quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A História do Sacrifício


Por Scott Hann

A frase da missa que venceu Scott foi "Cordeiro de Deus", porque ele sabia que esse Cordeiro era o próprio Jesus Cristo.

Recitamos esse Cordeiro de Deus na missa, exatamente o mesmo número de vezes que vimos o sacerdote elevar a hóstia e proclamar: "Eis o Cordeiro de Deus...

O Cordeiro é Jesus!

Isso não é novidade; e é o tipo de fato que escondemos: afinal de contas Jesus é muitas coisas: é Senhor, Deus, Salvador, Messias, Rei, Sacerdote, Profeta ...e Cordeiro!

O último título não é como os outros. Os sete primeiros são títulos com os quais nos dirigimos tranquilamente a um Deus-Homem. São títulos com dignidade, que sujerem sabedoria, poder e posição social.

Mas Cordeiro?

Scott nos pede para nos desfazermos de dois mil anos de sentido simbólico acumulado. Que finjamos por um momento que jamais entoamos o "Cordeiro de Deus!!

A respeito do Cordeiro

Esse título parece quase cômico de tão inadequado. Em geral, cordeiros não ocupam 0s primeiros lugares das listas de animais mais admirados. Não são particularmente fortes, nem espertos, sagazes ou graciosos. E outros animais parecem mais merecedores.

Por exemplo: É fácil imaginarmos Jesus como o Leão de Judá (Ap5,5).

Os leões são magestosos, forteis e ageis, ninguém mexe com o rei dos animais. Mas o Leão de Judá desempenha papel efêmero no livro do apocalípse. Ao mesmo tempo, o Cordeiro prevalece e aparece nada menos que vinte e oito vezes.

O Cordeiro governa e ocupa o trono de céu (Ap 22,3).

É o Cordeiro quem lidera um exército de centenas de milhares de homens e anjos, e acende o medo nos corações dos ímpios (Ap 6, 15-16).

Esta última imagem, do Cordeiro feroz e assustador, é quase absurda demais para imaginar-mos sem sorrir! No entanto, para João, esse assunto do Cordeiro é sério!

Os títulos "Cordeiro" e "Cordeiro de Deus" aplicam-se a Jesus quase exclusivamente nos livros do novo testamento atribuídos a João: o quarto evangelho e o apocalípse. Embora outros livros neotestamentários (Ap8,32-35; IPd 1,19) digam que Jesus é "como" um cordeiro em certos aspectos, só João ousa "chamar" Jesus " o Cordeiro" (Jo 1,36 e Ap todo).

Sabemos que o cordeiro é fundamental para a Missa e também para o livro do Apocalípse. E sabemos "quem "o Cordeiro é. Entretanto, se queremos experimentar a Missa como o céu na terra, precisamos saber mais. Precisamos saber o "que" o Cordeiro é e "por que" o chamamos "Cordeiro".

Para descobrir, temos de voltar no tempo, quase até o início...

Pão Salutar

Para o antigo Israel, o cordeiro identificava-se com o sacrifício, que era uma das formas mais primitivas de adoração. Já na 2ª geração descrita no Gn, encontramos na história de Caim e Abel, o 1º exemplo registrado de uma oferenda sacrifical:"Caim trouxe ao Senhor uma oferenda de frutos da terra; tbem Abel trouxe primícias dos seus animais e a gordura deles" (Gn 4,3-4).

No devido tempo, encontramos holocaustos semelhantes oferecidos:

Por Noé (Gn 8,20-21)
Abraão (Gn 15,8-10; 22,13)
Jacó (Gn 46,1)e outros.

No gênesis, os patriarcas estavam sempre construindo altares, e estes serviam primordialmente para sacrifícios.

Entre os sacrifícios do Gn. dois merecem nossa atenção:
- Melquizedec (Malki-Sédeq,Gn 14,18-20)
- e o de Abraão e Isaac (Gn 22).

Melquizedec surge como o 1º sacerdote mencionado na Bíblia e muitos cristãos(Hb 7,1-17) o consideram precursor de Jesus Cristo. Melquisedec era sacerdote e rei, combinação estranha no AT, mas que , mais tarde, foi aplicada a Jesus. Ele é descrito como rei de Shalem, terra que depois seria "Jeru-salém" que significa "Cidade da Paz"(Sl 76,2). Um dia Jesus surgiria como rei da Jerusalém celeste e novamente como Melquizedec, "Príncipe da Paz".

Em conclusão, o sacrifício de Melquisedec foi extraordinário por "não envolver animal algum". Ele ofereceu "Pão e Vinho", como Jesus fez na Última Ceia, quando institui a Eucaristia. O sacrifício de Melquisedec terminou com uma benção sobre Abraão.

O Alcance de Moriá

O próprio Abraão revisitou Shalem, alguns anos mais tarde, quando Deus o chamou para fazer um sacrifício definitivo. Em Gn 22, Deus diz a Abraão:"Toma o teu filho, o teu único, Isaac, que amas.Parte para terra de Moriá e lá oferecerás em holocausto sobre uma das montanhas que eu te indicar"(v2).

A tradição israelita, registrada em 2Cr 3,1, identifica Moriá com o local do futuro Templo de Jerusalém. Para lá, Abraão viajou com Isaac, que carregou nos ombros a lenha para o sacrifício (Gn22,6). Quando Isaac perguntou onde estava a vítima, Abraão respondeu: "Deus providenciará Ele mesmo uma ovelha para o holocausto, meu filho"(v8).

No fim, o anjo Deus impediu que a mão de Abraão sacrificasse seu filho e forneceu um carneiro para ser sacrificado. Nessa história, Israel discerniu o juramento da aliança de Deus para fazer dos descendentes de Abraão uma nação poderosa:"juro-o por mim mesmo...Por..não teres poupado seu filho..comprometo-me..a fazer proliferar tua descendencia tanto qto as estrelas do céu...é nela que se abençoarão todas as nações da terra"(Gn22,16-17).

Esse foi o reconhecimento de dívida que Deus deu a Abraão; também seria a apólice de seguro de vida de Israel.

No deserto do Sinai, quando o povo escolhido mereceu a morte por adorar o bezerro de ouro, Moisés invocou o juramento de Deus a Abraão, a fim de salvar o povo da cólera divina (Ex32,13-14). Mais tarde os cristãos consideraram a narrativa de Abraão e Isaac uma profnda alegoria do sacrifício de Jesus na cruz.

As semelhanças eram muitas:

1º- Jesus, como Isaac, era o filho único querido de um pai fiel.
2º- Também como Isaac, Jesus carregou morro acima a madeira para seu sacrifício, que foi consumado em uma colina de Jerusalém.

De fato, o local onde Jesus morreu, o calvário, era um dos morros da cadeia de Moriá. Além disso, o primeiro versículo do NT identifica Jesus como Isaac, ao dizer que Ele é "filho de Abraão"(Mt 1,1).

Para os leitores cristãos, até as palavras de Abraão se mostraram proféticas. Lembre-se de que não havia pontuação no original hebraico e pense em uma interpretação alternativa de Gn22,8:"Deus se dá a si mesmo, o Cordeiro, para o holocausto".

O Cordeiro pronunciado era, Jesus Cristo, o próprio Deus-"para que a benção de Abraão alcance os pagãos em Jesus Cristo"(Gll3,14 veja tbem Gn 22,16-18).

Magnetismo animal

No tempo da escravidão de Israel no Egito, está claro que o sacrifício ocupa uma parte essencial e fundamental da religião de Israel. Os capatazes do faraó escarnecem dos frequentes sacrifícios dos israelitas, afirmando serem apenas uma desculpa para evitar o trabalho (Ex 5,17). Mais tarde quando Moisés faz um apelo a Faraó, sua exigencia principal é o direito dos israelitas oferecerem sacrifícios a Deus (Ex 10,25).

O que significam todas essas oferendas? O sacrifício animal significava muitas coisas para os antigos israelitas:

-Era o "reconhecimento da soberania"de Deus sobre a criação:"Ao Senhor, a terra e sua riquezas" (Sl 24,1). Assim o sacrifício louvava a Deus, de quem fluem todas as bençãos.

-O sacrifício era uma ato de "agradecimento". A criação foi dada ao homem como dádiva.

-As vezes, o sacrifício servia para "ratificar solenemente uma acordo ou juramento, uma aliança diante de Deus" (Gn 21,22-23).

-O sacrifício também era "ato de renúncia e tristeza pelos pecados". O que oferecia o sacrifício reconhecia que seus pecados faziam-no merecer a morte; em lugar de sua vida, oferecia a do animal.

Fonte: O Banquete do Cordeiro

Veja:

1 - No Céu agora mesmo!

(Depois veremos: A contagem das ovelhas - Estado Elevado ao Altar
Jerusalém como capital régia..)

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