sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As “Credenciais “de Deus



Por padre Leo Trese

Serão possíveis os milagres?

Qualquer pessoa pode proclamar-se mensageira de Deus; qualquer pessoa pode assegurar ter recebido uma especial revelação do alto. Se aquele que sustenta estas pretensões está dotado de um temperamento dinâmico , de uma lingua eloquente e de uma forte personalidade, é bastante provável que muita gente se deixe seduzir por ele. Esta é a razão pela qual existem tantas seitas e falsas religiões no dia de hoje. Paradoxalmente, as mesmas pessoas que não deixariam o funcionário da companhia telefônica entrar em sua casa, para uma verificação de rotina, se ele não se identificasse antes, mostram-se dispostas a dar ouvidos a líderes religiosos auto-nomeados, de fala macia, sem lhes pedirem quaisquer credenciais.

Mas Deus não quis deixar os seus filhos à mercê de falsários religiosos. Proveu os seus mensageiros autênticos de credenciais inequívocas.

Tanto no caso de Moisés, Elias ou Eliseu, no AT, como no do Filho de Deus feito Homem, Jesus Cristo, no NT, Deus sempre dotou os seus mensageiros de um penhor da sua autoridade: por intermédio deles, realizou milagres que provavam irrefutavelmente a origem divina na doutrina que pregavam.

Um milagre é um fato visível que só Deus poderia levar a cabo. Existem, como é evidente -, milagres invisíveis – milagres da graça que só produzem no interior da alma. -, mas, normalmente, ao falarmos de milagres, referimo-nos a coisas que podem ser vistas e comprovadas empiricamente, como a cura instantânea de um leproso, a transformação de água em vinho ou a ressurreição de um morto.

Quando Deus realiza um milagre, isso não significa que tenha “mudado de opinião” ou esteja tentando “corrigir um erro que cometeu”. Ele mesmo estabeleceu as leis físicas que governam o Universo; planejou-as desde toda a eternidade e, desde toda a eternidade, previu também a possibilidade de admitir, de tempos a tempos, umas exceções a esta ou àquela lei, em função de determinadas circunstâncias e razões especiais. Assim, quis por exemplo desde toda a eternidade que Cristo ressuscitasse Lázaro dentre os mortos. Ora, quem pode estabelecer uma lei, também tem poder para dispensar dela. Seria ridículo negar a Deus o direito de não obedecer as leis que Ele próprio estabeleceu.

É por esta razão que seria uma estupidez afirmar que os milagres não podem acontecer porque iriam “contra a natureza”. Mesmo que prescindamos do fato de Deus ser o Senhor da natureza, podendo fazer dela o que bem entende, temos de ter em conta este segundo fato adicional: nem tudo que contraria a natureza é necessariamente “anti-natural”. Nós mesmos estamos continuamente a interferir com as leis da natureza ”bombeamos" água morro acima, quando por natureza ela só poderia fluir para baixo, disparamos foguetes pelo espaço afora, contrariando a lei da gravidade, etc, etc. Ora, por que não haveria Deus de ter o mesmo direito de alterar o curso normal da natureza?

No entato, há muitas pessoas – e com frequência trata-se de pessoas muito inteligentes – que se recusam terminantemente a admitir a existência de milagres. É que os milagres tem o efeito de um favor irritante sobre o orgulho intelectual do ser humano, que quer entender tudo e não suporta ter de confessar que pode haver coisas situadas para além da compreemsão humana. Além disso, aceitar a existência de um único milagre significa aceitar a existência de Deus, e da religião, e da lei moral, e de todas essas coisas que o pagão moderno considera tão desagradáveis.

Num relato muito conhecido, o famoso pesquisador e médico francês Alexis Carrel narra a viagem que certa vez fez a Lourdes, por pura curiosidade, pois na época era cético em matéria de religião. No trem, interessou-se por uma jovem que estava morrendo de tuberculose peritoneal. Examinou—a com cuidado e chegou a conclusão de que dificilmente chegaria viva ao término da viagem. Fez, porém, uma aposta consigo mesmo: se essa moça ficasse curada, passaria a crer nos milagres e em Deus. Alguns dias depois de terem chegado ao santuario de Lourdes, pode efetivamente presenciar a cura instantânea dessa jovem. E o cientista passa então a contar a terrível luta que se travou no seu íntimo: como buscou, entre suores e justificativas interiores de todo o tipo, qualquer explicação natural plausível para eximir—se da sua promessa. Mas, por fim, vencido pela sua própria honestidade, acabou por dobrar os joelhos e balbuciar; um ato de fé.

Infelizmeme, porém, nem todos tem a honestidade do Dr. Carrel. Quando os inimigos de Cristo viram os milagres que realizava, afirmaram que os fazia pelo poder do demônio. O pagão moderno já não pode recorrer a essa explicação: como já não acredita no demômio, tem de limitar-se a afirmar que deve estar em jogo alguma lei natural que ainda não se conseguiu descrever satisfatoriamente. Basta que esperemos a ciência desenvolver-se um pouco mais e seremos capazes de explicar também os milagres. Pelo menos, é o que dizem; o que não são capazes dc explicar, porém, é a razão pela qual essas "leis naturais desconhecidas”só atuam em beneficio da religião; afinal de contas, se existissem, deveriam beneficiar também os ateus, pelo menos de vez em quando...

Os católicos não são mais crédulos que os ateus.

A Igreja sempre se recusou terminantemente a aceitar como milagre qualquer fato que se pudesse explicar naturalmeme. As curas instantâneas de casos de cegueira, surdez ou paralisia, que podem ter até sua origem em histerias ou doenças nervosas, por exemplo, nunca se aceitam como possíveis milagres. Mas um osso fraturado que se recupera instantaneamente, um pulmão tuberculoso curado em um único momento, um tumor maligno que desaparece repentinamente sem deixar vestígios ou metástases –São fatos diante dos quais só um homem que prostituiu a sua razão é capaz de negar a intervenção divina.

É evideme que sempre haverá quem diga: "Mesmo que visse, não acreditaria". Mas qualquer homem de boa vontade, quando confrontado com a evidência de que Deus realizou milagres para dar autoridacle a sua Palavra, estará disposto a prestar-lhe ouvidos e a dizer: "Sim, Senhor, eu creio cm Ti".

Fonte: A sabedoria do Cristão

1 - O Cristão e o descrente
2 - As Razões de nossa Esperança
3 - Deus existe? do nada, nada se cria
4 - Razão, Ordem e Evolução
5 - Que é o homem? Criação ou Evolução?
6 - Imortal e Livre
7 - Como começou a Religião?
8 - Por que devo ter uma religião?
9 - Como reconhecer o dedo de Deus

Depois veremos: As Credenciais de Cristo

Nenhum comentário:

Postar um comentário