terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Chesterton


" Há um categoria de pessoas, para as quais aquilo que elas desejam que aconteça será o fim último da evolução. E estas são as únicas pessoas sensatas. Este é o único processo realmente saudável a respeito da evolução:Trabalhar para aquilo que desejamos, e chamar isso evolução.

O único sentido compreensível que o progresso ou avanço pode ter entre os homens, é que tenha uma visão definida e desejemos transformar o mundo inteiro, de acordo com esta visão. Isso também pode ser dito de outra forma. A essência da doutrina é que aquilo que temos à nossa volta, é simplesmente o método e a preparação para algo que devemos criar. Isto não é um mundo, mas sim, o material para um mundo. Deus não nos deu as cores de uma pintura, mas as cores de uma paleta. Mas deu-nos, também, um assunto, um modelo, uma visão fixa. Devemos estar seguros daquilo que queremos pintar.

E isto acrescenta mais um princípio à nossa prévia lista de princípios. Já dissemos que temos de gostar deste mundo, até mesmo para que possamos modifica-lo. Acrescentamos agora que temos de gostar de um outro mundo (real ou imaginário), para que possamos ter algo em que transforma-lo.

Não precisamos discutir a respeito dos meros termos "evolução" e "progresso": pessoalmente, prefiro chamar-lhe reforma. Pois a reforma implica a forma. Implica que estamos tentando moldar o mundo de acordo com uma imagem particular: transforma-lo em alguma coisa que já temos gravada em nossa mente. Evolução é a metáfora de um simples e automático desenrolar. Progresso é a metáfora de caminhar ao longo de uma estrada - muito provavelmente de uma estrada errada.

Mas a reforma é uma metáfora para homens razoáveis e determinados: significa que vemos uma coisa fora de forma e pretendemos coloca-la na forma devida. E sabemos bem qual é esta forma.

Agora chegamos ao colapso total e ao erro crasso do nosso tempo.

Misturamos duas coisas diferentes, duas coisas opostas. O progresso devia significar que estamos sempre transformando o mundo para ajusta-lo àquela visão. No entanto, o progresso significa, atualmente, que estamos sempre mudando a visão. Devia significar que nos esforçamos, de forma lenta mas determinada, por trazer justiça e compaixão aos homens, significa agora que estamos prontos a duvidar do desejo de justiça e de compaixão: uma entusiástica página de qualquer sofista prussiano suscita nos homens tal dúvida.

O progresso devia significar que estamos sempre caminhando para a Nova Jerusalém. Significa agora que a Nova Jerusalém está sempre se afastando de nós. Não estamos alterando o real para ajusta-lo ao ideal. Alteramos o ideal: é mais fácil.

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