quarta-feira, 25 de julho de 2012

Poder Global e Religião Universal




Dentre os livros que tive a honra de ler nestes últimos dias, este foi sem dúvida muito importante  para que eu compreendesse realmente como anda o mundo e qual o meu papel enquanto cristã e cidadã  neste contexto atual, onde os valores de Deus e a moral estão sendo excluídos, deixando o ser humano a mercê das hostes malignas que visam destruí-lo, por  ser ele imagem e semelhança do Criador. O inimigo é o mesmo, mas a estratégia agora é outra. Como nos  diz o Monsenhor Sanahuja, ele vem agora travestido de Ecumênico, Ecológico e Relativista. Rezar e vigiar é preciso. Que Deus nos ajude e que a Virgem nos guarde. São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate!

Introdução do livro.


Por Juan Claudio Sanahuja

"João Paulo II na encíclica Evangelium vitae, refere-se ao que chamava de "a verdadeira conjura contra a verdade": "Os  falsos profetas e os falsos mestres conseguiram o maior êxito possível". Infelizmente certos setores do Cristianismo não escaparam à colonização da Nova Ordem. Em algumas organizações de tradição cristã o que prevalece não é o compromisso com a verdade: o medo de serem acusadas de fundamentalistas, a ambiguidade cúmplice - da qual se tira indigno proveito - e a aceitação resignada dos falsos valores da modernidade - como o sucesso, a popularidade, a excelência - provocaram em algumas pessoas uma verdadeira apostasia material da Fé em Jesus Cristo.

Parece que para elas não existem princípios imutáveis dos quais não se pode fazer concessão. Como diz Spaemann, foi imposta : "uma nova ética que avalia as ações como parte de uma estratégia. A ação moral torna-se, então, uma ação estratégica". Esta forma de pensar, que de início era chamada comumente de "utilitarismo", tem sua origem no pensamento político", o que leva a cair no consequencialismo moral.

O diálogo se transforma em "dialoguismo", no qual é concedido o inegociável, e, com desculpa de se descobrir o que é positivo nas diferentes manifestações sociais e culturais contaminadas de paganismo, muitos católicos não resistem a nenhuma  de suas exigências abusivas, coonestam o erro, ocultam sua fé, não demonstram com obras que são cristãos e, com frequência, se mostram mais amigos dos inimigos de Deus que de seus irmãos de fé.

A crise da Igreja é grave. Tenho a impressão de que não se esconde de ninguém que o cataclismo social que afeta o respeito à vida humana e à família tem essa triste situação como causa.  Michel Schooyans afirma, sem nenhuma dúvida, que a Nova Ordem Mundial, "do ponto de vista cristão,  é o maior perigo que ameaça a Igreja desde a crise ariana do século IV", quando, nas palavras atribuídas a São Jerônimo, "o mundo dormiu cristão e com um gemido, acordou ariano"

O consolo banal e pusilânime de dizer que "vai passar", que o "pêndulo da história voltará a se equilibrar", nada resolve porque, enquanto isso, criam-se situações que põem em perigo a fé de muitas pessoas. Nossa primeira atitude não deve ser - ainda que a tentação exista -nem de queixa nem de denúncia,mas de obediência a Jesus Cristo,que é exigente: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos"(Jo 14,15). Só assim nosso falar e pensar servirá para que Deus possa ser ouvido,para que possa encontrar espaço no mundo. Só assim seremos bons instrumentos purificados pelo Senhor.

Como comenta Bento XVI,tomando a primeira carta de São Pedro: "  A obediência à verdade deveria tornar casta a nossa alma e desta forma guiar à reta palavra e à reta ação. Em outras palavras, falar para encontrar aplausos, falar orientando-se segundo o que os homens querem ouvir, falar em obediência à ditadura de opiniões comuns é considerado uma espécie de prostituição da palavra e da alma. A castidade à qual o apóstolo Pedro faz alusão não é submeter-se a estes protótipos, não é procurar aplausos, mas procurar a obediência à verdade"  (Homilia durante a missa com os membros da comissão teológica Internacional - 06/10/2006)

Bento XVI propôs recentemente, de forma sintética, o exemplo de São João Leonardo: " tender constantemente à alta medida de vida cristã, que é a santidade", porque "só da fidelidade a Cristo pode surgir a autentica renovação eclesial". São João Leonardo viveu nos anos em que começou a se delinear o pensamento moderno " que produziu entre seus efeitos negativos a marginalização de Deus, com a ilusão de uma possível e total autonomia do homem que escolhe viver ' como se Deus não existisse'. É a crise do pensamento moderno, que muitas vezes desemboca em formas de relativismo.

 São João Leonardo intuiu qual era o verdadeiro remédio para estes males espirituais e resumiu-o na expressão: " Cristo antes de tudo". Reafirmou que o encontro vivo com Cristo se realiza em sua Igreja, santa mas frágil, radicada na história e no seu porvir, às vezes obscuro, no qual o trigo e o joio crescem juntos, mas que é sempre Sacramento de salvação. Não se escandalizou com as fraquezas humanss e para combater o joio optou por ser bom trigo: ou seja, decidiu amar a Cristo na Igreja e contribuir para torna-la cada vez mais trnsparenete d ' Ele. (Audiência Geral 07/10/09)


A sociedade e o Estado excluíram Deus e "onde Deus é excluído, a lei da organização criminal toma seu lugar, não importa se de forma descarada ou sutil. Isto começa a tornar-se evidente ali onde a eliminação organizada de pessoas inocentes - ainda não nascidas - se reveste de uma aparência de direito, por ter a seu favor a proteção do interesse da maioria" (Bento XVI - Iglesia y Modernidad, Buenos Aires: Paulinas p.115 - 1992)


Este caminho não será fácil, nem seguro:" Num mundo onde a mentira é poderosa, paga-se a verdade com o sofrimento. Quem quer evitar o sofrimento, mante-lo longe de si, mantém longe a própria vida e sua grandeza; não pode ser servo da verdade nem pode  servir à fé" (Bento XVI Homilia 28/06/2008)


Para este serviço à fé contamos coma graça proporcional às circunstâncias que Deus nos  deu: " Não devemos distanciar-nos de Deus, mas tornar Deus presente; fazer com que Ele seja grande em nossas vidas;[...]É importante que Deus seja grande entre nós, na vida pública, através por exemplo, da cruz nos edifícios públicos"  (Bento XVI homilia na Solenidade da Assunção - 2005)


O Santo Padre tem insistido no testemunho público dos católicos; mas não estaremos complexados e covardes, omitindo deveres elementares com a desculpa de pluralismo e abertura? Os inimigos que enfrentamos hoje são muito poderosos. Irremediável é o sofrimento pela Verdade, igualmente inevitável a perseguição dos bons e, ao mesmo tempo, impreterível a necessidade de testemunho pessoal e social, individual e coletivo, o que nos é exigido como cristãos.


Recordemos que as vésperas da Conferência do cairo, João Paulo II convidou-nos  a recorrer a São Miguel Arcanjo coma oração que " O Papa Leão XIII introduziu em toda a Igreja[...] para obter ajuda nesta batalha contra as forças das trevas" 


Em 1982 referia-se ao mistério da iniquidade na Homilia em Cracóvia: " O homem vive como se Deus não existisse e chega a pôr-se a si mesmo no lugar de Deus. Assim, arroga para si próprio o direito do criador de interferir no mistério da vida humana.  Quer decidir a vida do homem e determinar o limite da morte. Rejeitando as leis divinas e os princípios morais, ele atenta abertamente contra a família. Da várias maneiras procura calar a voz de Deus no coração dos homens e quer fazer de Deus o 'grande ausente'  na cultura e na consciência dos povos. O mistério da iniquidade continua a caracterizar a realidade do mundo" 


Por isso, hoje mais do que nunca devemos responder de forma consciente diante de Jesus Cristo, participando de sua oração e de sua Cruz, com a direção do magistério da Igreja: Ubi Petrus, Ibi Ecclesia, Ibi Deus. Procuremos ser bons discípulos de Nosso Senhor, sem dar rédeas à tentação da impaciência, de imediatamente buscar o grande êxito, os grandes números, deixando a Ele quando e como nosso trabalho dê fruto.Para tanto é preciso rezar mais, estudar mais, pensar mais e agir  mais  para quebrar o espartilho do politicamente correto, dos lugares comuns e do encantamento mundano"


Buenos Aires, 7 de novembro de 2009
Festa de Maria, Mãe e Medianeira da Graça.
Juan C. Sanahuja

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