quarta-feira, 20 de julho de 2011

Razão, Ordem e Evolução


Por Padre Léo Trese

Deus existe. Se não existisse, não haveria universo, não existiríamos nem você e nem eu. Se não existisse um Ser eterno e não-causado, que tivesse dado início a tudo, nada jamais teria acontecido.

Deus existe. Se não existisse, não poderíamos explicar nem sequer algo tão simples como o movimento. Nada se move se não for movido por outro. Quer se trate de um cortador de grama, que precisa de impulso dos meus braços; quer de trate dos meus braços, que precisam da ordem do meu cérebro para mover-se; quer se trate de minhas células cerebrais, que respondem a estímulos dados pelos sentidos...; ou ainda dos planetas a descreverem as suas órbitas, ou das estrelas em movimento a altíssimas velocidades pelo espaço: nada do que existe poderia mover-se se não existisse um Ser que, sem ter sido movido por ninguém, tenha dado (por assim dizer) o "pontapé inicial". Se esse Ser não existisse, não poderia sequer haver algo tão simples como o movimento.

Deus existe. Se não existisse, jamais poderíamos explicar o maravilhoso "projeto estrutural", a ordem que existe no Universo. O instinto da abelha, a delicadeza da rosa, a intrincada coordenação dos órgãos num organismo vivo: tudo isso seria inexplicável se não admitíssemos a existência de um Ser infinitamente sábio que o planejou - porque um plano sempre pressupôe um planejador. Quando o ateu, procurando escapar à evidência que o cerca por todos os lados, afirma que tudo, desde as asas da borboleta até a sucessão das estações, é fruto do acaso, tem de renunciar simultaneamente ao uso da razão para faze-lo.

Se puséssemos dez bolas de loteria numeradas de 1 a 10 naquela espécie de gaiola rotativa que usam, as fizéssemos girar e depois as tirássemos uma a uma, sem olhar, a probabilidade de que saíssem na ordem certa - 1,2,3, até 10 -, seria de uma em dez milhões. Pelo menos, é o que dizem os matemáticos, não eu. Ora bem, se partíssemos do princípio de que todo esse sistema tremendamente intricado de células, glândulas e órgãos que constitui um ser vivo é fruto do acaso, nem mesmo o mais sofisticado computador da última geração seria capaz de calcular as probabilidades de estar errada essa suposição....

Esta certo, mas...como fica a evolução? Quer dizer que toda essa impressionante teoria segundo a qual o Universo teria milhões e milhões de anos de idade e teria começado por ser uma enorme massa de gás incandescente (ou um minúsculo ponto de energia pura a temperaturas inimagináveis)? A terra não passaria de um ínfimo fragmento dessa enorme massa, que teria se esfriado ao longo de eras inteiras até se transformar em rocha sólida; na superfície desse planeta, umas reações químicas teriam dado origem à agua e à terra firme, e depois a moléculas orgânicas; na água, essas moléculas orgânicas ter-se-iam combinado, dando origem a uma forma de vida ainda muito simples, uma célula microscópica; dessa forma de vida primitiva, teriam derivado gradativamente todos os seres vivos, passando pelos invertebrados, pelos peixes, répteis, aves e mamíferos, até que a certa altura uma espécie de antropóide, hoje extinta, se teria transformado numa criatura pensante chamada Homo sapiens ou "ser humano"....que dizer de tudo isso?

Para já, comecemos por esclarecer o seguinte: boa parte da teoria da evolução continua ainda hoje a ser simplesmente uma “ teoria”, pois ainda não dispõe de evidências científicas suficientes; e boa parte parece merecer já a categoria de fato comprovado, estabelecido e aceito por inúmeros cientistas de boa reputação, muitos dos quais católicos. Afinal de contas, não há oposição alguma entre ser um bom católico e aceitar a teoria da evolução, desde que esta permaneça restrita aos limites da ciência, sem transbordar para o campo próprio da teologia. Deus é fonte de toda a verdade. E portanto, não pode haver contradição entre a verdade religiosa, retamente compreendida, e uma verdade científica solidamente estabelecida.

Mas um autêntico cientista não tenta responder à pergunta: “ Por que existiu a nuvem de gás primordial, a massa incandescente de átomos ou a energia inicial”? Poderá tentar explicar “como” era esse estado inicial, “como” surgiu a primeira célula viva, mas não pertence ao seu campo de atuação explicar o imenso abismo que separa a existência da não-existência, o animal do ser humano racional. A resposta para esse tipo de perguntas é de competência do filósofo e do teólogo. Quando um cientista procura explicações para esses fatos lançando mão de termos como “acaso”. “fortuita justaposição de átomos exatamente no momento apropriado e nas condições ideais”, está ultrapassando os limites da ciência, mas até do campo da razão...

Quanto a Deus, não há nenhuma razão para que não pudesse ter criado o Universo por meio de um processo evolutivo, se assim lhe pareceu melhor. Isso só nos permitiria admirar ainda mais a sua infinita grandeza. Se começou por criar uma massa informe de matéria, e imprimiu nessa matéria as leis ou potencialidades naturais (como se plantasse nessa massa as sementes das criaturas futuras) que a levariam a desenvolver-se, ao longo de bilhões de anos, de acordo com seu pleno criador, presente desde o início na sua mente divina – não seria por isso menos Criador, sê-lo-ia muito mais.

Fonte: A Sabedoria do Cristão

Veja:
1 - O Cristão e o descrente
2 - As Razões de nossa Esperança
3 - Deus existe? do nada, nada se cria

Depois veremos: Que é o Homem?

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