteu. Foi aliás Barnabé que o apresentou aos outros apóstolos. A amizade deles será profunda, mas um dia será interrompida, veremos por quê.
O que eles se disseram, nunca saberemos. Seja como for, Paulo aceita seguir Barnabé. Morarão um ano juntos em Antióquia. Esta cidade se torna:, a partir de então, o verdadeiro centro do cristianismo. Em 44, os dois voltam a Jerusalém. É sem dúvida nessa data que obtêm de Pedro a autorização de ir para a Ásia Menor, depois de embarcar para Chipre, a primeira escala em direção ao mundo do Ocidente. João Marcos irá acompanhá-los. Ele é chegado a Pedro: é uma indicação.
Nesse ano, há dois acontecimentos. O primeiro: surge o termo cristão. Designa os partidários de Christos. Para as autoridades romanas, trata-se de uma qualificação política. Christos designa para eles os membros de um grupo messiânico, talvez distinto dos judeus, e que assume certa importância na região. Ora, estamos sob o reino de Claudio (41-54), sucessor de Calígula.
O segundo acontecimento é a aliança entre Barnabé e Paulo.
Barnabé é um personagem respeitável na Igreja. Paulo é apenas um judeu de nascimento gozando da cidadania romana. Passou três anos, sobre os quais pouco se sabe, numa aldeia perto de Damasco. É provável que ele tenha ouvido, nesse período, um sermão de origem essênia. Encontraremos vestígios disso em suas epístolas. Em 41, ele foi a Jerusalém, viu Pedro e o outro Tiago. Quase não lhe dão ouvidos. Desconfiam dele. Paulo não insiste e vai para Tarso, sua cidade natal.
O lance genial de Barnabé é ir procurá-lo. Conhece-o um pouco; sem dúvida pressentiu sua inteligência. Ouviu falar muito nesse judeu romano singular que se converteu. Foi aliás Barnabé que o apresentou aos outros apóstolos. A amizade deles será profunda, mas um dia será interrompida, veremos por quê.
O que eles se disseram, nunca saberemos. Seja como for, Paulo aceita seguir Barnabé. Morarão um ano juntos em Antióquia. Esta cidade se torna:, a partir de então, o verdadeiro centro do cristianismo. Em 44, os dois voltam a Jerusalém. É sem dúvida nessa data que obtêm de Pedro a autorização de ir para a Ásia Menor, depois de embarcar para Chipre, a primeira escala em direção ao mundo do Ocidente. João Marcos irá acompanhá-los. Ele é chegado a Pedro: é uma indicação.
Desconfia-se um pouco desse Paulo que diz, também, ter visto Cristo. Será para ter o direito de participar do colégio dos apóstolos? Barnabé aceita essa afirmação? Sim: a melhor prova é que ele acompanhará Paulo durante anos; não, pois um dia abandonará o amigo. Paulo é um tanto incômodo. Mas é ele que vai acelerar o movimento.
Fonte: Tú es Pedro
Depois veremos: A irrupção de Paulo
Fonte: Tú es Pedro
Depois veremos: A irrupção de Paulo
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