segunda-feira, 4 de julho de 2011

A Vida da Graça - Sua Natureza



Natureza da Vida da Graça


A Vida Sobrenatural: É a participação da vida divina, conferida pelo Espírito Santo que habita em nós, em virtude dos méritos de Jesus Cristo, a qual devemos cultivar contra as tendências opostas. A parte principal desta vida é Deus, pois Ele nos faz comparticipantes de sua própria vida, em virtude dos merecimentos de Jesus, que é causa: meritória, exemplar e vital de nossa santificação, portanto temos uma vida semelhante à de Deus. A nossa vida consiste em utilizar os dons divinos, para vivermos em Deus e para Deus, em união com Jesus, imitando-o e combatendo a todo custo a tríplice concuspicência que persiste em nós, e como o Senhor nos dotou deste organismo sobrenatural, temos obrigação de o fazer crescer por meio de atos meritórios e da fervorosa recepção dos sacramentos.

Deus Opera em Nós

1- Por Si mesmo: Habita em nós: → Dota-nos de um oraganismo sobrenatural – Logo: Devoção à Santíssima Trindade

2- Pelo Seu Verbo Encarnado que é principalmente → Causa meritória – causa exemplar – causa vital da nossa vida – Logo: Devoção ao Verbo Encarnado

3- Por Maria que é secundariamente → Causa meritória – causa exemplar da nossa vida e ela é causa distribuidora de graças - Logo: Devoção à Maria.

4- Pelos Santos Anjos → Imagens vivas de Deus: venerá-los. Como Intercessores: Devemos então invocá-los. Modelos: devemos imitá-los.

Nós Vivemos e Operamos para Deus

1- Lutando contra – A concuspicência – o mundo – o demônio.

2- Santificando nossas ações – Seu tríplice valor – Condições de Mérito – Meios de tornar nossos atos mais meritórios.

3- Recebendo dignamente os Sacramentos – A graça sacramental e a graça especial: da penitência e da Eucaristia.

Da parte da Santíssima Trindade

O primeiro princípio, a causa eficiente principal e a causa exemplar da vida sobrenatural em nós é a Santíssima Trindade, ou, por apropriação, o Espírito Santo, por ser uma obra de amor. Ela contribui para nossa santificação de duas maneiras:

1 - Vem habitar a nossa alma, e produz nela um organismo sobrenatural, que lhe permite fazer atos deiformes. - A Habitação do Espírito Santo na alma. Sendo que a vida cristã é a participação de vida divina, conclui-se que só Ele a pode dar, e o faz, vindo habitar em nossas almas nos ajudando a cumprir nossos deveres para com Ele, gozar da Sua presença e deixar-nos conduzir por Ele com docilidade, a fim de alcançarmos as disposições e virtudes de Jesus Cristo, e portanto uma graça incriada

Veremos então como atua cada pessoa da Santíssima Trindade em nós e como nos devemos portar a respeito. Ensina Santo Tomás que Deus está naturalmente nas criaturas de três maneiras: Por potência, por presença e por essência

Por potência→ todas a criaturas estão sujeitas ao seu império

Por presença→ enquanto vê tudo, até os mais secretos pensamentos da nossa alma

Por essência→ porquanto opera em toda a parte e em toda parte é plenitude do ser e a causa primeira de tudo que há de real nas criaturas, comunicando-lhes sem cessar não somente o movimento e a vida, senão também o mesmo ser : ”in ipso enim vivimus, movemur et sumus” – Nele nos vivemos, movemos e existimos.

Sua presença em nós na graça é em ordem muito superior e mais íntima. O Pai vem a nós e em nós continua a gerar o Seu Verbo, com Ele recebemos o Filho, perfeitamente igual ao Pai, imagem viva e substancial, que não cessa de amar infinitamente a Seu Pai como é dele amado; deste amor recíproco procede o Espírito Santo, pessoa igual ao Pai e o Filho, laço mútuo entre eles ambos e contudo distinto dum e doutro. Que de maravilhas se não renovam em uma alma em estado de Graça!! Deus não somente está presente em nós, como se dá a nós, para dEle podermos gozar. Ele se nos dá como: Pai, amigo colaborador e santificador sendo assim o próprio princípio da nossa vida interior, sua causa eficiente e exemplar

Na ordem da natureza: Deus está em nós como Criador e soberano Senhor e nós não somos senão seus servos. Na ordem da graça: Deus se dá a nós como Pai e nós somos seus filhos adotivos→ privilégio maravilhoso que é a base de nossa vida sobrenatural. A graça da adoção divina, que nos advem da fé no Verbo Filho de Deus, é uma realidade e ela é efetiva, pois entramos em posse da natureza divina, em forma de participação, é certo, mas que nos faz seres deiformes com uma vida nova semelhante a de Deus. Temos com ela uma nova geração ou regeneração. Por ela somos herdeiros do reino celeste e co-herdeiros de nosso irmão mais velho: Jesus.

Como um Pai

Deus terá para conosco a dedicação de um Pai amantíssimo e delicadíssimo e Ele mesmo se compara à mãe que jamais pode esquecer seu filhinho. Oh! Sem dúvida, Ele mostrou de sobra, pois que, para salvar os seus filhos perdidos, não hesitou em dar e sacrificar o seu Filho Unigênito. É este mesmo amor que o leva a dar-se todo, desde agora e de modo habitual, a seus filhos adotivos, habitando em seus corações.

Como Amigo

A graça que recebemos nos torna amigos de Deus, e acrescenta às relações de Pai e filho um certa igualdade, uma certa intimidade que implica na mais doce das comunicações. Deus confia-nos os seus segredos, fala-nos não somente pela Igreja, senão também dum modo interior, pelo Seu Espírito. Admirável intimidade que não houvéramos jamais ousado ambicionar, se o Amigo divino se não tivesse antecipado. O Espírito divino vem em frequentes visitas às almas interiores, os doces colóquios que entretém com elas, as consolações e carícias de que as cumula, a paz que nelas faz reinar, a assombrosa familiaridade com que as trata. É, pois, verdade pura que Deus vive em nós como amigo íntimo.

Como Colaborador

Deus não fica em nós ocioso; opera em nossa alma como o mais poderoso dos colaboradores. Como sabe perfeitamente que de nós mesmos não podemos cultivar esta vida sobrenatural em nós depositada, supre a nossa impotência, colaborando conosco com a graça atual. Necessitamos de luz para perceber as verdades de fé que doravante nos guiarão os passos? É Ele o Pai das luzes, que nos virá iluminar a inteligência acerca do nosso último fim e dos meios para o alcançar; é Ele que nos sugerirá bons pensamentos inpiradoras de boas ações. Precisamos de força para querer sinceramente orientar a vida para nosso fim, para o querer energica e constantemente? É Ele que nos ajudará sobrenaturalmente para cumprirmos as nossas resoluções. É Ele que nos ajuda a combater ou disciplinar as nossas paixões, de vencer as tentações e ainda colabora para resistir e tirar delas paretido para nos fortalecermos na virtude. Quando, fatigados de praticar o bem, nos sentimos tentados ao desalento e aos desfalecimentos, Ele se aproximará de nós, para nos sustentar e assegurar a perseverança; “Aquele que começou em vós a obra da santificação, aprefeiçoa-la-á até ao dia de Cristo Jesus”(Fl 1,6). Jamais estaremos sós, ainda quando, privados de consolação, nos julgamos desamparados: a Graça de Deus estará sempre conosco, contando que consitamos em trabalhar com ela. Assim podemos dizer: “Tudo podemos n’Aquele que nos fortalece” Fl 4,13)

Como Santificador

Vindo habitar a nossa alma, transforma-a num templo santo, ornado de todas as virtudes: “Templum Dei sanctum est”. O Deus que vem habitar em nós pela graça, é o Deus vivo, a Santíssima Trindade, fonte infinita da vida divinam que nada mais ardentemente deseja do que fazer-nos participar da sua santidade. Esta habitação por ser uma obra de amor, é atribuida ao Espírito Santo, por apropriação, mas como é uma obra ad extra, é comum as três pessoas divinas. Por isso somos chamados templos de Deus ou templos do Espírito Santo. Nossa alma passa a ser o trono de Deus e ali Ele distribui seus favores celestes e o adorna de todas as virtudes. Ele é então princípio de nossa santificação, a fonte da nossa vida interior.. Ele é também, causa exemplar e como filhos devemos imitar nosso Pai.

Nossos deveres para com a Santíssima Trindade que vive em nós

Ter Deus dentro de si, este tesouro, deve fazer pensarmos sempre nesta presença e como consequência, nasce três sentimentos: adoração, amor e imitação.

A- Adoração: Como não glorificar, bendizer, das graças a este hóspede divino que nos transforma a alma em um verdadeiro santuário? Devemos nos oferecer como hóstia de louvor à glória das três divinas Pessoas.

a) Ao princípio de todas nossas ações devemos fazer o sinal da cruz: in nomine Patris et Filli et Spiritus Sancti, consagrando a Eles cada uma delas e ao términá-las, reconhecemos que todo o bem que fizemos lhe deve ser atribuído: Gloria Patri et Filio et Spiritui Sancto.

b) Deliciemo-nos a repetir as orações liturgicas que celebram os louvores da Santíssima Trindade: o Gloria in excelsis Deo, que exprime tão bem todos os sentimentos de religião para com as divinas Pessoas e sobretudo com o Verbo Encarnado; o Sanctus, que proclama a santidade divina; o Te Deum, que é hino de gratidão.

B- Amor

Depois de ter adorado a Deus e proclamado o próprio nada, deixa-se levar a alma aos sentimentos do amor mais repassado de confiança. Como um Pai, Deus inclina-se para nós e convida-nos a amá-lo, a dar-lhe o nosso coração ”Praebe, fili mi, cor tuum mihi”. Este amor, tem Ele direito de o exigir; prefere contudo, pedi-lo docemente, para que possamos recorrer a Ele mais confiadamente. Como não corresponder a tão delicadas finezas, a tão maternais solicitudes com amor cheio de confiança?

Será amor penitente, para expiar as nossas tão numerosas infidelidades no passado e no presente, amor reconhecido, para dar graças a este insigne benfeitor, a este colaborador dedicado, que nos cultiva a alma com tanta solicitude; mas sobretudo amor de amizade, que nos fará conversar com a mais generoso e fiel dos amigos, a abraçar todos os seus interesses, procurar a sua glória, fazer glorificar o seu santo nome. Não será, pois, mero sentimento afetuoso: seráamor generoso, que vá até o sacrifício e esquecimento de si mesmo, até à renúncia da vontade própria pela submissào aos preceitos e conselhos divinos.

C- Imitação

O Amor nos levará à imitação da Adorável Trindade na medida que esta é compatível com a fraqueza humana. Filhos adotivos de um Pai infinitamente santo, templos vivos do Espírito Santo, compreendemos melhor a necessidade de respeitar o nosso corpo e a nossa alma. São Paulo dizia: «Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus mora em vós? Se algum, pois, violar o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus é santo: e esse templo sois vós»: «Nescitis quia te Dei estis et Spiritus Dei habitat in vobis? Si quis autem templum Dei verit, disperdet illum Deus. Templum enim Dei sanctu est quod estis vos”(Icor 3,16-17). A experiência prova que não há, para as almas generosas, motivo poderoso que aquele, para as desviar do pecado e excitar à prática das virtudes. E na verdade, não é mister purificar e adornar incessantemente um templo onde reside o Deus três vezes santo? Demais, quando Cristo nos quer propor um ideal de perfeição, não o vai buscar fora da SSma.Trindade: «Sede perfeitos, diz Ele, como vosso Pai celestial é perfeito; Estote ergo vos perfecti, sicut et Pater vester coelestis perfectus est”(Mt 5,48)

À primeira vista, parece excessivamente elevado este ideal; se, porém nos lembrarmos que somos filhos adotivos do Pai, e que Ele vive em nossa alma, para nela imprimir a sua imagem e colaborar em nossa santificação compreenderemos que nobreza obriga e que é um dever aproximar-nos incessantemente das divinas perfeições. É sobretudo para praticar a caridade fraterna que Jesus nos pede tenhamos diante dos nossos olhos este modelo perfeito, que é a indivisível unidade das três divinas Pessoas: «Para que eles sejam todos um, como tu, Pai, o és em mim, e eu em ti, para que também eles sejam um em nós: Ut omnes unum sint, sicut tu, Pater, in me et ego in te, ut et ipsi in nobis unum sint» (Jo 17,21) ara resumir tudo, podemos concluir que a vida cristã consiste, antes de tudo, numa união íntima, afetuosa e santificante com as três divinas Pessoas, que nos conserva no espírito de religião, amor e sacrifício.

(Depois veremos - Do Organismo da vida cristã )

Veja nosso estudo:

A Vida da Graça - Um tesouro a adquirir -

Queda e Castigo e Redenção

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