quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Imaculada Conceição de Maria



Dia 08 de Dezembro
Digo com os santos: A divina Maria é o Paraíso Terrestre do novo Adão, onde Ele encarnou por obra do Espírito Santo, para aí operar maravilhas incompreensíveis. É o grande, o divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência do Altíssímo, onde Ele escondeu, como em seu Seio, o seu Filho Único e n’Ele tudo o que há de mais excelente e precioso. Que grandes e misteriosas coisas fez o Deus onipotente nesta admirável criatura, segundo ela própria é forçada a dizer, a despeito da sua profunda humildade: “ O poderoso fez em mim maravilhas, Santo é seu nome!”(Lc 1,49). O mundo não conhece estas maravilhas, porque é incapaz e indigno disso” - (São Luis Maria Grignon de Monfot – Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria – pag 18)

Sómente quem recebe de Deus uma graça especialíssima, compreende, aceita e louva, o Dogma da Imaculada Conceição de Maria. O compreende quem medita sobre a extrordinária grandeza de um Deus concebido no seio de uma mulher; uma criatura que gera o divino -, mulher esta concebida de forma excepcional para nos trazer Deus que é Santíssimo, puro e poderoso – A Fé vem nos auxiliar, juntamente com a Igreja que é aquela que nos desvenda os mistérios divinos.

Maria em seu coração imaculado é o refúgio dos pecadores, porque nunca cometeu a menor falta, e por isso esta mãe amada tem mais compaixão dos seus pobres filhos – do qual fazemos parte -, que não gozam, como Ela, do privilégio da isenção da concuspicência. Maria venceu o pecado, o demônio e a morte, por isso seus filhos, ao verem tão grande mãe, tem forças para vencer – com ajuda da graça, o pecado, o demônio e a morte -, para a glória de Deus.

Desde sempre a Igreja, através de seus fieis e dos santos padres, já compreendia, aceitava e anunciava a verdade da Imaculada conceição de Maria. Mas foi em 8 de dezembro de 1854, que o papa Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição de Maria.

Assim, o Papa se expressou: “Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente crida por todos os fiéis”

Voltemos um pouco em nosso Credo – Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Verbo nascido do Pai antes de todos os séculos e consubstancial ao Pai. Por Ele tudo foi feito. Encarnou por obra do Espírito Santo, da Virgem Maria e se fez homem. Cremos que pelo sacrifício da Cruz, nos remiu do pecado original e de todos os pecados pessoais, cometidos por cada um de nós (Cfr Credo do Povo de Deus).

Tudo isso só aconteceu porque Deus no seu eterno amor, desde toda eternidade escolheu o homem: escolheu-o no Filho. Deus escolheu o homem, a fim de que possa atingir a plenitude do bem, que é posse d’Ele mesmo, mediante a participação da sua mesma vida: Vida Divina, por meio da graça. Deus nos fez filhos no Filho. É uma escolha irreversível. Portanto, nem o pecado orginal, nem todas as culpas humanas, todos os pecados sociais, puderam dissuadir o eterno Pai de seu plano de amor. Não anularam a escolha de nós no Filho.

É assim que Deus prepara, também desde toda eternidade, prevendo a queda do homem, seu Filho para redentor. Para tanto, foi preciso se fazer homem, e foi pelo Pai constituído cabeça da humanidade, tendo agora condições de expiar perfeitamente nossas culpas. Sendo a ofensa de Adão infinitamente grande, porque foi feita a Deus e como não havia sequer um justo, Deus em Seu Filho feito homem, como nos diz Tanquerey – “conciliou os direitos de justiça, com os da bondade, reparando completamente a culpa. Efetuou a justiça perfeita que constituía a reparação adequada, igual à ofensa, oferecida por um representante legítimo. Fez isso com a Encarnação e Redenção “

Para que o Filho viesse como Homem, Deus escolheu e pré-ordenou, uma Mãe, Santíssima e pura, para conceber este Filho Santo e puro. Como nos diz o Papa João Paulo II: “Escolheu-a desde o princípio, desde o primeiro momento da conceição, tornando-a digna da maternidade divina, para a qual no tempo estabelecido seria chamada. Fê-la primeira herdeira da santidade do próprio Filho. Primeira entre os remidos pelo Seu sangue, d’Ela recebido humanamente falando. Tornou-a imaculada no momento mesmo da conceição”(Basílica Santa Maria Maior – dia 8 de dezembro de 1978 – Festa da Imaculada Conceição).

Ora, pelo pecado de Adão, todos nós nascemos com a mancha do pecado original, ou seja, sem a graça que nos capacita a viver em Deus e para Deus.

Por natureza, nenhuma criatura teria condições de estar diante de Deus, que é puro espírito santíssimo e pleno. Deus o fez dando a Adão este dom, este bem, fazendo-nos portanto, herdeiros d Ele mesmo, fazendo parte de sua família divina. Mas Adão rejeitou este bem ao pecar, e no Filho, através dos méritos adquiridos na Cruz, recebemos o perdão e a graça perdida pelo nosso pai.

Deus, então nos modifica de uma forma acidental, é certo, em nossa natureza e capacidade de ação, não nos tornando Deus – longe disso, mas nos torna como diz Tanquerey “deiformes”- semelhantes à Ele, capazes de atingi-lo pela visão beatífica, quando esta graça for transformada em glória e de o ver face a face, como Ele se vê assim mesmo.

Se para nos dar condições de estar com Ele na glória, Deus nos transforma, nos eleva, nos perdoa, nos envia o próprio Filho para morrer numa cruz nos restituíndo a graça, o direito à herança, o direito de ve-lo uma dia na glória celeste, -, quanto mais Ele não faria com aquela que deveria gerar o Filho santíssimo e que sem concurso de varão gerou o próprio Filho feito Homem?

Que santidade plena, que pureza, que equilibrio, que formosura, que santidade, que mãe!

Não seria porventura verdadeiro chama-la: Arca da Aliança, Vaso insigne de devoção, vaso honorífico, conforme em sua Ladainha? Não seria porventura, nossa obrigação ter para com ela verdadeira devoção? Amando-a, imitando-a, louvando-a, porque em ultima instância é Deus mesmo que amamos nela? Sua gradeza, sua humildade, sua obediência nos leva a dar louvores a Deus, já que todo bem cumulado nesta serva vem de Deus. Honrando-a, é Deus que honramos, portanto.

Maria foi concebida sem pecado, pelos méritos de Cristo. Recebeu a graça que a capacitaria a gerar o Filho do Altíssimo. Foi preservada da mancha do pecado recebendo a Graça já no momento de sua conceição. Por conta disso, tinha Maria todo o equlibrio das paixões, toda sua vontade era inteiramente conformada com a santa vontade de Deus, tudo que fazia não tinha a menor sombra de pecado, justamente por conta da plenitude da graça que a cobriu, pela ação do Espírito Santo – que é o próprio Deus agindo nela e por Ela. Ora, se Deus é pleno numa pessoa, esta pessoa é, portanto, santíssima e com totais condições de gerar seu Filho. “Quem fará sair o puro do impuro? Ninguém!” (Jó 14,4).

Ela, apesar de livre, não contradiziria à Deus, e por isso, se sujeitou à sua vontade, tão logo o anjo lhe revela sua maternidade divina e apesar de sua pouca idade, não titubiou, sabia e confiava que em Deus tudo era possivel. Toda obra redentora estava suspensa no Fiat de Maria. E a Virgem bem disso sabia e no fundo entendeu o que lhe estava sendo proposto. Sem condições e sem restrições, faz do desejo de Deus uma certeza e se entrega.

São Tomás assim nos fala de Maria, que durante todo o curso de sua vida foi santíssima: “Deus prepara e dispõe a quem elege para algo, de modo que se fazem idôneos para os quais são elegidos: “Nos hão feitos ministros idôneos do Novo Testamento (II Cor III,6)”. Se pois, a Bem-Aventurada Virgem foi eleita por Deus para que fosse Mãe de Deus, não deve duvidar-se que Deus a fez idônea para isto por sua graça, segundo o anjo disse: “Há achado graça diante de Deus; eis que conceberás...(Lc I,30). Não havia sido, se alguma vez houvesse pecado; já porque a honra dos pais redunda nos filhos, segundo aquilo: “Glória dos filhos são seus pais (Prov. XVII,6), e pelo contrário a ignomínia da mãe redundaria no filho; já também porque teve singular afinidade com Cristo, que recebeu dela sua carne. Se diz na 2ª carta aos Corínthios (VI,15): “Que concórdia entre Cristo e Belial? O que tem em parte o fiel com o infiel? Já também, porque o Filho de Deus, que é a Sabedoria de Deus, habitou nela de modo singular, não somente em sua alma, senão também em seu seio. Mas se diz no Livro da sabedoria (I,4): “Por quanto na alma maligna não entrará a sabedoria, nem morará no corpo submetido a pecados”; por conseguinte, é preciso reconhecer que a Bem-Aventurada Virgem não cometeu pecado algum, nem mortal, nem venial; para que assim se cumprisse nela o que se diz: “Toda é formosa, amada minha, e mácula alguma há em ti (Cant IV,7)”- (Sum Theol. 3ª ,q.XXVII,a.IV)

Eis o que nos diz o Credo do Povo de Deus: “Certamente, era de todo conveniente que esta Mãe tão venerável brilhasse sempre adornada dos fulgores da santidade mais perfeita, e, imune inteiramente da mancha do pecado original, alcançasse o mais belo triunfo sobre a antiga serpente; porquanto a ela Deus Pai dispusera dar seu Filho Unigênito — gerado do seu seio, igual a si mesmo e amado como a si mesmo — de modo tal que Ele fosse, por natureza, Filho único e comum de Deus Pai e da Virgem; porquanto o próprio Filho estabelecera torná-la sua Mãe de modo substancial; porquanto o Espírito Santo quisera e fizera de modo que dela fosse concebido e nascesse Aquele de quem Ele mesmo procede”

Quem neste mundo gerou um Deus – Homem , pela força do Espirito Santo?

Louvado seja Jesus Cristo!

Contemplamos vossas maravilhas, ó Senhor. Sim, a Tota Pulchra deve salvar o mundo, o mistério da Imaculada Conceição.

Digamos: “Totus Tuus ego et ominia Tua sunt. Accipio Te in mea omnia! (Sou todo teu e tudo o que tenho é teu. Sê tu a minha guia em tudo)

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