A Doutrina Católica, a vida dos Santos, o Itinerário Espiritual do Cristão, me fascinam. Leio tudo incansavelmente e trago para o Blog. Que ele sirva de formação para perseverarmos na verdade da fé, defendendo-nos contra as astúcias do inimigo, para a Glória de Nosso Senhor.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Contrição Perfeita
Retirada do livro: A Contrição Perfeita chave de ouro para abrir a porta do paraíso.
O livro é dividido do seguinte modo:
I - Que é a contrição perfeita?
II - Como se estimula a contrição perfeita?
III - É difícil estimular a contrição perfeita?
IV - Que efeitos produz a contrição perfeita?
V - Por que é tão importante e até necessária a contrição perfeita?
VI - Quando se deve excitar a contrição perfeita?
Da primeira parte:
Contrição é uma dor da alma e uma detestação dos pecados cometidos. A verdadeira contrição tem que vir com o propósito, quer dizer, pela firme vontade de emendar a vida e de não mais pecar.
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Para que a contrição seja legítima, deve ser interna e estar na alma (na inteligência e na vontade), ou seja, não deve se limitar a uma mera fórmula expressa com os lábios e sem reflexão, o que seria apenas contrição de boca. Portanto, não se faz necessário manifestar exteriormente a contrição (sempre interna) por meio de suspiros, lágrimas etc.; todas essas coisas podem ser sinal de contrição, não são a sua essência.
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Além disso, a contrição deve ser geral, i.e., deve estender-se a todos os pecados cometidos ou, pelo menos, a todos os mortais. Deve, finalmente, ser sobrenatural e não meramente natural, pois a contrição natural de nada vale, nem para o perdão de faltas veniais.
A contrição, como todo o bem, deve proceder de Deus e da sua graça.
Há, então, dois modos de contrição: natural e a sobrenatural.
A sobrenatural, divide-se em imperfeita e perfeita. E a perfeita ainda pode ter duas ramificações.
Se o motivo da contrição se funda apenas na natureza ou somente na razão (por exemplo, nos danos temporais, na vergonha, doença etc.), ela, neste caso, é puramente natural e sem mérito.
Entretanto, se o motivo da contrição é alguma verdade da Fé, por exemplo, o Inferno, o Purgatório, o Céu, Deus etc., então a contrição é legítima, sobrenatural.
Essa contrição legítima e sobrenatural pode, por sua vez, ser perfeita e imperfeita.
Em poucas palavras, contrição imperfeita é a que procede do temor de Deus; e contrição perfeita é a contrição que procede do amor de Deus.
É contrição perfeita quando procede do amor perfeito de Deus.
Ela pode se dividir em amor de agradecimento e amor de benevolência.
Pois bem, o nosso amor a Deus é perfeito quando O amamos porque Ele é, em Si, infinitamente perfeito, belo e bom (amor de benevolência), e porque nos demonstrou de modo tão admirável o seu amor por nós (amor de agradecimento). É imperfeito o amor de Deus quando O amamos porque esperamos alguma coisa dEle.
De modo que, com o amor imperfeito, pensamos, sobretudo, nos dons; com o perfeito, pensamos na bondade do Doador. Com o amor imperfeito, amamos mais os dons; com o perfeito, amamos mais o Doador.
E amamos mais o Doador não tanto pelos seus dons como pelo seu amor e pela sua bondade que se manifestam nos dons. Do amor nasce a contrição. Será, pois, perfeita a contrição se nos arrependermos dos pecados por amor perfeito de Deus - quer seja amor de benevolência quer de agradecimento.
Será imperfeita se nos arrependermos dos pecados por temor de Deus, porque pelo pecado perdemos a recompensa de Deus, que é o Céu, e merecemos seu castigo, que é o Inferno (pecado mortal) ou o Purgatório (pecado venial ou pena do mortal).
Na contrição imperfeita, pensamos principalmente em nós e nas desgraças que, segundo a Fé nos ensina (daí nome de sobrenatural), nos acarreta o pecado.
Na contrição perfeita, pensamos sobretudo em Deus, na sua grandeza, na sua beleza, amor e bondade, vendo quanto o pecado O ofende, e considerando que foi o pecado que Lhe ocasionou tantos sofrimentos e dores para nos salvar.
Na contrição perfeita, não queremos unicamente o nosso bem, mas o “bem” de Deus.
Vejamos um exemplo para entender melhor essa doutrina. Quando São Pedro negou o divino Salvador, saiu e "chorou amargamente" (Mt 26,75).
Por que São Pedro chorou? Terá sido, porventura, pensando na vergonha pela qual passaria diante dos outros apóstolos? Se assim fosse, sua dor teria sido puramente natural e sem mérito (contrição natural).
Terá sido porque receava que seu Divino Mestre lhe tirasse, como ele bem o merecia, o cargo de Apóstolo e Superior e o expulsasse do seu Reino? Nesse caso, já seria boa contrição, mas somente imperfeita (contrição sobrenatural imperfeita ou atrição).
Mas, não; Pedro arrependeu-se e chorou, antes de tudo, porque ofendeu a seu amado Mestre, tão bom, tão santo, tão digno de ser amado e por ter sido tão ingrato para com seu imenso amor. Teve, pois, verdadeira e perfeita contrição (contrição sobrenatural perfeita por amor de benevolência).
No mesmo gênero da contrição de caridade há uma espécie mais elevada, que é quando alguém ama a Deus porque Ele é em si mesmo infinitamente belo, glorioso, perfeito e digno de amor, sem sequer tomar em consideração o seu amor e a sua misericórdia para conosco.
Com uma comparação poderemos entender melhor a expressão "em si mesmo":
Há estrelas que nem podemos distinguir, por estarem muito longe de nós, e contudo são tão grandes e formosas como o sol, que tão prodigamente nos dá o calor e a vida.
Da mesma forma, ainda que o homem não tivesse visto nem gozado nunca do amor de Deus, eterna Estrela do céu, ainda que Deus não tivesse criado o mundo nem criatura alguma, seria apesar disso, grande, belo, glorioso e digno de ser amado, porque é em Si mesmo e para Si, o bem mais excelente, o mais perfeito e digno de amor.
Depois veremos: Da segunda parte
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