domingo, 23 de outubro de 2011

Testemunho do Senhor



Por padre Leo Trese

Alimentar dúvidas voluntárias acerca da fé, ou procurar a todo o custo contra-sensos nas verdades ensinadas pela doutrina católica é, evidentemente, um pecado, porque se está insultando a Deus. E este insulto é muito maior do que seria o de um homem que, sem ter a menor razão para duvidar da fidelidade da sua esposa, se empenhasse a encontrar provas de um pretenso adultério cometido por ela.

No entanto, é igualmente claro que não constitui nenhum pecado esforçarmo-nos por conhecer e por compreender as evidências racionais que vêm em apoio da nossa fé. A fé é uma graça, um dom de Deus, mas encontra-se ao mesmo tempo arraigada na razão. Deus dotou-nos de inteligência, e espera de nós que façamos bom uso dela. Exige de nós que acreditemos nEle sem questionamentos, mas também quer que saibamos por que cremos.

Chegados a este ponto, convém rememorarmos os passos que demos até agora no sentido de demonstrar até que ponto é razoável a fé Católica.

Como um homem que constrói a sua casa, começamos por lançar os fundamentos, e a seguir, levantamos as paredes assentando um tijolo sobre outro. A partir do universo que nos rodeia, provamos de maneira suficiente a existência de Deus, a sua natureza — que é um Espírito puro, infinito e Eterno —; demonstramos que nós próprios temos também uma alma espiritual e imortal, e que a Lei Natural exige de nós que, pela nossa condição de criaturas racionais e livres, prestemos ao Criador as homenagens de honra e obediência que se costumam englobar na virtude da religião.

Por outro lado, vimos também que tínhamos necessidade de que Deus se manifestasse e nos falasse a respeito de si mesmo, por causa da fraqueza de intelecto humano e da impossibilidade prática em que os homens se encontram de alcançar por si sós um conhecimento correto dEle.

No entanto, como também era preciso que Deus nos protegesse de eventuais charlatães, demonstrando que era realmente Ele quem se estava manifestando, chegamos à conclusão que somente os milagres autênticos poderiam constituir a prova dessa comunicação divina. Examinamos a possibilidade de haver milagres propriamente dito, isto é, ações que somente o infinito poder de Deus seria capaz dc realizar.

Por fim, debrucemo-nos sobre o livro que afirma conter as verdades que Deus revelou — a Sagrada Escritura —, estudando inicialmente apenas a sua validade como documento histórico digno de confiança, e chegando à certeza de que o é. Falta-nos ainda provar que se trata de um livro divinamente inspirado, que é a Palavra de Deus; e é o que passaremos a fazer agora.

Uma vez convencidos da autenticidade histórica e da credibilidade da Bíblia, e de que os milagres efetivamente acontecem, o passo seguinte será perguntarmo-nos: "Será que Deus realmente nos fala através da Bíblia e, concretamente, através dos quatro Evangelhos?"

Na verdade, esta questão equivale a perguntar: "Será que Jesus Cristo realmente é Deus?", pois são exatamente as palavras e as ações de Cristo que os Evangelhos nos relatam.

"Jesus Cristo é realmente Deus?" Bem, em primeiro lugar, Ele mesmo proclamou de maneira insofismável que era Deus. No mundo de hoje, há muita gente que desejaria diluir um pouco a sopa do cristianismo, tirando-lhe todos os ingredientes sobrenaturais, a fim de torna-la "mais adequada ao gosto moderno". Afirmam que Cristo foi um homem muito santo, mas não propriamente Deus. Essas pessoas, no entanto, só conseguem embaraçar-se em contradições inextricáveis, porque Jesus proclamou de maneira tão inequívoca a sua divindade que, ou dizia a verdade, ou era um impostor ou lunático. Nenhum homem poderia ser "sábio e bom" e ao mesmo tempo pretender ser Deus.

Portanto, toda a fé cristã permanece firme ou cai pela base conforme a resposta que dermos a questão: "Jesus Cristo é Deus?" Nos Evangelhos, encontramos inúmeras passagens em que o Senhor nos responde que sim, que é Deus. E formula com tanta clareza essa pretensão que parece quase desnecessário citar exemplos concretos. Seja como for, é melhor não darmos nada por pressuposto.

Quando o Sumo Sacerdote judeu, na noite anterior à Paixão, o interpela solenemente diante dos seus juízes: Eu te conjuro em nome do Deus vivo que nos digas se és o Cristo, o Filho de Deus, Cristo responde com toda a simplicidade: Tu o disseste (Mt 26. 63). Os seus perseguidores não tiveram a menor dúvida quanto ao significado dessas palavras: condenaram imediatamente o Senhor á morte pelo crime de blasfêmia, isto é, porque ousara fazer-se igual a Deus.

Uma e outra vez, Cristo proclama ser um só com o Pai: Porque assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes da vida, assim também o Filho dá vida àqueles que quer (J0 5, 21); Eu e 0 Pai somos um (J0 10, 30); Filipe, quem me vê, vê também 0 Pai (Jo 14, 9).

Louva São Pedro por confessar publicamente que Ele é o Filho de Deus (cf. Mt I6, 16-17). Proclama-se senhor do sábado (cf. Mt I2. 8), Juiz dos vivos e dos mortos(Cf. Mt 25, 3I), e perdoa os pecados em seu próprio nome, algo que só Deus pode fazer (Mc 2. 1-12).E ,como supremo remate, atribui a si próprio as palavras que Deus usou ao aparecer a Moisés na sarça ardente, e que constituem a única definição valida de Deus. Naquela ocasião, Javé disse a Moisés: Eu sou aquele que sou; e Cristo, respondendo aos seus inimigos, diz: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, Eu sou (Jo 8, 58). Estas palavras provocaram tal irritação entre os seus adversários que, acusando de blasfêmia, pegaram em pedras para apedreja-lo.

Este é, portanto, o testemunho indubitável de Cristo: "Eu sou Deus". Mas não poderia estar Ele involuntariamente enganado?

Fonte: A sabedoria do Cristão

Veja as postagens anteriores AQUI

Depois veremos: Um farsante, um lunático ou...Deus

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