sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cristo é Deus - A Vida



Por Thiamer Toth

O Evangelho conta um episódio emocionante: a profissão de fé do centurião. É o chefe encarregado de crucificar Cristo.

No palácio de Pilatos teve ocasião de ouvir as respostas de Cristo, observar sua atitude e admirar sua imponência; depois acompanhou a sangrenta Via-Sacra, assistiu à agonia da Cruz por três horas e escutou as sate palavras de Cristo. Finalmente observando o céu se escurecer e a terra tremer no momento da morte de Cristo, corajosamente exclamou: "verdadeiramente, este homem era Fllho de Deus!' (Mt 27, 54).

O brado do centurião no Calvário foi o primeiro Credo ouvido no mundo. A primeira profissão de fé brotou dos lábios de um pagão. Só tinha conhecido as últimas horas da Cristo, bastaram para o reconhecimento. Mas nós sabemos muito mais; conhecemos toda a vida publica de Jesus. Quem medita as palavras, os milagres, o carater e a personalidade de Cristo nos Evangelhos, poderá professar como o centurião: Cristo é verdadeiramente Filho de Deus.

Agora, tentarei apresentar o caráter e a personalidade de Cristo, não será tarefa fácil, contudo como bastou ao centurião apenas algumas horas, espero poder contribuir para aprofundar a fé em alguns pontos deste inesgotável tesouro. As numerosas contradições que encontramos na vida de Cristo, só podem ser explicadas recorrendo a dupla natureza: a divina e a humana.

No presépio nasce uma criança, como já tinha acontecido milhares de vezes, o céu se abre e os anjos cantam. Quarenta dias depois do nascimento, é apresentando no templo, como faziam normalmente todas as mães; um ancião toma—0 nos braços e anuncia que a sorte das nações depende dessa criança. Faminto e sedento percorre os caminhos da Palestina, não possui onde reclinar a cabeça, porém cura cegos com simples palavras, alimenta cinco mil com alguns pães.

Quando esté cansado, dorme igual a todos, entretanto quando se levanta acalma a tempestade. No monte das Oliveiras fica angustiado, chegando a suar sangue, contudo, quando os soldados chegam, caem por terra diante de seu olhar. Morre na Cruz como malfeitor, desprezado pelo mundo, no entanto, a terra treme, o sol se esconde e o centurião proclama que era verdadeiro Deus.

Quem é este Cristo?

Considerando o carater, a personalidade e o espírito do Senhor, imediatamente percebem-se duas particularidades não encontradas em ninguém, e que demonstram sua divindade: a ausência de qualquer pecado e a presença de todas as virtudes.

As autoridades judaicas, obcecadas pelo ódio, continuamente espionavam, seguiam-lhe os passos e faziam perguntas insidiosas tentando captar algo que pudessem usar para acusá-lo; apesar disso, Jesus pôde exclamar: Quem de vós me acusará de pecado? (Jo 8, 46).

Quando os inimigos o entregaram a Pilatos desejando a crucificação, o governador depois do interrogatório respondeu: Não encontro nele nenhum motivo de condenação (Jo 18, 38). Depois, não encontrando outra saída, covardemente diz: Sou inocente do sangue deste homem (Mt 27, 24).

A esposa de Pilatos, Cláudia, também testemunha a inocência de Jesus: Nada faças a esse justo (Mt 27, 19). Outro testemunho importante, Judas depois de ouvir a consciência, vai devolver as moedas, dizendo: Pequei, entregando o sangue de um justo (Mt 27, 4).

Quando Pedro cura o paralítico na porta do templo, lança ao povo admirado o crime da crucificação, dizendo: vós renegastes o Santo e o Justo (At 3, 14). Escreve nas epístolas: Cordeiro imaculado e sem defeito algum (1Pd 1, 19), Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca (1Pd 2, 22).

Analogamente, São João escreve: Se sabeis que ele é justo, reconhecei que todo aquele que pratica a justiça nasceu dele (1 J0 2, 29). São Paulo afirma: Passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado (Hb 4, 15).

Se Cristo não é Deus, estamos diante de um problema insolúvel. É comum, estudando as grandes personalidades da história, encontrar nelas enorme número de fraquezas, carências e pecado, isso não acontece com Cristo. Os apóstolos conviveram, caminharam com Jesus; no horto das oliveiras, cansados, dormiram, alguns estiveram presentes no martirio do Gólgota; mesmo depois da Paixão e morte, do grito do abandono na Cruz, do sepulcro selado, da ruína humana, ainda assim, consideram-no Deus.

Quem poderá decifrar esse enígma?

Esse fato só pode ser explicado pela personalidade fascinante e atraente de Cristo. Quantas pesquisas, esforços e tentativas faz Leonardo da Vinci procurando o rosto perfeito de Cristo em sua 0bra: A Última Ceia. Não há nenhum artista capaz de pintar o rosto de Cristo, por onde o Deus eterno olha; como não existe escritor capaz de apresentar plenamente a personalidade de Cristo.

Contentemo-nos com um pequeno esboço.

Certa ocasião proferiu palavras tão sublimes, tão inacessíveis, que podamos meditá-las por horas e horas: Vinde a mim, vós todos que estais aflitos, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei a minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas (Mt 11,28-29).

Como Cristo foi afável! Como amou as crianças! Como amou os inimigosl Não recusou o beijo de Judas! Com mansidão olhou para Pedro que o tinha negado! Com equilíbrio falou com o servo que esbofeteou! Na Cruz intercedeu pelos inimigos! São Pedro com razão escreve: Quando injuriado, não revidava; ao sofrer não ameaçava, antes, punha a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça (1 Pd 2, 23).

Como foi humiIde! O Criador de tudo contenta-se com a gruta e a manjedoura! As raposas tem suas tocas e a aves seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça (Mt 8, 20)

Recomenda aos discípulos: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão. (Mt 20, 25·28).

Na última ceia demonstra o sinal mais espantoso de humildade, o Filho de Deus se ajoelha e lava os pés dos discípulos.

Venham a mim todos! É o grito de amor de Cristo.

Não é por acaso que o cristianismo é a religião do amor. Seu fundador não somente pregou o amor: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Mt 22, 39); como exigiu o amor: Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. ( Jo 14, 34-35); e praticou-o plenamente: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos (Jo 15, 13).

A morte na cruz foi a manifestação desse amor incomparável. A cruz ensanguentada, levantada no Gólgota ensina o que é amor.

Aquele qua estuda as características de Cristo e, apesar disso, não reconhece a divindade, permanecerá sempre diante de um mistério incompreensível. Não entenderá o amor sem limites pela humanidade ingrata; não compreenderá o amor pelos pecadores. Por isso, aceitamos Jesus como um problema sem solução ou declaramos como Sào Pedro: Nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus’!

Quem é Cristo?

Fornecemos nos capitulos anteriores vários aspectos, contudo ainda não demos a resposta definitiva e nunca todos aceitarão a verdade, para isso é necessária a fé; a razão deve ultrapassar os fatos e dar o último passo; reconhecer Deus como os apóstolos ou ficar escandalizado como Caifás.

Não há outra porta: Cristo é Deus ou um gênio que excede todos os limites da loucura, o maior megalomaníaco da história. Não é preciso ser cristão para perceber a impossibilidade da segunda hipótese; basta conhecer o ser humano, possuir um pouco de psicologia para admirar o carater perfeitamente harmonioso de Cristo.

Em um romance, Gardonyl conta um diálogo entre dois religiosos. O velho frei Sicardo e o jovem frei João estavam caminhando, quando o ancião comentou: vê aquele bêbado, parece ser livre, mas na realidade é escravo do álcool. Pouco depois, nota alguns homens apegados aos bens: Repare como são escravos do dinheiro. A seguir, nota três nobres: Estes são escravos do luxo. O jovem monge espantado pergunta: E nós somos escravos também? Responde o idoso frade: Sim! Os monges são escravos de Deus.

A verdade é que todos neste mundo são escravos. Muitos são escravos do dinheiro, outros do sexo e assim por diante. Como somos todos servos, então que sejamos do Senhor dos senhores, o Rei dos reis; que Jesus Cristo seja Nosso Senhor!

Fonte: Quem é Cristo - Thiamer Toth

Veja mais:

1 - Cristo e o Homem
2 - Como devemos olhar para Cristo
3 - Quem é Cristo?
4 - Cristo e suas palavras
5 - Cristo e suas obras

Depois veremos: Cristo é Deus - A História

Nenhum comentário:

Postar um comentário