sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cristo padeceu sob Poncio Pilatos



Padeceu sob Poncio Pilatos... ....foi crucificado, morto e sepultado

 Pela declaraçao de "não conhecer outra coisa senão a Jesus Cristo, e por sinal que Crucificado"  - São Paulo apregoa a grande necessidade de conhecermos este Artigo, e o zelo que deve ter para meditarmos, o mais possível, a Paixao de Nosso Senhor.

 A primeira parte deste Artigo nos propõe a crer que Cristo Nosso Senhor foi crucificado, quando Poncio Pilatos governava, em nome de Tiberio Cesar a província da Judeia. Fora encarcerado, escarnecido, coberto de toda a sorte de opróbrios e tormentos, e finalmente arvorado no madeiro da Cruz.

 Ninguém deve supor que a parte inferior de Sua Alma ficasse talvez isenta das torturas. Uma vez que Cristo assumiu, realmente, a natureza humarna, força é reconhecer que também na alma sentiu dores fortíssimas. Esta é a razão de ter dito: "Minha alma está triste, a ponto de morrer".

 É certo que a natureza humana estava unida a Pessoa Divina, mas nem por isso deixou de sentir menos a amargura da Pecado. Era como se tal união não existisse; na Pessoa única de Cristo se conservavam as propriedades de ambas as naturezas. Por conseguinte, o que era passível e mortal, permaneceu passivel e mortal; por sua vez, o que era impassível e imortal como cremos ser a natureza divina - conservou esta sua propriedade.

Neste Artigo, notamos uma certa insistencia em indicar-se que Jesus Cristo sofreu durante o tempo que Poncio Pilatos governava a Judeia. Assim se fez, porque a notícia de um fato tão importante e tão necessário seria mais acessível para todos, desde que se notificasse a época certa de sua ocorrência.

Conforme se lê na Escritura, o Apóstolo Sao Paulo também a indicou - I Tim 6,13. Outra razão era para que víssemos, por tais indicações, como realmente se cumpriu a predição de Nosso Salvador: "Entrega-l'O-ao aos gentios, para ser escarnecido, flagelado e crucificado" - Mt 20,19

 Devemos tambem atribuir a um designio de Deus que Cristo, para morrer, escolhesse o madeiro da Cruz. Foi para que dali mesmo [nos] renascesse a vida, por onde [nos] tinha vindo a morte (Prefacio da Santa Cruz). Com efeito, a serpente que por uma árvore vencera nossos primeiros pais, foi vencida por Cristo na árvore da Cruz.

 Podemos, ainda, alegar muitas outras razões, que os Santos Padres desenvolveram mais largamente, e por elas demonstrar, quanto convinha que Nosso Redentor sofresse, de preferencia, a morte na Cruz.

Nosso Senhor escolheu tal gênero de morte, porque lhe parecia o mais próximo e conveniente para a redenção do gênero humano. Certamente, não havia outro que fosse mais vergonhoso e humilhante. Não eram os pagãos os únicos a verem no suplício da cruz a maior repulsão, infâmia e vergonha; também a Lei de Moisés chama " Maldito o homem que pende no madeiro"

Conhecer e entender este artigo são muito necessarios, já que nele se assentam como em sua base, a religião e a fé cristã. Bem lançado este fundamento, todas as outras verdades se mantem firmes e inabalaveis. Se há o que ofereça dificuldades, ao espírito e ao coração humano, será sem dúvida o misterio da cruz. Por ele devemos admirar a soberana Providencia de Deus. Esta é a loucura da sabedoria de Deus que o mundo não conhece. Para compreende-lo, Deus não se cansou de nos ajudar, anunciando sempre a morte de Seu Filho, seja por figuras ou por predições dos profetas.

As  figuras que  representavam antecipadamente a Paixão e Morte de Cristo Nosso Senhor, Abel morto pela inveja do irmão, depois a imolação de Isaac, o cordeiro sacrificado pelos judeus, ao saírem do Egito e finalmente a serpente que Moisés alçou no deserto. Quanto aos profetas, muitos foram aqueles que falaram sobre o assunto. Davi nos Salmos, abrangeu todos os principais mistérios de nossa Redenção, distinguem-se, entre todas, as predições de Isaías. São tão claras e evidentes que, com razão, se nos afiguram ser antes a narração de fatos consumados, do que um previsão de coisas futuras.

 Morto e Sepultado Jesus depois de crucificado, morreu realmente e foi sepultado. Todos os Evangelistas concordam em afirmar que Jesus "entregou o Seu espirito".  Ademais, homem que era perfeito e verdadeiro, Cristo podia tambem morrer, no sentido próprio da palavra. Ora, o homem morre, quando a alma se aparta do corpo. Portanto, com o dizermos que Jesus morreu, queremos simplesmente declarar que Sua Alma foi separada do Corpo.

 Mas, por tal afirmação, não admitimos que do Corpo se tenha separado [também] a Divindade. Muito pelo contrário. Com fé inabalavel confessamos que, depois de separada a Alma do Corpo, a Divindade permaneceu sempre unida, não só ao Corpo no sepulcro, como também a Alma nos infernos.

Convinha que o Filho de Deus morresse, "a fim de aniquilar aquele que tinha o poder da morte, isto é, o demonio; e libertar aqueles que, pelo temor da morte, passavam toda a vida em escravidao" - (Heb 2,14) . O que houve de extraordinario em Cristo Nosso Senhor é ter morrido, quando Ele mesmo decretou morrer; e ter sofrido a morte por um ato de Sua vontade, e não por violencia estranha. Foi Ele mesmo que determinou não só a Sua propria morte, mas até o lugar e o tempo em que havia de morrer.

 Assim, pois, profetizara Isaias: " Foi imolado, porque Ele próprio o quis" (Is 53,7) . E antes da Paixão, o Senhor mesmo disse de Si proprio: "Eu dou a Minha vida, para que a tome de novo. Ninguém a tira de Mim, mas sou Eu que a dou de mim mesmo. Tenho o poder de dá-la, e tenho o poder de toma-la de novo"(Jo 10,17-18 )

 Quando Herodes espreitava a ocasiao de lhe dar a morte, Cristo mesmo Se declarou a respeito do tempo e lugar:" Ide dizer a essa raposa: Eis que lanço fora os demonios, e faço curas hoje e amanhã e no terceiro dia morrerei. Mas, hoje e amanha, e no dia seguinte, devo ainda caminhar, porque nao convem que um profeta pereça fora de Jerusalem" Lc 13,32-33

Fonte: Catecismo Romano

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