A palavra “graça” quando utilizada em sentido simples e por si,
refere-se àqueles dons invisíveis que residem e
operam na alma, contribuindo para a perfeição do homem para capacitá-lo a
cumprir seu fim último, que é viver eternamente com Deus.
É um dom de Deus, dom este que o homem não
tem direito, nem sequer remotamente, pois que sua natureza humana não lhe dá
acesso
É portanto, um dom
sobrenatural e interior de Deus, concedido para a nossa própria salvação, pelos
méritos de Jesus Cristo.
Para entendermos sobre este tesouro
imprescindível para nossa vida espiritual é preciso saber como foi o homem
criado por Deus, como seria ele no estado natural e como Deus, por amor, o
elevou a um estado sobrenatural, para que este gozasse de sua vida divina maravilhosa
Como tudo
começou.....
No início o homem, - este ser composto de
corpo e alma -, foi criado por Deus num grau inferior aos anjos, que sente,
cresce, reproduz, reconhece os objetos sensíveis e tem a capacidade de
reconhecer intelectualmente o ser Supra-sensível, a Verdade, e com vontade
inclina-se para o bem racional.
Este tende à perfeição e para que isso
aconteça, suas faculdades inferiores, vegetativas e sensitivas, devem ser
submetidas à razão e à vontade e esta condição é absoluta, pois na medida
em que ela falta, enfraquece ou desaparece a vida, começa-se a dissolução dos
elementos, enfraquecendo o sistema, ocorrendo a morte.
Mas Deus, por um privilégio inteiramente
gratuito, chama o homem a contemplar esta divina essência no céu; e, como este
por si mesmo é disso incapaz, Deus eleva, dilata, fortifica a inteligência pelo
lume da glória. E assim participaremos, que de modo finito, da
vida própria de Deus, pois que O conheceremos como Ele se conhece e o amaremos
como Ele se ama a si mesmo
Mas o que seria este homem sobrenatural?
Deus quis pelo seu amor, eleva-lo a um estado
superior, dando-lhes dons que o elevaria a esta condição. A noção de
sobrenatural, conforme nos ensina Tanquerey, em geral, é tudo o que supera a natureza dum ser, as suas forças atuais, as suas
exigências e os seus merecimentos
Um destes dons que o Senhor deu ao homem para
eleva-lo a esta condição, seria a graça
santificante, que é um divino comunicado a uma criatura, sobrepujando.
.A Graça
Santificante: por ela o
homem é modificado por Deus, de uma forma acidental, na sua natureza e
capacidade de ação, não o torna Deus, mas deiforme, semelhante a Ele, capaz de
atingi-lo pela visão beatífica, quando esta graça for transformada em glória e
de o ver face a face, como Ele se vê a Si mesmo. Participamos da natureza de
Deus, Ele vem a nós com sua graça maravilhosa!
Fora esta graça que é o próprio Deus em nós,
deu-lhe também o Dom da Integridade (dom Preternatural – que aperfeiçoa
a natureza, mas não a eleva até à ordem divina, e não a muda substancialmente,
apenas transcende as capacidades ou exigências de alguma natureza particular)
-, completa sua natureza e o capacita a receber a Graça.
O Dom da Integridade como disse, capacita o
homem a receber a graça santificante - confere a ele três privilégios: A
Ciência Infusa, O domínio das Paixões e a Imortalidade da alma
A Ciência Infusa, - é um privilégio só dos anjos, mas foi
conferido a Adão, para facilitar o seu munus de cabeça e educador do gênero
humano, dando a ele a capacidade infusa de conhecer a verdade e uma certa
facilidade para adquirir a ciência experimental.
O domínio das Paixões- Deus conferiu a capacidade de lutar contra
as paixões desregradas, do orgulho, facilitando-lhe a virtude, mas não o tornou
impecável. Adão não tinha a tirania da concuspiscência, que o levava ao mal,
mas tào somente uma certa tendência para o prazer, subordinada à razão. Sua
vontade estava sujeita a Deus e por isso, suas faculdades inferiores estavam
submetidas à razão e o corpo à alma: era a ordem, a retidão perfeita.
A Imortalidade do corpo - Naturalmente falando, o homem está sujeito à
doença e à morte, mas pela providência divina, foi preservado desta dupla
fraqueza. Para assim mais livremente poder a alma cumprir seus deveres
superiores.
A união da Graça
santificante, mais o dom da Integridade constitui o que se chama de Justiça
original, modo como o
homem se tornou ao ser elevado ao estado sobrenatural.
Portanto, nossos primeiros pais foram criados
assim, em estado de justiça original, cheio de dons e privilégios, que os
capacitariam a ver a Deus, que é santo e perfeito. O maravilhoso é que todos
estes bens, com excessão da ciência infusa (que foi privilégio sómente de
Adão), seriam como um bem de família e todos aqueles que nascessem depois deste
Pai, nasceria com todos eles, para se tornarem aptos a também verem a face de
Deus, quando viesse seu fim e caso não os perdesse.
Mas infelizmente Adão ao pecar, perdeu todos
estes privilégios. Perdeu os dons preternaturais e a graça santificante,
ficando com que lhe era próprio: a natureza e seus privilégios naturais.
Sua vontade fica agora enfraquecida, mas permanece livre e pode escolher entre
o bem e o mal. Deus quis lhe deixar a fé e a esperança e no momento da queda
(Gn.3- Proto - Evangelho_) já o deixa vislumbrar a visào do libertador, saído
da raça humana, que triunfaria sobre o demônio e restauraria o homem decaído, e
ao mesmo tempo, pela graça atual, lhes instigava ao arrependimento. Adão
perdeu, infelizmente o estado de justiça original.
Foi aí que Deus, por amor a este homem caído pelo pecado, envia Jesus, seu Filho amado, nascido de uma Virgem para o remir.
Depois retornaremos...
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