domingo, 26 de agosto de 2012

Os Primeiros Cristãos aguardam a volta de Jesus e o fim dos tempos


Por Georges Suffert 

 1 - Introdução
 2- Jesus ou Aquele que precedeu a Igreja
 3- A estratégia inicial dos Apóstolos 
 4- A Igreja de Jerusalém: Ascensão e Queda
 5 - A Irrupção de Paulo 
 6 - O Primeiro Concílio da História
 7 - A ruptura entre cristãos e judeus



" É difícil para nós, imaginar os apóstolos e aqueles que começam a se reunir em volta deles, por volta de 50-60. Para muitas dessas pessoas, Jesus é decerto o Messias, o Filho de Deus. A fé é que lhes permitirá entrar num universo desconhecido. No entanto, elas não conheceram Jesus.

Imaginam sua silhueta, inúmeras vezes descrita; só isso. O passeante de Tiberíades mergulha nas brumas do tempo. É certo que as pessoas ouvem a pregação dos discípulos e participam das reuniões de oração. Seu desejo oculto é se aproximar de seu modelo. Sua esperança é a volta d'Ele. Pois Ele assim prometeu. Voltará. Então, a antiga terra terá acabado, outra surgirá do nada. O mundo terá enfim se tornado esse jardim cheio de leite e mel descrito na Bíblia. O fim dos tempos - isto é, o advento do reino dos pobres - será também o Reino de Deus. Isto também foi anunciado por Jesus.

Essa incrível revelação precisa ser o quanto antes transmitida aos homens do mundo inteiro. Quantos são eles? Onde estão? Mistério. Para esses cristãos das origens, seu universo familiar vai do eixo Nazaré-Cafarnaum ao de Jerusalém-Hebron. É a antiqüíssima terra prometida a Moisés. Ademais, toda a evangelização iniciada se desenrola nesse país do tamanho de um lenço. No entanto, os apóstolos sabem que precisarão se afastar dessa população judaica que os ouve com sentimentos acalmados. O que está além do país das origens os aguarda.

É aí que nossa imaginação escorrega.

O que é o Império Romano para esses judeus que, em geral, nunca viram o mar, mesmo que saibam perfeitamente situá-lo? Esses judeus para quem cidades como Antióquia ou Gaza são remotas e meio fabulosas?

Naturalmente, há a diáspora dos judeus. Há quase dois séculos, comunidades mais ou menos importantes vêm sendo implantadas em Roma, Éfeso e Alexandria. A população destas cidades aumentará maciçamente logo depois da guerra. Mas desde os anos 50-60, elas podem servir de pouso, se é possível dizer. Em seu seio, as pessoas encontram pelo menos uma maneira de viver, de comer, de rezar.

Com os judeus da diáspora, elas podem se expressar na língua comum: o aramaico, às vezes o hebraico. Na verdade, os que ousarem deixar o ninho original se beneficiarão, bem ou mal, da existência desses grupos afastados. As disputas continuarão, como no atrio do Templo de Jerusalém.

É verdade, e no entanto é uma derradeira ilusão. Chegará um momento - muito rápido - em que será necessário realmente deixar o mundo judeu. Fora dele está o Império, uma potência universal que a maioria dos judeus detesta, mas cuja imensidão tem algo de apavorante. Roma tem os povos, os portos, as estradas; seu exército é onipresente. Mais grave: tem seus deuses, seus ritos, sua língua.

A que romano se dirigir para tentar lhe ensinar a revelação cristã?

Pois que uma evidência perturba o espírito da minúscula Igreja das origens: a Grécia.

Ela está relativamente próxima. Inventou tudo, afirma-se; em todo caso, a filosofia, pelo menos. Não só os gregos dispõem de uma língua universal - o que não intimida muito os judeus - como também sabem pensar. Pode-se fingir ignorá-los, mas, na verdade, isso é impossível. Será necessário então transpor esse rio imenso. Apóstolos e discípulos têm consciência desses obstáculos? Não explicitamente. O que não impede que cada um dos Evangelhos tenha como alvo - sem que isso seja dito - uma população determinada.

É evidente que Paulo em geral se dirige às comunidades helenizadas. Lucas escreverá para elas também, o que não basta. Mais uma vez o grego não é somente a língua - que a maioria dos judeus instruídos compreende -, é também uma maneira de estar no mundo.

Se os cristãos querem transmitir a revelação a seus vizinhos do Norte e do Sul, se querem ser bem compreendidos tanto em Atenas quanto em Alexandria, é preciso que a passagem de Jesus por esta terra entre nas categorias intelectuais gregas; é o preço a pagar para que o mundo se torne cristão.

Teriam esses primeiros cristãos consciência da extravagância do desafio que lançavam à mais alta cultura da Antiguidade? Sem dúvida não, mas não importa. Eles têm fé. Seus ouvintes não crêem em mais nada. Os cristãos partiram então para a conquista da cultura grega

Depois veremos: O Inicio da expansão
Quem é o sucessor de Pedro?

Fonte: Tu és Pedro.

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