Por Padre Leo Trese
O argumento mais forte contra a Igreja Católica é a vida dos maus católicos e dos católicos relaxados.
Se perguntássemos a um católico tíbio: “Não será que tanto faz uma igreja como outra?”, certamente nos responderia indignado: “Claro que não! Há uma só Igreja verdadeira, a Igreja Católica”.
E pouco depois passaria por mentiroso aos olhos dos seus amigos não-católicos ao contar as mesmas piadas imorais que eles, ao embebedar-se nas mesmas reuniões, ao colaborar com eles em mexericos maliciosos, ao comprar os mesmos anticoncepcionais e até, talvez, ao mostrar-se menos escrupuloso que eles nos seus negócios ou na sua atuação política.
Sabemos que estes homens e mulheres são a minoria, ainda que já seria excessivo que houvesse um só. Também sabemos que não nos pode surpreender que na Igreja de Cristo haja membros indignos.
O próprio Jesus comparou a sua Igreja à rede que apanha peixes maus e bons (cf. MT. 13,47-50); ao campo, onde o joio cresce entre o trigo (cf. MT.13,24-30); à festa de casamento, em que um dos convidados se apresenta sem a veste nupcial (cf. MT.22,11-14).
Sempre haverá pecadores: até o fim dos tempos serão a cruz que Jesus Cristo deve carregar aos ombros do seu Corpo Místico. E, não obstante, Jesus sublinhou a santidade como uma das notas distintivas da sua Igreja. Pelos seus frutos os conhecereis, disse Ele.
Porventura colhem-se uvas dos espinhos ou figos dos abrolhos? Assim toda a árvore boa dá bons frutos, e toda a árvore má dá
maus frutos. (MT.7,16-17).
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “a Igreja é [...], aos olhos da fé, indefectivelmente santa”. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é com o Pai e o Espírito proclamado ‘o único Santo’, amou a Igreja como sua esposa, entregou-Se por ela para santificar, uniu-a a Si como seu Corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo para a glória de Deus (LG. 39).
Todas e cada uma destas palavras são verdades, mas não são um ponto fácil de aceitar para o nosso amigo não-católico, especialmente se na noite anterior esteve de farra com um católico e se, além disso, sabia que esse seu amigo pertence à Confraria de Nossa Senhora das Dores da paróquia de São Pafúncio.
Sabemos que Jesus Cristo fundou a Igreja e que as outras comunidades que se autodenominam “igrejas” foram fundadas por homens.
Mas o luterano, provavelmente, zombará da nossa afirmação de que Martinho Lutero fundou uma nova igreja, e dirá que ele nada fez senão purificar a antiga Igreja dos seus erros e abusos.
O anglicano, sem dúvida, dirá algo parecido: Henrique VIII e Thomas Cranner não iniciaram uma nova igreja, simplesmente, separaram-se do “ramo romano” e estabeleceram o “ramo inglês”da Igreja cristã original.
Os presbiterianos dirão o mesmo de John Knox, e os metodistas de John Wesley, e assim sucessivamente em toda a longa lista das seitas protestantes. Todas elas sem exceção proclamam Jesus Cristo como seu fundador.
Acontecerá o mesmo quando, como prova da sua origem divina, afirmamos que a Igreja ensina uma doutrina santa.
“A minha igreja também ensina uma doutrina santa”, responderá o nosso amigo não-católico.
“Concordo sem reservas”, podemos responder. “Penso, evidentemente, que a sua igreja está a favor do bem e da virtude. Mas também creio que não há igreja que promova a caridade cristã e o ascetismo tão plenamente como a Igreja Católica”.
Com toda a certeza, o nosso amigo continuará impassível e porá de lado a questão da “santidade da doutrina” como questão de opinião.
Mas não poderíamos ao menos apontar os santos como prova de que a santidade de Cristo continua a operar na Igreja Católica? Sim, porque é uma evidência difícil de se ignorar.
Os milhares e milhares de homens, mulheres e jovens que levaram uma vida de santidade eminente, e cujos nomes estão inscritos no santoral, são algo que se torna bastante difícil de não ver, como também que as outras igreja não têm coisa parecida, nem de longe.
Não obstante, se o nosso interlocutor possui um verniz de psicologia moderna, poderá tentar derrubar os santos com palavras como “neurose”, “sublimação de instintos básicos”... E, de qualquer maneira, dir-nos-á que esses santos estão só nos livros e que não podemos mostrar-lhe um santo aqui mesmo, agora.
Bem, e agora, que podemos dizer? Só ficamos você e eu.
O nosso amigo perguntador (esperemos que pergunte com interesse sincero) pode proclamar Cristo como seu fundador, pode atribuir uma doutrina santa à sua igreja e pode qualificar os santos como um tema discutível.
Porém, não nos pode ignorar a nós; não pode permanecer surdo e cego ao testemunho de nossas vidas.
Se cada católico que o nosso inquiridor imaginário encontrasse fosse uma pessoa de eminentes virtudes cristãs – amável, paciente, abnegado e amistoso; casto, delicado e reverente na palavra; honrado, sincero e simples; generoso, sóbrio, leal e puro na conduta -, com que impressão você pensa que ele ficaria? Que testemunho arrasador daríamos da santidade da Igreja de Cristo!
Temos de recordar-nos uma e mil vezes de que somos os guardiões do nosso irmão.
Não podemos tolerar as nossas pequenas debilidades, o nossos egoísmo, pensando que tudo se resolve sacudindo o pó numa confissão.
Teremos de responder diante de Cristo não só pelos nossos pecados, mas também pelos pecados das almas que poderão ir para o inferno por nossa culpa. Esqueçamo-nos de todos os restantes católicos e concentremo-nos exclusivamente, agora mesmo, você em si e eu em mim.
Então a nota de santidade da Igreja Católica se tornará evidente ao menos na pequena área em que você e eu vivemos e nos movemos.
Fonte: A Fé Explicada
Estudos anteriores AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário