Por venerável Fulton Sheen
" A liberdade está plantada no espírito. Só as criaturas espirituais e racionais são livres. Só o homem tem determinação própria. Porque, dotado de razão, pode assentar os seus próprios projetos e propósitos e escolher os meios de usa-los. Sua suprema liberdade é obtida quando age dentro da lei de seu ser e escolhe dentre as boas coisas com o fim de alcançar o mais completo enriquecimento e a plenitude de sua personalidade em Deus.
A base de nossa liberdade, bem sabemos -, é nossa alma racional. Mas existe uma garantia externa de nossa liberdade, já que não somos puramente espirituais, mas porque somos compostos de corpo e alma, matéria e espírito, necessitamos de algum sinal visível e externo de nossa invisível liberdade espiritual. Ou, se o homem é livre porque tem uma alma espiritual, não deverá haver um sinal externo para essa liberdade interna, algo que possa chamar de seu no mundo exterior, assim como chama a sua alma propriedade dentro de si?
Liberdade significa responsabilidade ou domínio de seus atos.. Como pode, porém, esta responsabilidade interna melhor revelar-se externamente do que por meio da posse de alguma coisa material sobre a qual se possa exercer controle? O homem é mais livre em seu íntimo, quando possui alguma coisa no mundo exterior que possa chamar de seu , que possa dar cunho a sua personalidade.
Se o homem não possuísse nenhuma coisa que se pudesse tornar responsável, não seria livre nem dentro, nem fora de si. Dêem-lhe, porém, alguma coisa que possa afeiçoar à sua própria imagem e semlhança, assim como Deus o fez à sua imagem e semelhança e o homem será economicamente livre. Tal coisa é a propriedade privada.
A propriedade privada, então, é a garantia econômica da liberdade, tal como a alma é sua garantia espiritual - a prova de que é tao livre em seus atos externos quanto em seu fôro íntimo; a garantia de que é a fonte da responsabilidade não somente no que se refere ao que ele é, mas também ao que possui.
O direito à propriedade privada baseia-se na dignidade da pessoa humana e não num privilégio do Estado. O Estado pode confirmar o direito natural, mas em nenhum sentido o cria. O direito á propriedade está, portanto, fundado na natureza humana. Não é o Estado que nos dá este direito. O homem tem esse direito antes do Estado e o Estado não pode destruí-lo sem destruir a natureza do homem.
Pelo fato de a propriedade em suas relações externas ser o sinal da liberdade, é que a Igreja tem feito da larga distribuição da propriedade privada a pedra angular de seu programa social. " A riqueza, constantemente aumentada pelo progresso econcômico e social, deve ser distrubuída por entre os vários indivíduos e classes de modo tal que seja alcançado o bem comum de todos" ( Quadragesimo Anno)
A Igreja por saber que a propriedade privada é a garantia econômica de uma pessoa ou família, luta por ela. Porque renunciar à propriedade é ficar alguém sujeito a outrem. Se renunciar ao meu direito è propriedade, ficarei sujeito, quer:
1 - Ao Estado ou coletividade, como no comunismo,
2 - Ao próximo, como o capitalismo selvagem o quer
3 - A Deus, como no voto de pobreza.( neste caso, ele tudo possui, mas a tudo renuncia, pois nada tem a desejar)
Porque a abolição da propriedade é o começo da escravidão, opõe-se a Igreja ao capitalismo selvagem que encerra a propriedade nas mãos de poucos e ao comunismo, que confisca inteiramente em nome da coletividade.
Profundamente interessada na liberdade do homem, recorre a Igreja a um meio eficaz: sugere-lhe aquilo que o fará livre, isto é, dá-lhe alguma coisa que ele possa chamar de seu.
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Depois veremos: Restaurar a propriedade ou destruir a liberdade?
Fonte: O problema da Liberdade
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