quinta-feira, 18 de abril de 2013

Igreja não pode ser babá dos leigos


Papa Francisco

 

 "O poder do Batismo leva os cristãos à valentia de anunciar Jesus, inclusive sem seguranças, até em meio a perseguições": esta foi a mensagem do Papa Francisco durante a Missa que celebrou ontem na Casa Santa Marta, na presença de um grupo de trabalhadores do Banco Vaticano.

 A homilia do Papa se centrou em uma passagem dos Atos dos Apóstolos: a primeira comunidade cristã de Jerusalém vivia em paz e caridade, mas, imediatamente depois do martírio de São Estêvão, começou uma violenta perseguição. "Isso, observou o Pontífice, é um pouco do estilo de vida da Igreja: entre a paz da caridade e a perseguição."

 É o que acontece sempre na história, "porque é o estilo de Jesus". Com a perseguição, muitos fiéis fogem para a Judeia e Samaria, e lá anunciam o Evangelho, apesar de estarem sozinhos, sem sacerdotes, porque os apóstolos tinham ficado em Jerusalém. "Deixaram suas casas, levaram poucas coisas consigo; não tinham segurança, mas foram de lugar em lugar anunciando a Palavra. Carregavam a riqueza que possuíam: a fé. Esta riqueza que o Senhor lhes havia dado. Eram simples fiéis, batizados há cerca de um ano. Mas tinham essa valentia de ir anunciar. E as pessoas acreditavam neles. E eles faziam milagres." "Estes primeiros cristãos tinham somente a força do Batismo, que lhes dava a valentia apostólica, a força do Espírito Santo", afirmou o Papa.

 "Então eu penso em nós, batizados, se nós temos esta força. E penso: mas nós acreditamos nisso? Acreditamos que o Batismo é suficiente para evangelizar? Ou esperamos que o padre peça, que o bispo peça? Mas e nós?"

 "A graça do Batismo está um pouco fechada e nós estamos endurecidos pelos nossos pensamentos, pelas nossas coisas. Ou às vezes pensamos: 'Não, nós somos cristãos; eu recebi o Batismo, a Crisma, fiz a primeira comunhão, ou seja, o documento de identidade está em dia'. E agora você dorme tranquilo: você é cristão. Mas onde está a força do Espírito Santo que faz você seguir em frente?"

 Para o Papa, "é necessário ser fiéis ao Espírito para anunciar Jesus com a nossa vida, com o nosso testemunho e com as nossas palavras". "Quando fazemos isso, a Igreja se torna uma Igreja Mãe que gera filhos, filhos e filhos, para que nós, filhos da Igreja, levemos isso. Mas quando não o fazemos, a Igreja não se torna Mãe, e sim Igreja babá, que nina a criança para dormir. É uma Igreja dormente. Pensemos em nosso Batismo, na responsabilidade do nosso Batismo."

 O Papa recordou as perseguições no Japão, no século 17, quando os missionários católicos foram expulsos e as comunidades cristãs permaneceram 200 anos sem sacerdotes. Ao voltar, os missionários encontraram "todas as comunidades bem, todos batizados, todos catequizados, todos casados pela Igreja": graças à ação dos batizados. "Existe uma grande responsabilidade para nós, batizados: anunciar Cristo, levar adiante a Igreja, essa maternidade fecunda da Igreja.

 Ser cristão não é fazer carreira num escritório para se tornar um advogado ou um médico cristão. Não! Ser cristão é um dom que nos faz ir em frente com a força do Espírito no anúncio de Jesus Cristo", disse.

 Durante a perseguição dos primeiros cristãos, recordou finalmente o Papa, Maria orava muito e incentivava os batizados a seguir adiante com valentia.

 "Peçamos ao Senhor a graça de ser batizados corajosos e confiantes em que o Espírito, que temos em nós, recebido no Batismo, nos incentive sempre a proclamar Jesus Cristo com nossa vida, com o nosso testemunho e também com as nossas palavras", concluiu Francisco.

 (© Rádio Vaticano)

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