" Mais tarde, numa hora de calma, um novo e estranho pensamento fulminou-me o espírito, como um raio, e, de súbito, veio-me à mente outra explicação.
Suponhamos que várias pessoas estejam falando de um homem desconhecido. Suponhamos ainda que fiquemos surpresos ao ouvir algumas dessas pessoas dizerem que tal homem é demasiadamente alto, enquanto outros afirmam ser ele muito baixo; uns censuram sua excessiva gordura e outros criticam-no pela sua magreza; uns julgam-no sombrio e circunspecto, ao passo que outros julgam-no extrovertido.
Uma explicação possível (como já foi admitido): talvez esse homem tivesse uma compleição deveras estranha; há, porém, outra maneira de explicar o caso. Talvez ele não tivesse nada de estranho. Os homens excessivamente altos consideravam-no baixo; os muito baixos, consideravam-no alto. Os velhos mercadores, que frequentemente engordam, acha-lo-iam magro, ao passo que os esbeltos acha-lo-iam tão gordo a ponto de ultrapassar os estreitos limites da elegância. Talvez os suecos (que tem cabelo cor de estopa) o chamassem de moreno, enquanto os negros o julgariam loiro. Talvez (resumindo) o que era considerado extraordinário não passasse de uma coisa comum, pelo menos normal, o centro. Talvez, depois de tudo o Cristianismo é que fosse o são, e os seus críticos, os loucos – de diversas maneiras.
Tentei, entao, investigar a exatidão dessa idéia, perguntando a mim mesmo se havia, à volta de qualquer dos acusadores, algo da morbido que pudesse justificar essa acusação. Fiquei espantado ao constatar que a chave ajustava-se perfeitamente à fechadura. Por exemplo, era um fato estranho que o mundo moderno acusasse o Cristianismo por ter austeridade com o corpo, ao mesmo tempo, por ter refinamento artístico. Também era estranho, muito estranho mesmo, que o próprio mundo moderno procurasse conciliar a excessiva luxúria carnal com a excessiva ausência da refinamento artístico.
O homem moderno considerava demasiadamente ricas as vestes de “Becket“ (Arcebispo de Cantuária) e damasiadamente pobres as suas refeições. Mas, neste caso, o homem moderno seria, realmente, uma exceção na Historia: nenhum homem tinha, anteriormente, degustado tão lautos jantares, vestindo roupas tão feias.
Uma explicação possível (como já foi admitido): talvez esse homem tivesse uma compleição deveras estranha; há, porém, outra maneira de explicar o caso. Talvez ele não tivesse nada de estranho. Os homens excessivamente altos consideravam-no baixo; os muito baixos, consideravam-no alto. Os velhos mercadores, que frequentemente engordam, acha-lo-iam magro, ao passo que os esbeltos acha-lo-iam tão gordo a ponto de ultrapassar os estreitos limites da elegância. Talvez os suecos (que tem cabelo cor de estopa) o chamassem de moreno, enquanto os negros o julgariam loiro. Talvez (resumindo) o que era considerado extraordinário não passasse de uma coisa comum, pelo menos normal, o centro. Talvez, depois de tudo o Cristianismo é que fosse o são, e os seus críticos, os loucos – de diversas maneiras.
Tentei, entao, investigar a exatidão dessa idéia, perguntando a mim mesmo se havia, à volta de qualquer dos acusadores, algo da morbido que pudesse justificar essa acusação. Fiquei espantado ao constatar que a chave ajustava-se perfeitamente à fechadura. Por exemplo, era um fato estranho que o mundo moderno acusasse o Cristianismo por ter austeridade com o corpo, ao mesmo tempo, por ter refinamento artístico. Também era estranho, muito estranho mesmo, que o próprio mundo moderno procurasse conciliar a excessiva luxúria carnal com a excessiva ausência da refinamento artístico.
O homem moderno considerava demasiadamente ricas as vestes de “Becket“ (Arcebispo de Cantuária) e damasiadamente pobres as suas refeições. Mas, neste caso, o homem moderno seria, realmente, uma exceção na Historia: nenhum homem tinha, anteriormente, degustado tão lautos jantares, vestindo roupas tão feias.
O homem moderno considerava a lgreja demasiadamente simples, exatamente porqua a vida moderna é demasiadamente complexa; ele julga a Igreja damasiadamante faustosa, porque a vida moderna é tão destituída do brilho. O homem que não gostava nem dos simples jejuns nem dos banquetes era louco pelas entrées ( entradas). O homem que não gostava de vestimentas de gala usava calças ridículas. E, certamente, se nisso houvesse qualquer loucura, tal Ioucura estaria, exatamante nas calças do que nas vestimentas decadentes; se houvesse qualquer loucura, de uma forma ou de outra, ela estaria nas extravagantes entrées, e não no pão e no vinho.
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