terça-feira, 12 de julho de 2011

Deus existe? do nada, nada se cria.



Por Padre Léo Trese


Se formos acordados no meio da noite pelo ruído de um abajur derrubado no andar de baixo, qual será o primeiro pensamento que virá a cabeça? "Há um ladrão na casa!",imaginaremos com um sobressalto. A seguir, com o susto, nossa mente buscará ansiosamente alguma outra explicação:"Será que deixamos a janela aberta e o vento derrubou a lâmpada? Ou terá sido apenas o gato? ou uma das crianças que levantou no meio sa noite"?

Seja como for, por que sentimos essa necessidade de encontrar uma explicação para o abajur derrubado? Por que não limitamos a dizer: "Nada derrubou o abajur. Simplesmente aconteceu; isso é tudo", e nos viramos para o lado e voltamos a dormir? Ora bem, a razão pela qual buscamos a todo custo uma explicação para o barulho é que somos pessoas inteligentes, temos uma cabeça que raciocina e sabemos muito bem que nada acontece sem uma causa.

Isto é tão óbvio que não parece sequer valer a pena mencioná-lo.

"O que quer que aconteça tem de ter sido causado por alguma outra coisa"; ou, para dizer o mesmo de uma maneira um pouco mais técnica,"todo efeito tem de ter uma causa proporcionada".
Ora, isto é tão evidente como o nariz no meio do nosso rosto. No entanto existem pretensos filósofos que procuram negá-lo.

"Não podemos afirmar que seja assim em todos os casos", dizem, "porque não conhecemos todas as coisas. A nossa experiência diz-nos que todo o efeito tem uma causa, mas isso não quer dizer nada, muito menos que essa regra não admita exceções. Pode ser que em 999 trilhões, 999 bilhões, 999 milhões, 999 mil e 999 casos, tudo aquilo que acontece seja causado por alguma coisa que aconteceu antes; mas, da quadrilionésima vez, pode ser que algo aconteça sem ter sido causado por alguém ou por alguma coisa anterior. Simplesmente, não dispomos ainda de dados suficientes para comprová-lo".

Parece ridículo, não é verdade? No entanto, o ateu, para poder defender a coerência da sua posição, tem de negar a evidência dos seus próprios sentidos; tem de negar o que se costuma chamar o princípio da causalidade. E tem de negá-lo porque nesse princípio se baseia um dos principais argumentos para provar a existência de Deus. Há diversas maneiras de formulá-lo, mas basta-nos uma, que desevolveremos a seguir.

Do nada, nada se cria. Se não tivermos alguma coisa para começar, não chegaremos a produzir nada. Sem farinha, ovos e açúcar, não há bolo. Sem bolota, não há carvalho. Sem pais, não há filhos. Portanto, se não existisse um Ser Eterno (isto é, que nunca começou e existir, porque a existência pertence a sua própria natureza) e Todo-Poderoso (isto é, capaz de produzir algo a partir do nada), simplesmente não existiria mundo algum, não existiriam nem árvores, nem animais, nem você e nem eu.

Porque, se não existisse esse Ser Eterno e Onipotente, quem teria feito com que todas as coisas existissem? O carvalho procede de uma bolota, e essa bolota procedeu de outro carvalho, mas quem fez a primeira semente ou o primeiro carvalho? E se o evolucionista nos objetar que tudo começou com uma massa informe de átomos, poderemos perguntar-lhe por nossa vez: "está bem, mas quem fez essa primeira massa informe de átomos?

Não, é necessário que tudo tenha começado a partir de Alguem que, desde toda a eternidade, tenha existido independentemente de qualquer outra coisa. E esse Alguém é precisamente Aquele a quem chamamos Deus.

Além de ser Eterno e Todo-Poderoso, Deus também é Onisciente. Podemos sabê-lo por causa das inumeráveis provas da sua inteligência que observamos no mundo que nos cerca. Sempre que observamos que alguma coisa foi planejada, temos a certeza de que houve alguém que a planejou e planejamento sempre significa inteligência.

Quando Robson Crusoé descobriu pegadas na areia da praia, compreendeu que não estava só na sua ilha. Da mesma forma, quando nós descobrimos que algo foi planejado, compreendemos que só pode haver um ser inteligente por trás disso.

Se um amigo nos mostrasse a sua televisão nova em folha, e, qdo lhe perguntássemos onde a havia comprado, nos respondesse: "Não a comprei; apenas desci à garagem; peguei numa lata de lixo com restos de madeira e peças matálicas usadas, sacudi-a bem, e quando a virei, tudo aquilo, ao cair, tomou a forma de uma televisão...", de duas uma: ou pensaríamos que estava a brincar conosco, ou procuraríamos despedir-nos dele rapidamente, antes que a sua loucura mansa se transformasse em loucura violenta...

Sabemos muito bem que um aparelho tão complicado como uma televisão não "acontece" sem mais nem menos.

Da mesma forma, não é razoável supor que um mecanismo tão maravilhoso como o olho humano simplesmente "tenha acontecido" - o olho, esse arranjo delicado e intricado de nervos e músculos, lente e retina, essa camera fotográfica em miniatura, tão perfeita que a ciência moderna não consegue reproduzi-la.

Também não faz sentido achar que a misteriosa interpretação entre a semente e o solo se limite a "acontecer" - que esse minúsculo grão pardo enterrado no chão passe a transformar os minerais do solo e o gás carbono do ar em amido e proteínas que servem ao consumo humano. E o mesmo se dá com os outros milhões de milagres da Criação, a não ser que pretendamos renunciar para sempre a todas as regras da evidência.

Fonte: A Sabedoria do Cristão

Veja:

1 - O Cristão e o descrente -
2 - As Razões de nossa Esperança

Depois veremos: Razão, Ordem e Evolução

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