quinta-feira, 1 de março de 2012

Chesterton


"Sempre acreditei que o mundo envolvia certa mágica, e agora penso que ele talvez envolva um mágico. Isso causa uma profunda impressão, sempre presente no subcosnciente: o nosso mundo tem algum objetivo; logo, se há um objetivo, há um agente. Primeiramente, sempre considerei a vida uma história e, se há uma história, tem de haver um narrador [...] O Universo é uma jóia única e, embora seja matáfora natural falar de uma jóia como algo inigualável e inestimável, no que concerne ao Universo tal expressão é literalmente verdadeira, porque não pode haver outro igual.

Assim, mostra-se inevitavelmente imprópria toda tentativa de exprimir coisas inexprimíveis. Assim são as minhas últimas atitudes perante a vida - o terreno para as sementes de uma doutrina. Pensei nessas coisas, de forma obscura, antes de poder escreve-las e senti-as antes que pudesse pensar sobre elas. E para que possamos prosseguir mais facilmente, vou recapitula-las por alto.

Em primeiro lugar, estou absolutamente convencido de que este mundo não se explica a si próprio. Pode ser um milagre com uma explicação sobrenatural, mas pode ser também um tipo de mágica com uma explicação natural. Mas a explicação desta mágica, para me satisfazer, terá que ser melhor que as explicações naturais que tenho ouvido. A coisa é mágica - verdadeira ou falsa.

Em segundo lugar, sou levado a crer que, se a mágica deve ter algum significado deve revelar a existência de alguém a quem tal significado deva ser atribuído. Havia algo de pessoal no mundo, assim como há algo de pessoal em uma obra de arte; fosse qual fosse o seu significado, manifestava-se violentamente.

Em terceiro lugar, achei que essa intenção era bela no seu antigo desígnio, apesar de ter defeitos, exatamente como os dragões.

Em quarto lugar, verifiquei que a maneira adequada de nos mostrarmos gratos é por intermédio da humildade e limitação. Devemos agradecer a Deus a cerveja e o vinho, e demonstrar esse reconhecimento não os bebendo em excesso. Devemos, também, obediência àquele que nos fez, seja Ele quem for. E - por último e mais estranho -, veio-me a mente uma vaga e vasta impressão de que tudo o que é bom e remanescente de alguma ruína primordial, que devemos guardar e considerar sagrado.

O homem salvou os seus bens como Crusoé salvou os seus haveres: salvou-os de um naufrágio. Eu sentia tudo isso e a minha idade não me deu estímulo para tal sentimento. E, durante todo esse tempo, eu não tinha pensado na teologia cristã"

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Ortodoxia - pag 90

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