sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Igreja Católica - Parte III



Por: Padre Léo Trese.

O que é um ser humano?

Poderíamos dizer que é um animal que anda ereto sobre as suas extremidades posteriores, e pode raciocinar e falar. A nossa definição seria correta, mas não completa. Dir-nos-ia apenas o que é o homem visto de fora, mas omitiria a sua parte mais maravilhosa: o fato de possuir uma alma espiritual e imortal.

O que é a Igreja?

Também poderíamos responder dando uma visão externa da Igreja.

Poderíamos defini-la (e, de fato, frequentemente o fazemos) :como a sociedade dos batizados, unidos na mesma fé verdadeira, sob a autoridade do Papa, sucessor de São Pedro.

Mas, ao descrevê-la nestes termos, enquanto organização hierárquica composta pelo Papa, bispos, sacerdotes e leigos, devemos ter presente que estamos descrevendo o que se chama a Igreja jurídica. Quer dizer, encaramos a Igreja como uma organização, como uma sociedade pública cujos membros e dirigentes estão ligados entre si por laços de união visíveis e legais. De certo modo, é algo semelhante à maneira como os cidadãos de uma nação estão unidos entre si por laços de cidadania, visíveis e legais.

Os Estados Unidos da América, por exemplo, são uma sociedade jurídica.

Jesus Cristo, evidentemente, estabeleceu a sua Igreja como uma sociedade jurídica. Para cumprir a sua missão de ensinar, santificar e reger os homens, a Igreja devia ter uma organização visível.

O Papa Pio XII, na sua encíclica sobre o Corpo Místico de Cristo, apontou-nos esse aspecto. E o mesmo fez a constituição Lúmen gentium (Luz dos povos) do Concílio Vaticano II, que ensina que “a Igreja é constituída e organizada neste mundo como uma sociedade”.

E, como tal, é a sociedade jurídica mais perfeita que existe, pois tem o mais nobre dos fins: a santificação dos seus membros para a glória de Deus.

Mas a Igreja é muito mais que uma organização jurídica. É o próprio Corpo de Cristo, um corpo tão especial, que deve ter um nome especial: o Corpo Místico de Cristo. Cristo é a Cabeça do Corpo: cada batizado é uma parte viva, um membro desse Corpo, cuja alma é o Espírito Santo.

Trata-se de um mistério oculto, que durante este exílio terreno só podemos enxergar obscuramente. Mas procuremos fazê-lo, ainda que seja à meia-luz. Sabemos que o nosso corpo físico é composto de milhões de células individuais, todas trabalhando conjuntamente para o bem de todo o corpo, sob a direção da cabeça.

As diferentes partes do corpo não se ocupam em fins próprios e privados. Os olhos, os ouvidos e os demais sentidos captam conhecimentos para a utilidade de todo o corpo. Os pés levam o corpo inteiro para onde ele queira ir;as mãos levam o alimento à boca, o intestino absorve a nutrição necessária a todo o corpo; o coração e os pulmões enviam sangue e oxigênio a todas as partes da anatomia. Todos vivem e atuam para todos.

E a alma dá vida e unidade a todas as diferentes partes, a cada uma das células individuais.

Quando o aparelho digestivo transforma o alimento em substâncias corporal, as novas células não se agregam ao corpo de forma eventual, como o esparadrapo à pele. As novas células tornam-se parte do corpo vivo, porque a alma se torna presente nelas, do mesmo modo que no resto do corpo.

Apliquemos agora esta analogia ao Corpo Místico de Cristo.

Quando somos batizados, o Espírito Santo toma posse de nós, de maneira muito semelhante àquela com que a nossa alma toma posse das células que se vão formando no corpo.

Este mesmo Espírito Santo é por sua vez o Espírito de Cristo, que “se compraz em morar na amada alma do nosso Redentor como no seu santuário mais estimado; é o Espírito que Cristo nos mereceu na Cruz, pelo derramamento do seu sangue[...].Porém, após a exaltação de Cristo na cruz, o seu espírito derrama-se superabundantemente sobre a Igreja, a fim de que ela e os seus membros individuais possam tornar-se dia a dia mais semelhantes ao seu Salvador” (Pio XII).

Pelo Batismo, o Espírito de Cristo torna-se também o nosso Espírito. “A Alma da Alma” de Cristo torna-se também Alma da nossa alma. Assim é, pois, a Igreja vista por “dentro”.

É uma sociedade jurídica, sim, com uma organização visível dada pelo próprio Cristo.

Mas é muito mais, é um organismo vivo, um Corpo que vive, cuja Cabeça é Cristo, cujos membros somos nós, os batizados, e cuja alma é o Espírito Santo. É um Corpo vivo do qual podemos separar-nos por heresia, cisma ou excomunhão, do mesmo modo que um dedo é extirpado pelo bisturi do cirurgião.

É um Corpo em que o pecado mortal – como um torniquete aplicado a um dedo – pode interromper temporariamente o fluxo vital, até que seja retirado pelo arrependimento.

É um Corpo em que cada membro se beneficia de cada Missa que se celebra, de cada oração que se oferece, de cada boa obra que se faz por cada um dos outros membros, em qualquer lugar do mundo. É o Corpo Místico de Cristo!

Sociedade e Corpo Místico são, porém, uma só realidade, como explica a Lúmen gentium: “A sociedade provida de órgãos hierárquicos e o Corpo Místico de Cristo, a assembléia visível e a comunidade espiritual,a Igreja terrestre e a Igreja enriquecida de bens celestes, não devem ser consideradas duas coisas, mas uma só realidade complexa, em que se fundem o elemento divino e o humano”.

A Igreja é o Corpo Místico de Cristo.

Eu sou membro desse Corpo.

Que representa isto para mim?

Sei que no corpo humano cada parte tem uma função a realizar: os olhos, ver; o ouvido, ouvir; a mão, apanhar; o coração, impulsionar o sangue. Há no Corpo Místico de Cristo uma função que me esteja designada? Todos sabemos que a resposta a esta pergunta é sim.

Fonte: A Fé Explicada

Veja:

Nenhum comentário:

Postar um comentário