Quem me conhece sabe como gosto de ler, e esta é a razão deste Blog, levar aos leitores um pouquinho do que leio. Tenho lido textos maravilhosos de um irmão em Cristo, Alexandre Core -, que recebeu de Deus, nosso Pai, esta graça especial de escrever bem e nos prender à leitura, sempre nos dando a chance de tirar algo de bom de cada uma delas. Trouxe então um texto de sua autoria. Gostaria que lessem e conhecessem o trabalho deste tão maravilhoso escritor, que é um filho de Deus e servo de nossa Mãe Santíssima, o que muito nos honra.
O Herege
Por Alexandre Core - Blog o Apanágio dos Néscios
"Rodolfo era um pombo que vivia no telhado (forro) da Igreja Matriz de São João do Quentão. Gabava-se de ser todo branco, de não ter nenhuma pena de outra cor. Tão branco que era idêntico à pomba do vitral da igreja que representa o Espírito Santo. Quando a luz do Sol iluminava os vitrais um pouco antes das missas da manhã e da tarde, o Rodolfo sempre resolvia fazer o seu vôo exibicionista pousando em uma das cadeiras junto ao altar. Essa repetição de estrelismo já estava atraindo a atenção dos fiéis que agora levavam suas máquinas fotográficas para a igreja na intenção de registrar o espetáculo proporcionado pelo pombo santo quase todos os dias.
Rodolfo era vaidoso. Costumava gastar um tempão arrumando as penas antes de cada missa (ou deveria dizer, apresentação?). O Pe. Henrique já começava a ficar incomodado com as atitudes do exibido pombo. Percebia que a igreja sempre começava a encher de “fiéis” pouco antes do horário das missas, mas tão logo o Rodolfo fazia a sua aparição – considerada até por alguns respeitados leigos da comunidade como uma manifestação do próprio Espírito Santo – grande parte ia embora sem ficar para a missa . Cada qual se contentava em gravar o vôo do pombo em sua câmera digital e depois de um sinal da cruz feito sem vontade e de uma genuflexão tímida já feita quase na escadaria da igreja, voltar pra casa correndo para colocar o vídeo no Youtube.
O Pe. Henrique já havia percebido que de santo o Rodolfo não tinha nada. Além de estar atrapalhando o bom andamento das missas, havia toda uma série de outras coisas que o pombo fazia que, muito longe de serem manifestações do Espírito Santo, revelavam-se como trabalho digno de um verdadeiro espírito de porco. A começar que o Rodolfo não escolhia lugar para fazer as suas necessidades e, desse modo, não era difícil encontrar sinais de sua passagem pelos bancos da igreja. Da mesma forma, ele não tinha o controle sobre o rumo de suas penas, o que certa vez ocasionou um incidente desagradável com a Dona Gertrudes que bem no meio do “Hosana” engasgou com uma pena vinda sabe-se lá de onde. Por sorte foi levada para o hospital que, graças a Providência Divina, fica exatamente do outro lado da rua em frente a igreja. O inconveniente Rodolfo também não escolhia hora para arrulhar. Podia ser no meio da Homilia do Pe. Henrique ou mesmo durante a Comunhão. E o seu som, amplificado pela ótima acústica da igreja, transformava o pombo no próprio Godzilla de tão alto que era possível ouvi-lo.
Rodolfo era vaidoso. Costumava gastar um tempão arrumando as penas antes de cada missa (ou deveria dizer, apresentação?). O Pe. Henrique já começava a ficar incomodado com as atitudes do exibido pombo. Percebia que a igreja sempre começava a encher de “fiéis” pouco antes do horário das missas, mas tão logo o Rodolfo fazia a sua aparição – considerada até por alguns respeitados leigos da comunidade como uma manifestação do próprio Espírito Santo – grande parte ia embora sem ficar para a missa . Cada qual se contentava em gravar o vôo do pombo em sua câmera digital e depois de um sinal da cruz feito sem vontade e de uma genuflexão tímida já feita quase na escadaria da igreja, voltar pra casa correndo para colocar o vídeo no Youtube.
O Pe. Henrique já havia percebido que de santo o Rodolfo não tinha nada. Além de estar atrapalhando o bom andamento das missas, havia toda uma série de outras coisas que o pombo fazia que, muito longe de serem manifestações do Espírito Santo, revelavam-se como trabalho digno de um verdadeiro espírito de porco. A começar que o Rodolfo não escolhia lugar para fazer as suas necessidades e, desse modo, não era difícil encontrar sinais de sua passagem pelos bancos da igreja. Da mesma forma, ele não tinha o controle sobre o rumo de suas penas, o que certa vez ocasionou um incidente desagradável com a Dona Gertrudes que bem no meio do “Hosana” engasgou com uma pena vinda sabe-se lá de onde. Por sorte foi levada para o hospital que, graças a Providência Divina, fica exatamente do outro lado da rua em frente a igreja. O inconveniente Rodolfo também não escolhia hora para arrulhar. Podia ser no meio da Homilia do Pe. Henrique ou mesmo durante a Comunhão. E o seu som, amplificado pela ótima acústica da igreja, transformava o pombo no próprio Godzilla de tão alto que era possível ouvi-lo.
O Pe. Henrique aceitava com uma certa dose de resignação todo aquele martírio que o Rodolfo lhe fazia passar, mas não sem ter tentado se livrar do herege. Tentou armadilhas de todos os tipos, gel para que o pombo achasse os locais preferidos de pouso gosmentos e não retornasse mais e até apitos para tentar espantá-lo (fora do horário das missas, claro!). Mas nada disso deu resultado. O Rodolfo continuava se sentindo o próprio Bispo – talvez até o Cardeal – já que era superior ao Pe. Henrique e mandava na paróquia.
Foi então que um leigo integrante do Grupo de Encontros de Casais com Cristo sugeriu a um cansado Pe. Henrique uma solução, digamos assim…, não muito cristã. O bondoso padre, que, realmente, nunca desejou mal à criatura alguma, a princípio se recusou a colocar aquela idéia em prática; mas, como cada dia que passava estava ainda mais difícil conviver com o Rodolfo, reconsiderou e decidiu fazer um teste.
Então, numa chuvosa manhã de segunda-feira, o Rodolfo que ainda dormia seu sono de pop-star católico cansado de todas as apresentações que fez no domingo – incluindo dezenas de fotografias com autógrafo já que foi dia de batizado – foi acordado por uma agitação atípica na secretaria da igreja. Sem se mexer muito, esticou a cabeça por cima do ombro de Santo Expedito e ficou acompanhando o que estava acontecendo na sala. Conseguiu ver o Pe. Henrique, o Jeremias (jardineiro da paróquia) e a Dona Rita (responsável pelo Apostolado da Oração) conversando. A Dona Rita só conseguia repetir: – Ah, mas coitado do pombinho, Pe. Henrique! – enquanto o pobre padre tentava justificar aquilo garantindo para a velha senhora que o santo do Rodolfo não sairia ferido.
O Rodolfo sentiu um frio na espinha com o que ouviu e quase desmaiou logo em seguida com o que viu. A próxima tentativa do Pe. Henrique de acabar com o seu reinado na igreja foi retirada pelo Jeremias de dentro de uma grande gaiola que estava no chão da secretaria. Quando o bicho estava no braço do jardineiro, esticou as asas e elas praticamente tocaram as paredes opostas da sala de tão grandes que eram. Nesse momento o Rodolfo pensou até em fazer uma promessa pra Santo Expedito, mas o medo foi maior e ele bateu asas para junto de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição que ficava mais próxima do altar e longe daquela visão aterradora"
Continue lendo, vale a pena!
Rodolfo, o pombo “cristão”. (Parte II)
Rodolfo, o pombo “cristão”. (Parte III)
Rodolfo, o pombo “cristão”. (Parte II)
Rodolfo, o pombo “cristão”. (Parte III)
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