Por Georges Suffert
1 - Introdução
2- Jesus ou Aquele que precedeu a Igreja
3- A estratégia inicial dos Apóstolos
4- A Igreja de Jerusalém: Ascensão e Queda
5 -A Irrupção de Paulo
"É sem dúvida a partir de 49 que os apóstolos vêem a crise.
Paulo e Barnabé estão de volta a Antioquia quando ocorre um primeiro incidente. Admite-se, nos fatos, que os não-judeus convertidos não são obrigados a observar as práticas religiosas judaicas. Lembremo-nos da declaração de Pedro no batismo do centurião Cornélio. É o caso de Tito, que acompanha os dois apóstolos desde uma das novas comunidades da Ásia. Apressam-se em batizá-lo.
Ora, alguns judeus vindos da Judéia, ao contrário, exigem que Tito e os demais não-judeus convertidos sejam circuncidados. Por que essa súbita ruptura da regra aceita? Aqui, é necessário prestar atenção às datas: a tensão política entre os judeus e os romanos agora é palpável.
Os homens que preparam a revolta não desejam que os cristãos - que eles consideram uma seita judaica - se afastem do campo de batalha. Ora, para Paulo, "apóstolo dos gentios"e Barnabé, a Igreja não deve se solidarizar com o destino político de Israel.
O debate sem dúvida foi brutal, uma vez que dividiu as duas comunidades de Antióquia, a dos judeus-cristãos e a dos helenistas. Fica decidido que Paulo, Barnabé e Tito irão a Jerusalém. Em Antióquia, as pessoas querem saber se a comunidade de Jerusalém - ou seja, a comunidade-mãe - apóia os procedimentos dos judeus desconhecidos.
O primeiro concílio da história da Igreja (concilium: 'reunião", "convenção" de bispos ou de fiéis) será então aberto, e nenhum dos participantes tem consciência disso. Em Jerusalém, apóstolos e anciãos se encontram. Sabe-se que alguns cristãos de origem farisaica defendem a tese da circuncisão necessária. Mas estes constituem apenas uma minoria.
Pedro, em nome dos apóstolos, dá razão a Paulo e a Barnabé. Tiago, que poderia ter sido o líder da minoria conservadora, limita-se a supervisionar a redação das conclusões. O texto aparentemente é prudente; lembra que os cristãos de todas as origens devem respeitar os princípios da antiga lei de Moisés: não se comem carnes que foram imoladas para os ídolos; não se consomem animais que foram sufocados; a fornicação permanece condenada. Mas o silêncio sobre os problemas dos ritos judaicos é a prova de que a Igreja acaba de fazer uma opção.
Por que esse encontro - conhecido pelo nome de Concílio de Jerusalém - é importante? - Por muitas razões. Primeiro, porque é o primeiro. Ele prova que, quando um debate religioso divide os cristãos, o concílio pode ser um meio apropriado para resolver as dificuldades.
Depois - como vimos -, permite o desinteresse entre a comunidade judaica e a cristã. Historicamente, os judeus continuam os primeiros; mas os segundos anunciam novos tempos.
Enfim, por sua composição, o concílio permite que pagãos (que são como oliveiras selvagens) compreendam a incipiente organização hierárquica da Igreja. Eles poderão se enxertar nesse novo tronco.
Pedro e João representam os Doze, isto é, o núcleo original.
Tiago e os velhos falam em nome da comunidade de Jerusalém.
Paulo, Barnabé e Tito são qualificados com o termo missionários; porém, os dois primeiros são apóstolos; o terceiro é um mero convertido. Mas é evidente que os que anunciam Cristo a povos desconhecidos ou pouco conhecidos têm o direito de ser ouvidos nos casos graves.
Pode-se simplificar. No centro, os apóstolos, dos quais Pedro é o representante. Veremos que serão necessários muitos séculos para que a situação e o poder do papa comecem a ser compreendidos.
Em volta dessa Igreja dos primeiros dias, duas hierarquias paralelas: primeiro, a dos anciãos; depois, a dos missionários.
Fonte: Tu és Pedro
Depois veremos: A Ruptura entre Cristãos e Judeus
Excelente Blog! Que o Pai, o Cordeiro de Deus e o Espírito Santo possam sempre iluminar este trabalho! Salve Maria!
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