quinta-feira, 6 de outubro de 2011

As Credenciais de Cristo



Por padre Leo Trese

Serão Possíveis os milagres?

Suponhamos que eu seja do tipo desconfiado. Alguém toca a campainha da minha porta e pede que o deixe entrar, apresentando-se como jornalista. Pergunto-lhe pelas credenciais, e ele mostra-me a sua carteira de repórter e a sua identidade. Mas, como percebe que ainda hesito, pede-me que telefone para o diretor do jornal em que trabalha. “Descreva·me”, diz, “e o meu chefe lhe dirá que não sou nenhum lunático”. Tomando a sua recomendação ao pé da letra, ligo para o editor, que me confirma: “Não só é um dos nossos melhores repórteres, como é o meu próprio filho”.

A não ser que eu sofra de algum distúrbio mental, terei de aceitar semelhante evidência e deixar de lado as dúvidas. Posso continuar a não ter 0 menor interesse em ser entrevistado por um jornalista, e conservo também o direito de bater-lhe com a porta na cara; mas, se estiver no uso da minha razão, não posso duvidar do fato de que realmente se trate de um repórter.

Analogamente, Cristo proclamou de maneira inequívoca que era Deus: Eu e o Pai somos um (Jo 10,30). Se examinarmos as suas credenciais, não descobriremos, quer no seu caráter, quer nos seus ensinamentos o menor vestígio das estridências que seriam inevitáveis se se tratasse de um impostor ou de um megalomaniaco. Pelo contrário, a nobreza das suas palavras e ações só reforça ainda mais a credibilidade do que afirmou a respeito de si mesmo.

No entanto, Ele quis que tivéssemos uma certeza completa que não admitisse sequer a menor sombra de dúvida; e assim, mediante os milagres que realizou, mostrou que o seu Pai respaldava a autoridade das suas palavras. Porque os milagres são algo que só Deus pode realizar, e o Deus da Verdade jamais operaria prodígios em beneficio de um charlatão; portanto, os genuinos milagres feitos pelas maõs de Cristo constituem a prova definitiva e incontestével da sua divindade.

O próprio Jesus expressou-o com toda a clareza diante dos seus inimigos, os lideres judeus: Vós dizeis: Tu blasfemas, por eu ter dito: Sou filho de Deus? Se eu não faço as obras de Meu Pai, não me acrediteis; mas, se as faço, se não quereis crer em mim, crede nas minhas nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai (Jo I0, 36-38).

Todos conhecemos muito bem os milagres narrados pelos quatro Evangelhos. Lembremo-nos de que, por enquanto, apenas os estamos considerando como documentos históricos autênticos, não como Iivros inspirados. Há a transformação da água em vinho, a multiplicação dos pães e dos peixes, as curas de leprosos, a do homem que tinha uma mão seca, as do hidrópico e do paralítico, a ressurreição da filha de Jairo, a do filho da viuva de Naim e a de Lázaro.

Estes são apenas alguns dos casos relatados, e os próprios Evangelistas nos dizem que não passam de uma pequena parcela dentre os inumeréveis milagres que Cristo realizou.

Evidentemente, não podemos considerá-los todos em detalhe; escolhamos apenas um: a cura do cego de nascença que pedia esmola na escadaria exterior do Templo. Foi um milagre especialmente irritante para os fariseus, porque teve lugar diante de uma imensa multidão, e porque todas as pessoas que frequentavam o Templo conheciam esse cego. Foi um dos milagres que os inimigos do Senhor não podiam ocultar nem explicar, e por causa disso foi um dos milagres que selaram a sua sentença de morte.

Mas, para nós, trata-se de um milagre particularmente útil, porque responde a todas as objeções que os incrédulos costumam fazer a fim de desacreditar os milagres de Cristo. Em primeiro Iugar, esse homem nascera cego; portanto, a sua cegueira tinha sido causada por alguma lesão orgânica, e não podia ser produto de uma doença nervosa; não se tratava de uma cegueira que pudesse ser curada por um forte choque emocional. Aliás, nem houve nenhum choque emocional, porque o cego nem conhecia Jesus nem lhe pediu que o curasse. O Senhor simplesmente parou junto dele, aplicou-lhe um pouco de barro nos olhos e disse-lhe que fosse lava-los na piscina de Siloé, que ficava nas imediações. Por essa pequena cerimônia, Cristo parece ter querido chamar deliberadamente a atenção para o milagre. Mesmo depois, quando os circunstantes perguntaram ao curado quem tinha sido o seu benfeitor, ele só soube dar-lhes respostas vagas: Aquele homem, que se chama Jesus.

Portanto, fica defininivameme descartada a hipótese de que poderia tratar·se de uma dessas “curas pela fe”, que efetivamente não são raras, porque se trata de curas de doenças cuja origem reside em algum tipo de perturbação emocional. Também não podemos explicar o milagre como uma ilusão por parte dos que o presenciaram: havia demasiadas testemunhas para que pudesse ter havido algum engano. E até a teoria de um “hipnotismo em massa” ou de uma “ilusao coletiva” cai por terra, porque entre essas testemunhas se encontravam alguns dos mais acirrados inimigos de Cristo, pessoas que não estavam dispostas de forma alguma a deixar-se enganar ou hipnotizar; apesar do seu odio furioso, nenhum deles procurou negar a realidade do milagre. Na sua ira e frustração, só conseguiram encontrar um pretexto para condenar a ação do Senhor: a circunstância de Ele a ter realizado num sábado, o dia reservado para o dcscanso...

O relato completo deste milagre encontra-se no capitulo nono do Evangelho de São João. Mas há ainda outro milagre, mais grandioso do que esse, mais grandioso do que qualquer outro milagre realizado por Cristo com a finalidade de provar que era Deus: o milagre da sua própria Ressurreição dentre os mortos. Ne entanto, antes de falarmos deste milagre entre todos os milagres, convëm que consideremos o testemunho que o Senhor deu de si mesmo.

Fonte: A sabedoria do Cristão

1 - O Cristão e o descrente
2 - As Razões de nossa Esperança
3 - Deus existe? do nada, nada se cria
4 - Razão, Ordem e Evolução
5 - Que é o homem? Criação ou Evolução?
6 - Imortal e Livre
7 - Como começou a Religião?
8 - Por que devo ter uma religião?
9 - Como reconhecer o dedo de Deus
10 - As credenciais de Deus

Depois veremos: Cristo proclama sua divindade




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