Por São Tomás de Aquino
Creio na Ressurreição da Carne
O Espírito Santo não só santifica as almas dos que pertencem à Igreja, mas também pelo seu poder ressuscitará os corpos. Lê-se: Aquele que ressuscitou dos mortos a Jesus Cristo (Rom 4,24); e: Porque a morte veio por um homem, por um homem também virá a ressurreição dos mortos (1 Cor 15,21).
Por isso nós cremos, conforme a nossa fé, na futura ressurreição dos mortos.
Quatro considerações devem ser feitas acerca desse assunto:
- Primeiro: quanto à utilidade da fé na ressurreição dos mortos; segundo: quanto às qualidades dos que ressurgirão, referentes a todos; terceiro: quanto à ressurreição dos bons; quarto: quanto à ressurreição dos maus.
*No tocante à primeira consideração, - Quanto à utilidade de fé na ressurreição - a fé e a esperança na ressurreição nos são úteis por quatro motivos:
Primeiro, para afastarem as tristezas causadas pela morte. É realmente impossível que alguém não se entristeça pela morte de um ente caro. Mas como tem esperança na sua futura ressurreição, a dor provinda de sua morte fica bastante atenuada. Lê-se: Não queremos que ignoreis, irmãos, as coisas sobre os mortos, para que não vos entristeçais, como os outros que não têm esperança (1 Tes 4,13).
Segundo, porque afastaram o temor da morte. Se o homem não tivesse esperança em uma vida melhor após a morte, sem dúvida esta seria muito temível, e, preferiria ele praticar qualquer mal para evitar a morte. Como nós acreditamos que há uma vida melhor, à qual chegaremos após a morte, nos é patente que ninguém deve temer a morte, nem fazer algum mal por temê-la. Lê-se: Para que pela morte (de Cristo) fosse destruído aquele que tinha poder sobre a morte, isto é, o diabo; e libertados os que pelo temor da morte estavam por toda a vida na servidão (Heb 2,14,15).
Terceiro, porque nos fazem solícitos e cuidadosos na prática do bem. Se a vida humana se limitasse a esta que aqui vivemos, não haveria entre os homens muita solicitude para praticarem o bem; porque tudo o que fizessem seria considerado pouca coisa, pois o seu desejo não é dirigido para um tempo limitado, mas para a eternidade. Como, porém, acreditamos que, pelo que aqui fazemos, receberemos, na ressurreição, bens eternos, esforçamo-nos para agir bem. Lê-se: Se somente para esta vida estamos esperando em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Cor 15,19).
Quarto, porque nos afastam do mal. Assim como a esperança do prêmio conduz à prática do bem, do mesmo modo o temor da pena, que cremos então reservada para os maus, nos afasta do mal. Lê-se: E levantar-se-ão os que fizeram o bem, para a ressurreição da vida; os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação (J o 5,29).
*Quanto à segunda consideração, isto é, a respeito dos efeitos da ressurreição para todos os homens, quatro deles devem ser apontados:
O primeiro, com relação à identidade dos corpos que ressurgirão: o mesmo corpo que existe agora, quer quanto à carne, quer quanto aos ossos, ressurgirá . Apesar de alguns dizerem que este corpo que agora se corrompe não ressurgirá, o Apóstolo afirma o contrário: Convém que este corpo corruptível seja revestido da incorrupção (1 Cor 15,33). Em outro lugar encontra-se escrito na Sagrada Escritura que este mesmo corpo ressurgirá para a vida: Novamente serei revestido da minha pele, e, na minha carne, verei o meu Deus (Job 19,26).
O segundo efeito da ressurreição refere-se à qualidade, porque os corpos ressurgidos terão outra qualidade que o atual, já que os corpos dos bons e dos maus serão incorruptíveis. Os corpos dos bons estarão na glória para sempre; os dos maus, porém, para que por eles sejam punidos, na pena etema. Lê-se: Convém que este corpo corruptível seja revestido da incorrupção, e que este corpo mortal seja revertido da imortalidade (1 Cor 15,53). Porque os corpos serão incorruptíveis e imortais, não terão necessidade de alimento, nem usarão do sexo. Lê-se: na ressurreição nem os homens terão mulheres, nem as mulheres terão maridos,· mas serão como Anjos de Deus no Céu (Mt 22,30). Nesta verdade de fé não acreditam nem os Judeus, nem os Maometanos. Lê-se ainda: Os que desceram aos infernos ... não voltarão mais à sua casa (Job 7,10). (64)
O terceiro efeito refere-se à integridade, porque os bons e os maus ressurgirão em toda integridade da perfeição corpórea do homem: não haverá cego, nem coxo, nem ninguém com outro qualquer defeito. Escreve o Apóstolo que os mortos ressurgirão incorruptíveis (1 Cor 15,52) para significar que eles não sofrerão mais as corrupções atuais.
O quarto efeito refere-se à idade, porque todos ressurgirão na idade perfeita, nos trinta e dois anos. A razão disto é que, os que ainda não atingiram esta idade, não chegaram à idade perfeita, e, os velhos, já a ultrapassaram. Eis porque aos jovens e às crianças será acrescido o que falta, e, aos velhos, restituído. Lê-se: Até que cheguemos todos ... ao homem perfeito, na medida da plenitude da idade de Cristo (Ef 4,13).
*Quanto à terceira consideração, é de se saber que os bons receberão uma glória especial, porque os santos terão os seus corpos glorificados por quatro qualidades :
A primeira, é a claridade. Lê-se: Os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai(Mt 13,43);
A segunda, é a impassibilidade. Lê-se: É semeado na ignorância, ressurgirá na glória (1 Cor 15,43); e: Deus tirará toda lágrima dos seus olhos; não haverá mais morte, nem luto, nem gemidos, nem dor (Ap 21,4);
A terceira, é a agilidade. Lê-se: Os justos resplandecerão, e passarão pela palha como centelhas (Sab 3,7);
A quarta, é a sutileza. Lê-se: É semeado no corpo animal que ressurgirá em corpo espiritual (1 Cor 15,44). Não se queira entender isso como se todo corpo se transformasse em espírito, mas que estará totalmente submisso ao espírito.
*Quanto à quarta consideração, isto é, com referência à condição dos condenados, esta é contrária à dos beatificados, porque aqueles sofrerão a pena eterna. Os seus corpos possuirão quatro qualidades más.
Serão obscuros, conforme se lê: Os seus rostos serão como fisionomias inflamadas (Is 13,8)
Serão passíveis, mas jamais corrompidos, pois arderão para sempre no fogo e nunca serão consumidos. Lê-se: Os vermes nunca morrerão nos seus corpos, e o fogo neles nunca se extinguirá (Is 66,24).
Serão pesados, porque as almas estarão como que acorrentadas. Lê-se: Para prender os seus reis com grilhões (SI 149,8). Finalmente, os corpos e as almas serão, de certo modo, carnais. Lê-se: Os animais apodrecerão nos seus excrementos (Jl 1,17).
Segundo, porque afastaram o temor da morte. Se o homem não tivesse esperança em uma vida melhor após a morte, sem dúvida esta seria muito temível, e, preferiria ele praticar qualquer mal para evitar a morte. Como nós acreditamos que há uma vida melhor, à qual chegaremos após a morte, nos é patente que ninguém deve temer a morte, nem fazer algum mal por temê-la. Lê-se: Para que pela morte (de Cristo) fosse destruído aquele que tinha poder sobre a morte, isto é, o diabo; e libertados os que pelo temor da morte estavam por toda a vida na servidão (Heb 2,14,15).
Terceiro, porque nos fazem solícitos e cuidadosos na prática do bem. Se a vida humana se limitasse a esta que aqui vivemos, não haveria entre os homens muita solicitude para praticarem o bem; porque tudo o que fizessem seria considerado pouca coisa, pois o seu desejo não é dirigido para um tempo limitado, mas para a eternidade. Como, porém, acreditamos que, pelo que aqui fazemos, receberemos, na ressurreição, bens eternos, esforçamo-nos para agir bem. Lê-se: Se somente para esta vida estamos esperando em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Cor 15,19).
Quarto, porque nos afastam do mal. Assim como a esperança do prêmio conduz à prática do bem, do mesmo modo o temor da pena, que cremos então reservada para os maus, nos afasta do mal. Lê-se: E levantar-se-ão os que fizeram o bem, para a ressurreição da vida; os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação (J o 5,29).
*Quanto à segunda consideração, isto é, a respeito dos efeitos da ressurreição para todos os homens, quatro deles devem ser apontados:
O primeiro, com relação à identidade dos corpos que ressurgirão: o mesmo corpo que existe agora, quer quanto à carne, quer quanto aos ossos, ressurgirá . Apesar de alguns dizerem que este corpo que agora se corrompe não ressurgirá, o Apóstolo afirma o contrário: Convém que este corpo corruptível seja revestido da incorrupção (1 Cor 15,33). Em outro lugar encontra-se escrito na Sagrada Escritura que este mesmo corpo ressurgirá para a vida: Novamente serei revestido da minha pele, e, na minha carne, verei o meu Deus (Job 19,26).
O segundo efeito da ressurreição refere-se à qualidade, porque os corpos ressurgidos terão outra qualidade que o atual, já que os corpos dos bons e dos maus serão incorruptíveis. Os corpos dos bons estarão na glória para sempre; os dos maus, porém, para que por eles sejam punidos, na pena etema. Lê-se: Convém que este corpo corruptível seja revestido da incorrupção, e que este corpo mortal seja revertido da imortalidade (1 Cor 15,53). Porque os corpos serão incorruptíveis e imortais, não terão necessidade de alimento, nem usarão do sexo. Lê-se: na ressurreição nem os homens terão mulheres, nem as mulheres terão maridos,· mas serão como Anjos de Deus no Céu (Mt 22,30). Nesta verdade de fé não acreditam nem os Judeus, nem os Maometanos. Lê-se ainda: Os que desceram aos infernos ... não voltarão mais à sua casa (Job 7,10). (64)
O terceiro efeito refere-se à integridade, porque os bons e os maus ressurgirão em toda integridade da perfeição corpórea do homem: não haverá cego, nem coxo, nem ninguém com outro qualquer defeito. Escreve o Apóstolo que os mortos ressurgirão incorruptíveis (1 Cor 15,52) para significar que eles não sofrerão mais as corrupções atuais.
O quarto efeito refere-se à idade, porque todos ressurgirão na idade perfeita, nos trinta e dois anos. A razão disto é que, os que ainda não atingiram esta idade, não chegaram à idade perfeita, e, os velhos, já a ultrapassaram. Eis porque aos jovens e às crianças será acrescido o que falta, e, aos velhos, restituído. Lê-se: Até que cheguemos todos ... ao homem perfeito, na medida da plenitude da idade de Cristo (Ef 4,13).
*Quanto à terceira consideração, é de se saber que os bons receberão uma glória especial, porque os santos terão os seus corpos glorificados por quatro qualidades :
A primeira, é a claridade. Lê-se: Os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai(Mt 13,43);
A segunda, é a impassibilidade. Lê-se: É semeado na ignorância, ressurgirá na glória (1 Cor 15,43); e: Deus tirará toda lágrima dos seus olhos; não haverá mais morte, nem luto, nem gemidos, nem dor (Ap 21,4);
A terceira, é a agilidade. Lê-se: Os justos resplandecerão, e passarão pela palha como centelhas (Sab 3,7);
A quarta, é a sutileza. Lê-se: É semeado no corpo animal que ressurgirá em corpo espiritual (1 Cor 15,44). Não se queira entender isso como se todo corpo se transformasse em espírito, mas que estará totalmente submisso ao espírito.
*Quanto à quarta consideração, isto é, com referência à condição dos condenados, esta é contrária à dos beatificados, porque aqueles sofrerão a pena eterna. Os seus corpos possuirão quatro qualidades más.
Serão obscuros, conforme se lê: Os seus rostos serão como fisionomias inflamadas (Is 13,8)
Serão passíveis, mas jamais corrompidos, pois arderão para sempre no fogo e nunca serão consumidos. Lê-se: Os vermes nunca morrerão nos seus corpos, e o fogo neles nunca se extinguirá (Is 66,24).
Serão pesados, porque as almas estarão como que acorrentadas. Lê-se: Para prender os seus reis com grilhões (SI 149,8). Finalmente, os corpos e as almas serão, de certo modo, carnais. Lê-se: Os animais apodrecerão nos seus excrementos (Jl 1,17).
Veja:
- Sobre a Fé
1 - Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra
2 - Creio em Jesus Cristo, Seu Filho Único, Nosso Senhor
3 - Foi concebido do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria
4 - Padeceu sob o Poder de Pôncio Pilatos, foi Crucificado, Morto e Sepultado
5 - Desceu aos Infernos ao Terceiro dia Ressurgiu dos Mortos
6 - Subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso
7 - Donde há de vir julgar os vivos e os mortos
8 - Creio na Santa Igreja Católica
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